Capítulo 03
“Ele te chamou?”
“Para de ficar tenso!” — Ayan suspirou, tentando aliviar o clima. — “Se tivesse segurado mais um pouco, teria se dado bem, cara. Não fica de mau humor só porque foi apressado demais.”
“Ei!”
O olhar de quem foi provocado desviou pela janela da sala de aula, fixando-se lá fora.
Seus olhos refletiam a luz branca que entrava, e entre o movimento de alunos no pátio, uma garota se destacava.
Seu corpo tinha uma leveza natural cabelo preso, uniforme bem passado o tipo de presença que atraía atenção até dos mais distraídos.
Mas Akk apenas a observava de longe, sem intenção de se aproximar.
Não que não quisesse mas porque sabia que não havia espaço para isso agora.
“Se o carro deu problema, pede pro teu pai te buscar, pô. Não vai lá sozinha, menina.”
Foi o que ouviu alguém dizer atrás.
Akk sabia que se distrair assim não fazia bem.
Mas, sinceramente, era melhor deixar os olhos vagando pela figura da professora de História na frente da sala do que encarar de novo aquele maluco do Ayan.
Durante toda a semana, se não fosse por essa distração ocasional, ele já teria enlouquecido.
A tensão dentro da sala vinha se acumulando e ele se repetia, dia após dia, que precisava aguentar.
Só mais um pouco. Um minuto de cada vez.
Diferente da maioria dos alunos, Ayan não se misturava.
Não ia à cantina, não ficava com o grupo na fila da manhã, não participava das conversas aleatórias no intervalo.
Preferia ficar sozinho na biblioteca, almoçar tarde, comprar comida em um pequeno restaurante afastado, onde quase ninguém ia.
Não era antissocial mas tampouco era próximo de ninguém.
Falava com todos, mas se mantinha fora de qualquer vínculo.
Ainda assim, ele conseguia conversar com qualquer pessoa, até mesmo com Akk, que costumava evitar contato.
Era isso que o deixava tão... desconcertante.
Mesmo em uma sala onde os alunos eram competitivos, Akk tinha certeza:
ninguém ali vinha de um lugar tão estranho, tão fechado quanto Ayan.
E, no fundo, talvez fosse isso que o tornava tão difícil de ignorar.
O representante de turma tentava se aproximar, puxar assunto, organizar as tarefas em grupo mas Ayan mantinha distância.
Enquanto isso, Khan, o amigo barulhento de Akk, sempre o observava com desconfiança.
“Tá de olho nele?” — perguntava, em tom de brincadeira.
Akk respondia:
“Tenho que fazer o trabalho de inspetor, não é?”
Mas sabia que era mais que isso.
A verdade era que ele o observava o tempo todo — não por obrigação, mas por... instinto.
Como se Ayan fosse um enigma perigoso que, a qualquer momento, poderia se mover.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar!! _ (: 3 」∠) _
Por favor Leia as regras
+ Sem spam
+ Sem insultos
Seja feliz!
Volte em breve (˘ ³˘)