15 de out. de 2025

Khemjira's rescue - Capítulo 02

Aviso: Há uma cena assustadora no final do capítulo


Finalmente, a universidade deu início a um novo semestre.

Khem estava diante do espelho, admirando-se com orgulho no uniforme de calouro. Depois, colocou a bolsa de pano no ombro e saiu do quarto.

Khem levava exatamente uma hora caminhando do apartamento até a universidade. Estava tão cansado que precisou parar em uma barraca de bebidas ao lado do prédio da faculdade para comprar uma garrafa de água ainda tinha bastante tempo antes da aula.

— Não precisa de canudo, senhora. — disse Khem quando a vendedora tentou lhe entregar um de plástico. A menos que fosse um tipo biodegradável, ele evitava usar. Embora não falasse muito sobre isso, Khem se preocupava com o meio ambiente.

Enquanto abria a garrafa e dava um gole, algo chamou sua atenção o fundo de um vaso de planta estava despencando do alto.

“Droga!”

— Cuidado! 

Khem ouviu alguém gritar um aviso. Ele quis se esquivar, mas o corpo simplesmente não respondeu, como se estivesse preso no lugar. No exato momento em que o vaso estava prestes a atingir sua cabeça, alguém correu e o empurrou para o chão.

Crash!

— Aaaaaaah! — O som do vaso se espatifando e os gritos de pânico ecoaram ao redor.

— Você está bem?! — o rapaz que o salvara perguntou, visivelmente preocupado. Era um jovem de pele morena, cabelos tingidos de loiro e uma pequena faixa preta na cabeça.

Khem virou-se, pálido, encarando os cacos espalhados no chão.

— O-obrigado por me salvar. — murmurou, ainda atordoado. Mas antes que percebesse, foi puxado pelo braço.

— Espere! Pra onde você está me levando? — Khem perguntou, assustado. O outro rapaz virou-se e o encarou com uma seriedade tão intensa que Khem ficou sem reação e o seguiu sem protestar. Pararam sob uma árvore frangipani, atrás do prédio, onde não havia quase ninguém.

O rapaz olhou em volta e, então, fitou Khem nos olhos.
— Você está sendo assombrado.

“…”

— Se não fizermos nada, você com certeza vai morrer.

Khem ficou boquiaberto. Quem não ficaria, sendo abordado assim por um estranho? Mesmo assim, a curiosidade falou mais alto:
— Como você sabe disso? — perguntou, franzindo o cenho.

— Quando o vaso caiu, vi que veio do terceiro andar. E foi um fantasma quem o empurrou. — Jet respondeu com convicção.

Khem ainda relutava em acreditar, embora uma parte dele já aceitasse. As coisas que vinham acontecendo desde que chegara ali... eram difíceis de ignorar.

— Tudo bem se não acreditar — disse Jet —, só quero que tenha mais cuidado.

Khem ficou em silêncio por um instante e suspirou.
— Não é que eu não acredite… só não quero aceitar. — murmurou, mais para si mesmo. — De qualquer forma, obrigado. Se não fosse você, eu provavelmente estaria ferido.

Jet deu de ombros.
— Sem problema. Sou Jet, meu nome completo é Jetana. E o seu?

— Khem… Khemjira. — respondeu. Jet piscou algumas vezes, surpreso, e o observou de cima a baixo.

— Minha mãe me deu um nome de menina para afastar o azar. — explicou Khem, percebendo o olhar curioso de Jet. O outro riu, coçando a cabeça.

— Desculpa. É que você tem traços meio delicados, achei que fosse uma garota.

— Tudo bem. Quando eu era criança, parecia ainda mais. — Khem respondeu, sorrindo.

Jet assentiu, como se concordasse, e perguntou:
— Qual é o seu curso?

— Artes.

— O quê? Eu também! Calouro, né?

Khem arregalou os olhos e rapidamente confirmou.
— Sim… sou.

Jet riu diante da coincidência.
— Ótimo! Vamos ser amigos. Me passa seu LINE.

Khem, animado, tirou o celular e adicionou o novo amigo.

— Vamos pra aula primeiro. A gente fala sobre isso depois. — disse Jet.

Khem apenas assentiu com um sorriso contido.


A aula terminou por volta das três da tarde. Depois, Jet levou Khem até uma mesa de pedra atrás do prédio o mesmo lugar onde haviam conversado pela manhã.

— Fala sério, você já percebeu que tem um monte de fantasmas te seguindo? — Jet foi direto ao ponto.

Antes, ele havia sugerido que falassem de modo mais informal, usando “eu” e “você” sem tanta formalidade. Khem concordou, mas preferia manter o jeito educado de se dirigir aos outros.

— Não sei… — respondeu hesitante, mas às vezes sinto como se não estivesse sozinho.

“…”

— E ultimamente, em qualquer lugar que eu vá, vejo coisas estranhas.

— Fantasmas? Khem ficou de boca aberta com a franqueza de Jet, depois assentiu timidamente.

— Quer dizer que você vê espíritos em outros lugares, mas não o que está grudado nas suas costas agora? 

Khem arregalou os olhos, assustado.
— Jet, você está vendo alguma coisa?

— Sim, mas não claramente. Às vezes é uma fumaça cinzenta; outras, só uma sombra. 

“…”

— Quando te vi pela primeira vez, havia fumaça e sombra cobrindo suas costas inteiras. 

“…”

— Fala a verdade… o que você fez pra atrair isso?

Khem engoliu seco. Dizer que não fizera nada seria uma mentira parcial. No fim, contou a Jet sobre a maldição da sua família. O outro ficou em silêncio por um tempo, o que deixou Khem ansioso.

— Desculpa por não ter contado antes… — murmurou. — Se você quiser, não precisa mais ser meu amigo.

“Ah!” — Khem gritou quando Jet lhe deu um leve tapa na cabeça. O rosto dele se contraiu de confusão.

— Que bobagem. Quem deixaria de ser amigo por um motivo tão idiota? — Jet resmungou, franzindo o cenho. As palavras fizeram Khem lembrar dos velhos amigos do colégio que se afastaram dele. “Muitos me deixaram…” pensou, mas não disse nada.

— Obrigado, Jet. 

— Se eu não for seu amigo, duvido que alguém mais vá querer ser o meu. 

— Ei, isso foi fofo demais! 

— Haha! Sua cara está hilária. — Jet gargalhou. Khem fez uma careta.

— Dá pra falar sério? 

— Foi você quem desviou o assunto. Enfim… tem mesmo um monte de fantasmas grudados em você. 

Khem estremeceu.
— Ainda estão aqui?

Jet olhou em volta com expressão concentrada.
— Sim, mas estão escondidos. Não se aproximam.

Khem mordeu o lábio, sentindo o medo crescer.

— Acho que você tem algum amuleto forte, ou alguém te protege. É por isso que não conseguem te machucar. 

Khem abriu o botão do colarinho, afrouxou a gravata e tirou um pequeno amuleto do pescoço.
— Eu uso isso desde criança.

Jet se aproximou para observar, curioso, mas sem tocar.
— É um bom amuleto… mas os feitiços já perderam o efeito.

— O quê? — Khem ficou boquiaberto. — Como você sabe?

— Cresci cercado dessas coisas. — respondeu Jet com naturalidade.

Khem ficou ainda mais apreensivo. Seria por isso que vinha presenciando coisas estranhas ultimamente?

— Então o que eu faço agora? 

— Calma. Me dá seu nome completo, data de nascimento e algum objeto que use com frequência. 

— Qualquer um? 

— Exceto roupa íntima. 

Khem corou, mas percebeu que Jet falava sério. Pegou um caderno, escreveu as informações e entregou junto com um lenço branco bordado com seu nome um presente da mãe, antes de ela falecer.

— Certo. E da próxima vez, não entregue algo assim tão fácil pra qualquer um. — advertiu Jet, sério.

— Mas foi você quem pediu! 

— E se eu fosse alguém com más intenções? 

— Hã… 

— Eu só quero te alertar. Se alguém te enfeitiçar, pode ser perigoso. 

Khem empalideceu e assentiu rápido.

— Ótimo. No fim de semana, vou pra minha cidade e vou perguntar ao meu mestre se há algo que possamos fazer por você. 

— Obrigado, Jet. 

— De nada. Se você morrer, não vou ter mais ninguém pra ser meu amigo. 

Khem pegou o que estava mais perto para tentar jogar nele.
— Jet! Para de dizer isso, seu idiota! 

— Haha! Olha só, te deixei tão bravo que você até xingou! — Jet riu alto; Khem bufou.

— Não brinca assim, estou nervoso de verdade. 

— Tá bom, tá bom. Vamos comer raspadinha? Dizem que a barraca na frente da escola é ótima. 

Khem acabou cedendo, seguindo Jet feito um pintinho atrás da galinha, ainda um pouco emburrado. Achava curioso como os dois haviam se tornado tão próximos em tão pouco tempo.

Embora se conhecessem há menos de um dia, Khem sentia como se fossem amigos há muito tempo.

Agora, Khem acreditava completamente: algo o estava seguindo.

Jet dissera que, enquanto estivesse por perto, os espíritos não ousariam se aproximar, pois ele carregava amuletos protetores. Desde aquele dia, os dois estavam sempre juntos, inseparáveis. Só se separavam quando Khem voltava ao dormitório e isso não o incomodava.

Ainda assim, às vezes Khem via sombras de relance, ouvia barulhos e coisas caindo, mas tudo em um nível suportável. Para distrair-se, tentava assistir a filmes ou ler livros.

Naquela noite, ele leu até quase nove horas e então puxou a cadeira para perto do cavalete. A próxima aula seria uma avaliação prática de desenho o tema era livre: paisagens, pessoas, animais ou objetos.

Khem escolheu retrato, sua especialidade. Decidiu desenhar o rosto da mãe falecida, um tema que lhe trazia conforto.

Com um lápis 2B, ergueu-o verticalmente para medir proporções e começou a traçar linhas suaves sobre o papel.

Já desenhava o rosto da mãe há muito tempo a imagem dela estava gravada em sua mente, aquecendo-lhe o coração sempre que pensava nela. Conseguia desenhá-la de memória, sem modelo algum.

— Sinto sua falta, mãe. — murmurou com um sorriso, finalizando os últimos detalhes. Mas, de repente, o sono o dominou.

Não agora... só mais um pouco e termino.

Tentou resistir, mas as pálpebras pesaram. Em pouco tempo, adormeceu.

Quando acordou, eram mais de duas da manhã.
Olhou o relógio na parede, balançou a cabeça e se levantou para guardar o cavalete.

— Droga! 

Saltou da cadeira e recuou, batendo o quadril na mesa.

O retrato da mãe, que antes exibia um sorriso gentil, agora mostrava uma mulher com olhos totalmente negros, sem pupilas.
O sorriso delicado transformara-se em uma boca rasgada de orelha a orelha.

Rín: não tô com medo não, hahaha 

Página anterior》《Menú inicial


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por comentar!! _ (: 3 」∠) _

Por favor Leia as regras

+ Sem spam
+ Sem insultos
Seja feliz!

Volte em breve (˘ ³˘)