Prólogo
"O dinheiro não tem mais significado, quando você não tem valor."
"Presente, veja na conta."
Asia abriu a mensagem no telefone antes de travar a tela, sem dar muita atenção.
Era a mesma mensagem de sempre, recebida em aniversários, feriados ou ocasiões especiais.
Um presente recebido inúmeras vezes, que nunca se esgota, não importa quanto se use.
E, o mais importante:
Ele nem queria tanto assim.
Mesmo assim, por educação, abriu o internet banking. Após digitar a senha de desbloqueio, apareceu o valor de seis dígitos que havia sido transferido para a conta algumas horas antes.
Ele lambeu o lábio inferior, que já começava a ressecar. Não tinha planos de comprar nada e não havia nada que quisesse no momento.
Não…
Na verdade, fazia muito tempo que não havia.
Pensando nisso, fechou o celular. Mas logo surgiu outro alerta de mensagem.
Franzindo a testa, ficou ligeiramente irritado por ter que abrir e fechar novamente o aplicativo.
"Adie o prazo. Se houver algo, deixe registrado."
Ele leu, mas não respondeu. Na verdade, nem se podia chamar aquilo de comunicação; era apenas um canal para informar algo.
O homem, de pouco mais de quarenta anos, alto, que fora vendido sozinho em casa no ano passado, bocejou e se levantou. Pensou que, com a idade, talvez não precisasse mais se preocupar com certas formalidades, já que chegara a um ponto em que não precisava mais se importar com isso. Apenas isso já o fazia se sentir mais “livre” que a maioria dos homens tailandeses.
Neste aniversário, estava sozinho, como sempre. Parado, como nos anos anteriores, sentiu que não devia satisfação a ninguém nesse dia especial. Nenhuma razão precisava ser dada.
Simplesmente porque não acreditava que alguém fosse importante.
Assim como ninguém realmente é importante para alguém.
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