*Inverno*
Assim que saiu da estação, um vento frio soprou em seu rosto. O idoso ao seu lado
estremeceu e levantou a gola da camisa. Fujishima Keishi também estremeceu
ligeiramente e continuou andando rapidamente.
Já passava das sete e meia da noite, e a maioria das lojas ao redor da estação já estava
fechada. Fujishima parou em frente a uma padaria. Não havia muitos bolos sobrando,
provavelmente porque era o fim do dia.
Ele fez contato visual com a vendedora. Fujishima se afastou. Fazia mais de um ano desde
a última vez que ele visitara o Porto. O tempo em que ele comia lá quase todos os dias
parecia ter acontecido há muito tempo.
Ele se perguntou o que aconteceria se Touru não recuperasse a memória. Acabaria
administrando a padaria? Obrigou-se a parar de pensar assim. As memórias de Touru
haviam retornado. Fujishima sabia que não deveria mais remoer o passado.
Fujishima escondeu o rosto no cachecol. Saiu do shopping e seguiu em direção ao parque
próximo. Durante o verão, os bancos ficavam cheios de casais, mas agora que era
dezembro, não havia muita gente sentada ali. Depois de dez minutos de caminhada,
Fujishima chegou ao prédio. Quando abriu a porta, a luz do corredor principal ainda estava
acesa e os tênis de Touru estavam no chão. O ar-condicionado estava ligado e o ambiente
era quente e aconchegante. Fujishima olhou para a sala de estar, que ainda estava com o
casaco. Touru não estava lá.
Fujishima se refugiou em seu quarto e trocou a camisa por um cardiga escuro de mangas
compridas. Depois, foi até a cozinha para dar uma olhada. Touru também não estava lá.
Fujishima abriu a geladeira. Não parecia que Touru tivesse cozinhado nada. Seus sapatos
estavam lá, então ele devia estar em casa. O único outro lugar que restava era o quarto de
Touru. Fujishima se perguntou o que teria acontecido.
Fujishima se refugiou em seu quarto e trocou a camisa por um cardigã escuro de mangas compridas. Depois, foi até a cozinha para dar uma olhada. Touru também não estava lá. Fujishima abriu a geladeira. Não parecia que Touru tivesse cozinhado nada. Seus sapatos estavam lá, então ele devia estar em casa. O único outro lugar que restava era o quarto de Touru. Fujishima se perguntou o que teria acontecido. Arrependia-se de não ter comprado o jantar para os dois.
Nas últimas três semanas, Touru preparava café da manhã e jantar todos os dias. Certa manhã, Fujishima acordou e não viu Touru ao seu lado. A princípio, pensou que Touru tivesse se levantado para se lavar e voltaria direto para a cama. No entanto, cinco ou dez minutos se passaram e Touru ainda não havia retornado, fazendo Fujishima se perguntar o que havia acontecido. Ao abrir a porta do quarto, sentiu o cheiro de óleo de fritura. Fujishima atravessou a sala de estar e entrou na cozinha. Touru estava em pé em frente ao fogão, segurando uma frigideira. Fujishima não conseguia acreditar no que via.
Naquela manhã, comeram pão queimado e ovos de borracha juntos. Ao se sentarem para tomar o café da manhã preparado por Touru, Fujishima foi tomado por uma sensação indescritível.
Touru era um excelente cozinheiro quando perdeu a memória. Ele sempre preparava o café da manhã e o jantar. No entanto, parou de cozinhar quando recuperou a memória. Fujishima só conseguia vê-lo fervendo água, no máximo. Ele nunca o vira segurar uma faca.
Fujishima queria perguntar por que ele havia mudado de ideia daquele jeito, mas algo no comportamento de Touru naquela manhã o impediu de abrir a boca. Ele havia agradecido a Touru antes de sair para o trabalho naquela manhã. Touru não respondeu.
"Comprei uma lancheira. Achei que você ainda não tinha comido..." Não houve resposta.
"Você já comeu?"
Fujishima pressionou o ouvido na porta, esperando desesperadamente por uma resposta.
"Tanto faz. Sai daí."
Ele pensou ter ouvido uma tosse do outro lado da porta. Suas suspeitas o dominaram.
Sem hesitar, ele abriu a porta.
"Eu disse para você não entrar!"
Fujishima acendeu a luz. Touru estava coberto de cobertores, tremendo. Ele foi para o lado, mas Touru puxou o cobertor sobre sua cabeça.
Há quanto tempo você está doente?
Touru não respondeu. Havia um termômetro e um remédio para tosse em seu criado-mudo.
"... Tem alguma coisa que você quer comer? Vou comprar para você."
"Estou bem. Sai", disse Touru, com a cabeça ainda enterrada no cobertor. "Vou ficar bem só de dormir. Está tudo bem. Sai. Sai..."
Touru terminou sua frase com um ataque de tosse.
"Sair..."
Cada vez que ele falava, sua voz ficava mais fraca.
"... Eu não quero infectar você."
"Tudo bem."
"Sem problemas!"
O cobertor se move e Touru sai.
"Vocês estão doentes e fracos. Toquem em vocês e vocês ficarão doentes."
De repente, sua mente voltou aos dias em que ele ficou de cama com um resfriado.
"Vai ficar tudo bem logo..."
"Fiquei de cama por dois dias."
O progresso é bastante tenso.
"Pense por que precisamos comer vegetais todos os dias. Porque ouvimos dizer que vegetais ajudam a prevenir doenças. Então..."
Touru parecia prestes a se afogar em lágrimas, mas puxou o cobertor sobre a cabeça.
Fujishima sentiu-se um pouco desolado ao ver a figura de Touru sob o cobertor.
Ele não queria deixá-lo agora. Queria ficar com ele até de manhã. Queria dormir ao seu lado, mantê-lo aquecido. Não sabia bem o que fazer. Touru não o queria ali.
Fujishima se levantou e tirou o cardigã de mangas compridas e a calça. Tirou a cueca e ficou ali, nu, ao lado da cama. Touru espiou por baixo das cobertas, mas Fujishima percebeu sua surpresa.
Que diabos você está fazendo?
"Estou esperando você me deixar ir para a cama. Não vou me vestir."
"Você vai pegar um resfriado se ficar aí parado, pelado."
Touru colocou o cobertor sobre Fujishima.
"Vista-se. Não seja idiota."
Fujishima o ignorou. Deitou-se na cama, abraçando Touru. Puxou o cobertor sobre os dois.
Ele podia sentir os músculos de Touru começando a relaxar.
Fujishima pensou muito naquela noite fria. Ele se perguntou quantas vezes se apaixonaria por aquele jovem. Ele amava Touru quando perdeu a memória. Ele amava Touru agora. Eles eram tão diferentes, mas ele amava os dois.
"...Está quentinho", sussurrou Touru. Fujishima ficou extremamente feliz por estar mantendo Touru aquecido. Ele esfregou a cabeça enterrada em seu peito.
Qualquer coisa que ele pudesse fazer por Touru o deixaria feliz. Ele queria que Touru entendesse isso.
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