15 de out. de 2025

WUAHIWM - Capítulo 28

Capítulo 28 

“Poderiam comentar um pouco sobre a relação de vocês com o senhor Wang...?” ainda havia jornalistas que se recusavam a desistir, aproveitando uma brecha para perguntar “E também, o que foi aquilo com o casaco?”

Gu Yanzhou fez questão de parar para ouvir o repórter terminar, e depois, como se fosse mesmo responder à pergunta, disse com a maior seriedade:
— A produção de Máscara investiu pesado desta vez. Cenários e figurinos são todos de design original. Nosso objetivo é alcançar o máximo de fidelidade.

Shao Si completou:
— Nas duas semanas antes das filmagens, não entramos em cena. Ficamos estudando o conteúdo técnico. Eu, por exemplo, quase não conhecia nada sobre ópera tradicional o pouco que sabia era só pra passar na audição, e não servia de verdade. Só quando entrei em contato percebi que o Jingju é realmente uma arte profunda. Se tiverem tempo, vocês deveriam divulgar mais nossa cultura nacional.

— Então Mask concluiu Gu Yanzhou, entregando o microfone a Shao Si vale a pena ser esperada.

Shao Si assentiu:
— Sim, vale mesmo.

Seguiu-se um silêncio constrangedor.

Logo depois, algumas redações começaram a cochichar entre si:
— Ei, como vocês vão escrever essa matéria?
— Não sei. Avisei meu chefe, mas ainda não recebi instruções. E o pessoal da Frente de Entretenimento?
— Também estamos no escuro. Pergunta ali pro pessoal do Mundo das Estrelas.

O repórter do Mundo das Estrelas, que carregava uma câmera enorme, parecia à beira das lágrimas:
— Estamos ao vivo...

Mas não tiveram tempo de continuar o dilema, porque o diretor Ou apareceu furioso, acompanhado por sua equipe.

À frente vinha um senhor baixo e atarracado, pedalando uma bicicleta. De longe, já gritava:
— O que é isso aqui, hã?! Se acham no direito de fazer bagunça no meu território?! Todo mundo pra fora! Tô falando com você aí fecha essa porcaria de transmissão ao vivo agora!

Ele ainda levantou um dedo, ameaçando:
— Cuidado, tenho dezoito seguranças comigo! Faço vocês perderem o rumo!

Assim que o diretor Ou chegou, os jornalistas se dispersaram feito um bando de pássaros assustados.

Chen Yang, que tinha ligado para ele minutos antes, suspirou de alívio ao vê-lo.
Li Guangzong, que nunca o tinha visto pessoalmente mesmo nas audições ficava só esperando do lado de fora arregalou os olhos:
— Q-que sujeito... peculiar...

Gu Yanzhou deu um passo à frente e o cumprimentou educadamente:
— Diretor Ou.
Shao Si o acompanhou:
— Diretor Ou, olá.

O velho estacionou a bicicleta e acenou animado:
— Bom, bom! Tenho é que agradecer a vocês dois! Fizeram uma baita propaganda gratuita pra nossa série!

Disse isso enquanto se aproximava.

Gu Yanzhou respondeu com calma:
— O senhor é muito gentil. De qualquer forma, acabamos causando transtorno ao grupo. Pedimos desculpas.

Shao Si, porém, estava mais interessado na “equipe de seguranças” atrás do diretor. Nunca tinha visto um cineasta chegar escoltado assim e murmurou baixo:
— ...Isso é produção de filme ou de máfia?

— Que ideia é essa? Gu Yanzhou, que estava perto o suficiente para ouvir, deu um leve peteleco na testa dele. — São figurantes.

Shao Si desviou a cabeça:
— Ei! Para de me bater.

Em vez de tirar a mão, Gu Yanzhou bagunçou o cabelo dele com força.

Shao Si franziu os lábios, mas deixou pra lá.

Figurantes, ele dizia...
Mas que tipo de figurante era tão comprometido?
De um lado “Dragão Azul”, do outro “Tigre Branco” todos de colete preto sob paletós, com cara de brutamontes.

— Mas hoje não temos gravação observou Shao Si. — Achei que íamos ficar em treinamento fechado.

Li Guangzong coçou a cabeça:
— Também queria saber disso.

Depois de algumas palavras rápidas, o diretor Ou disse:

— Tudo bem, continuem em frente. Mais tarde nos encontramos na entrada do hall.

Eles não poderiam simplesmente pegar o carro da produção e esperar. O estúdio era enorme, e ir até lá de carro levaria tempo sem contar que o diretor já era de idade avançada.

A ideia inicial veio de Gu Yanzhou: ele sugeriu que Ou usasse seu carro, enquanto ele mesmo iria de bicicleta.

Chen Yang discordou:
— Melhor eu ir de bicicleta. Yanzhou, você vai no carro com o diretor.

Gu Yanzhou retrucou:
— Que excesso de gentileza.

Chen Yang havia trabalhado a noite toda e quase não dormira.

Li Guangzong, admirador de Gu Yanzhou, aprovou mentalmente: “Bonito, talentoso e generoso”. Então, sem piedade, empurrou Shao Si:
— Rápido! Pegue a bicicleta! Mostre respeito aos mais velhos, por que ainda está aí parado?

Duas vans partiram, deixando apenas Shao Si e Gu Yanzhou disputando a velha bicicleta.

Shao Si olhou ao redor, impaciente:
— Que tal jogar pedra-papel-tesoura? Quem perder vai atrás.

A bicicleta era velha e sem assento, apenas com duas pequenas plataformas de apoio sobre a roda traseira.

Gu Yanzhou avaliou Shao Si de cima a baixo:
— Pedra-papel-tesoura?

— Que olhar é esse? Shao Si retrucou. — Quer brigar então?

Shao Si lançou “pedra”, Gu Yanzhou respondeu sem hesitar com “papel”.

Shao Si olhou incrédulo para o gesto previsível de Gu Yanzhou:
— Como você sabia que eu ia escolher pedra?

— ganhei — respondeu Gu Yanzhou, empurrando a bicicleta alguns passos. — Achei que você não ia trocar de gesto. E realmente, você não trocou.

Shao Si ficou sem resposta.

Li Guangzong e Chen Yang os observavam como duas pedras no hall do estúdio, esperando os dois “senhores de bicicleta” se aproximarem.

— Já se passaram dois minutos e eles ainda não chegaram — murmurou Chen Yang.

— Será que encontraram paparazzi pelo caminho? — respondeu Li Guangzong.

Após um momento de silêncio, perceberam:
— Essa bicicleta tem assento?

Não. Não havia assento.

Shao Si, equilibrando-se precariamente nas plataformas traseiras, confirmou silenciosamente. Ele segurava Gu Yanzhou pelos ombros, o vento cortava frio, entrando pela roupa, fazendo-o tremer.

— Falta muito? — reclamou, cansado, e o jeito que estava era ridículo.

Se inclinou perto do ouvido de Gu Yanzhou:
— Podemos trocar de posição um pouco?

— Sem chance, apostou, agora aguenta — respondeu Gu Yanzhou.

— Só um pouco...

— Não quero parecer idiota lá atrás — disse Gu Yanzhou.

— Está me chamando de idiota? — Shao Si reprimiu um risinho.

Gu Yanzhou virou a bicicleta devagar:
— Tive muito tempo sem andar de bicicleta desde que entrei nesse meio. Tudo é vigiado, qualquer movimento.

Shao Si insistiu:
— Então, sério, quer tentar sentir como é ficar atrás?

Poucos minutos depois, Li Guangzong avistou de longe Shao Si equilibrando-se na bicicleta, o vento bagunçando as roupas:
— Que cena é essa? — disse, tirando uma foto discretamente e rindo. — Shao Si, você também chegou a esse dia.

Quando Shao Si finalmente desceu, a primeira coisa que fez foi ajeitar o cabelo diante da janela do hall. Seu estilo meio repartido agora deixava a testa totalmente à mostra.

Gu Yanzhou passou e bagunçou o cabelo recém-arrumado, transformando-o em um ninho. Shao Si gritou:
— Para de mexer!

— Melhor cortar bem curto, facilita — disse Gu Yanzhou, e parou ao lado, refletindo sua imagem no vidro do hall.

— Nem pensar — respondeu Shao Si.

Chen Yang, sensível a certas sutilezas, sentiu algo estranho entre eles:
— Desde quando essa relação ficou tão próxima?

Li Guangzong respondeu, um pouco perdido:
— Sim... sinto inveja.

O diretor planejava apresentar os protagonistas uns aos outros no segundo andar.

A protagonista feminina, Ye Xuan, formada na Academia de Ópera Tradicional, era discreta e interpretava apenas pequenos papéis. Todos especulavam se, com este drama, ela poderia finalmente brilhar.

— Tudo certo, todos presentes — disse o diretor, apoiando as mãos na mesa. — Vamos começar com apresentações.

Gu Yanzhou foi o primeiro. Sua apresentação foi breve, clara e confiante.

Quando chegou a vez de Shao Si, alguém entrou abruptamente na sala.

Yang Ze entrou sem bater, varreu Shao Si e Gu Yanzhou com o olhar, e finalmente fixou-se no diretor, respirando ofegante:
— Diretor, por que me substituiu? Por quê?

Em uma noite, ele virou piada. Até os fãs contratados que compraram trending topics falharam em proteger sua reputação.

O diretor Ou, direto, respondeu na frente de todos:
— Você gastou dinheiro pra manipular as redes e ainda ousa me questionar? Nem assinado contrato, nem assinado mesmo assim, eu teria pago multa pra te dispensar. Não posso permitir alguém como você no grupo.

Yang Ze ficou pálido e vermelho alternadamente. Ele havia saído às escondidas com Qi Ming e não sabia que tudo seria exposto.

— Tenha vergonha, garoto — disse Ou. — Não se entra no meio artístico desse jeito.

O sistema interno comentou:

[Este diretor é muito direto. Sinto que um dos alvos da missão está se afastando.]

Shao Si bufou:
[Alvo da missão? Ele? Eu nem quero trabalhar com alguém assim. Só faria mal à saúde.]

Sistema:
[Já que você é teimoso, vou pular Yang Ze e revelar o próximo alvo da missão.]

Shao Si se endireitou:
[Alvo da missão? Aqui?]

Sistema:
[Conte da sua esquerda, terceiro.]

O olhar de Shao Si passou pelo assistente de direção e roteirista, fixando-se numa garota discreta e delicada: Ye Xuan.

Após Yang Ze ser retirado, Shao Si reiniciou sua apresentação.

Ye Xuan sentia que os olhos dele pareciam falar, caindo ocasionalmente sobre ela com um sorriso discreto.

O sistema interno comentou, um pouco irritado:

[Shào Shào, desde cedo percebi: toda vez que você se aproxima de uma garota, usa sempre a mesma abordagem. Meio forçada.]

Shao Si deu de ombros:

[Mas sempre funciona.]

Quando chegou a vez de Ye Xuan se apresentar, ela parecia um pouco tímida, inclinando-se levemente como quem faz uma reverência:

— Olá a todos, meu nome é Ye Xuan.

Talvez por causa dos anos cantando Jingju, seu tom final de voz levava um leve giro, delicado e prolongado. Havia algo ao mesmo tempo agudo e suave, sem destoar.

Ye Xuan. Uma artista silenciosa, dedicada à sua arte.

Por trás dela, quem sabe que histórias existiam?

Sistema:

[Missão iniciada. Sem prazo, sem pistas.]

[Recompensa da missão: dois anos.]

Máscara é um drama de época. A protagonista feminina e o segundo protagonista masculino são artistas, enquanto o protagonista masculino é um militar. Em resumo, é um triângulo amoroso.

O papel mais complexo não era dos dois homens, mas da mulher.

No clímax, fora dos muros, em meio à guerra, ela veste seu traje de ópera no pátio e começa a maquiar-se.

Então pega a arma, gira, e canta uma canção chamada Feng Chui He Ye Sha:

“No céu, a reunião dos dragões cessará… A pompa é falsa, os mecanismos das flechas, manipulo eu; a videira de Montanha Mǎng pende, estragando alguns… Permito-me no Samadhi, nos jogos de Bìyé. Vidas e mortes, enganos e iluminações, que se dane o esforço, palavras e letras serão insuficientes.”

Ao final, ela coloca a arma na boca, a palavra “esforço” ainda na música, e dispara.

“Bang.”

Shao Si, por mais que revisasse a cena, sentia um aperto no peito.

Como ela e o segundo protagonista eram do mesmo ofício, Shao Si tinha uma enorme vantagem. Além do professor de Jingju que o diretor havia chamado, ele podia aprender diretamente com Ye Xuan.

Enquanto houvesse uma desculpa para se aproximar, ele poderia extrair informações dela.

Ye Xuan era especialista em canto, mas sua atuação era mediana. Por isso, durante as aulas de Jingju, Shao Si ouvia o professor na sala ao lado, enquanto Ye Xuan praticava interpretação.

Na primeira aula da manhã, o professor lhe ensinou fundamentos básicos. Na pausa do almoço, Shao Si perguntou a Li Guangzong:

— Seu ídolo está estudando o quê? Ele não precisa atuar, e a atuação dele já é boa.

Li Guangzong, fã devoto, respondeu com entusiasmo:

— Ele está dando aula de interpretação para Ye Xuan.

Shao Si quase engasgou com a água:

— Esse diretor realmente sabe aproveitar todos os recursos.

Então, Shao Si vestiu um traje vermelho vibrante de Jingju e foi até a sala vizinha, ouvindo Gu Yanzhou explicando:

— Imagine, você neste mundo é como um cadáver ambulante. Nunca lutou, nunca se esforçou. Seu amor por aqueles dois é desprezado. Você os traiu, arquitetou sua morte — como se sente agora?

Ye Xuan respondeu baixinho:

— Distante? Sou uma pessoa sem sentimentos?

— Você tem sentimentos — Shao Si entrou na sala, fazendo a roupa vermelha balançar —, mas eles vivem apenas na performance. A realidade é diferente do que se canta, então você não sabe como viver.

— Você é o único do roteiro sem máscara. Porque você não tem rosto próprio. Interpretando Yu Ji, você é Yu Ji. Interpretando Su San, você é Su San.

— Você vive eternamente na peça.

Ye Xuan ficou em silêncio.

Gu Yanzhou, guardando o roteiro, disse a Shao Si:

— Assim você só confunde ela.

— Confunde? — Shao Si perguntou.

Ye Xuan assentiu.

— Então finja que não disse nada. Faça conforme seu entendimento — disse ele, coçando o nariz. — Quer almoçar comigo ao meio-dia? Tem algumas coisas técnicas que quero perguntar.

Embora tivesse dirigido a Ye Xuan, Gu Yanzhou, ao ouvir, guardou o roteiro e respondeu sério:

— Onde vamos comer? Estou com fome também.

Shao Si suspeitou que fosse intencional.

— Que tal o restaurante no térreo? Perto, não perdemos muito tempo.

O treinamento durava apenas duas semanas, com carga intensa. Normalmente levaria dois ou três meses. Não se sabia se o diretor confiava demais ou se tinha outro motivo.

Ye Xuan parecia calma, delicada e refinada. Mas quanto mais Shao Si convivia, mais percebia um traço de frieza interior.

Durante o almoço, Shao Si fez algumas perguntas profissionais e Ye Xuan respondeu pacientemente:

— Cantar, recitar, atuar e lutar são os fundamentos do Jingju.

Depois, ele perguntou sobre escolhas pessoais, como “Por que você escolheu a Academia de Ópera?”. Ela respondeu de forma breve, sem se aprofundar.

Quando terminou de comer, tentou pagar a conta, mas Shao Si impediu:

— Não precisa pagar, não me coloque em apuro.

Ele percebeu que ela não era tão fácil de lidar quanto parecia.

Gu Yanzhou, batendo os hashis na mesa, comentou:

— Voltou à realidade. Todos já foram embora e você ainda olha.

Shao Si respondeu com naturalidade:

— Estou olhando o relógio, o relógio na parede, de longe não dá pra ver direito.

Gu Yanzhou pegou um fio de macarrão, sem interrompê-lo.

Ao saírem, Gu Yanzhou comentou:

— Notei que você gosta de flertar com várias pessoas.

Shao Si quase escorregou. Segurou-se e perguntou, desconfiado:

— O quê?

Depois do almoço, Shao Si percebeu que Ye Xuan carregava algo além da timidez: havia uma aura de rigorosa disciplina. Ela falava pouco, mas cada gesto, cada olhar, era medido. Não era arrogância; era concentração.

Enquanto caminhavam de volta ao estúdio, Shao Si tentou puxar conversa:

— Você já ensaiou muito Jingju antes de entrar na Academia?

Ye Xuan respondeu baixinho:

— Desde criança.

— Uau… — Shao Si murmurou, admirado. — Então é por isso que você canta com tanto controle.

Ela apenas assentiu, voltando a olhar adiante. Shao Si percebeu que não adiantaria forçar uma interação mais pessoal. Era como se Ye Xuan existisse num mundo próprio, e ele, mesmo próximo, fosse apenas um espectador.

No estúdio, Gu Yanzhou começou a mostrar detalhes do roteiro, orientando os protagonistas. Shao Si se posicionou perto de Ye Xuan, observando cada nuance de sua interpretação, cada mínima inflexão de voz.

Durante os ensaios, Shao Si aproveitou cada oportunidade para estudar Ye Xuan. Cada pergunta sobre técnica, cada comentário sobre interpretação, era uma chance de entendê-la melhor. Mas, quanto mais ele via, mais percebia a complexidade dela: a garota que parecia tão tranquila era, na verdade, ferozmente autocrítica.

Ela não precisava de elogios. Cada ajuste que fazia em si mesma era suficiente para satisfazer seus próprios padrões. Shao Si começou a entender que conquistar sua confiança seria mais difícil do que imaginar qualquer cena dramática.

À noite, o grupo se reuniu novamente para revisar coreografias de luta. Shao Si e Ye Xuan estavam próximos durante os ensaios de combate teatral. Ele percebeu que, mesmo nos movimentos físicos, ela mantinha a mesma concentração intensa.

— Cuidado com o braço — disse Shao Si, tentando ajudá-la durante um movimento.

Ye Xuan apenas desviou o olhar, sem responder. Mas Shao Si sentiu que seu gesto foi notado; ela ajustou ligeiramente a posição, sem palavras, mas reconhecendo a observação.

Mais tarde, durante uma pausa, Shao Si comentou com Gu Yanzhou:

— Ela é incrível, mas parece impossível se aproximar de verdade.

Gu Yanzhou sorriu levemente:

— Quanto mais você observa, mais percebe que arte e vida dela estão profundamente entrelaçadas. Não tente forçar. Observe, aprenda e respeite o espaço dela.

Shao Si assentiu, absorvendo a lição. Ele sabia que conquistar a confiança de Ye Xuan exigiria paciência e sensibilidade, habilidades tão importantes quanto qualquer técnica de atuação.

No final do dia, enquanto os demais saíam do estúdio, Shao Si ainda permaneceu alguns instantes, observando Ye Xuan se afastar com passos firmes e medidos. Cada gesto dela, cada respiração, parecia contar uma história que ele ainda não compreendia totalmente.

— Amanhã será outro dia — murmurou para si mesmo. — E eu preciso estar pronto para cada detalhe.

O treinamento intenso, a disciplina impecável de Ye Xuan, e a dinâmica do set criaram um ambiente de tensão e expectativa. Shao Si percebeu que, mais do que apenas atuar, ele precisava entender profundamente a arte e a pessoa por trás da máscara.

Assim, a rotina do set continuava: estudo, prática, observação. Cada interação, cada ensaio, era uma oportunidade de aprendizado, e também de aproximação mas sempre dentro das barreiras que Ye Xuan impunha.

Nos dias seguintes, a rotina no set se estabeleceu com disciplina quase militar. Shao Si continuava a observar Ye Xuan de perto, estudando cada gesto e cada entonação de voz. Ele ainda não tinha conseguido quebrar a barreira que ela naturalmente impunha, mas percebia pequenas fissuras: um olhar mais longo, uma resposta levemente menos rígida, sinais sutis de reconhecimento de sua presença.

Gu Yanzhou, por outro lado, se manteve como um constante ponto de referência. Durante os ensaios, oferecia instruções claras, explicando as nuances do roteiro e das técnicas de Jingju, e Shao Si aproveitava cada oportunidade para absorver o máximo de informação.

— Lembre-se — disse Gu Yanzhou durante um intervalo, atuação não é só repetir movimentos. É sentir o personagem. Cada gesto, cada respiração, cada olhar deve transmitir sua essência.

Shao Si assentiu, pensando em Ye Xuan. Cada movimento dela parecia ser estudado, cada expressão medida. Para ele, aproximar-se dela exigiria não apenas técnica, mas compreensão profunda de quem ela era dentro e fora do personagem.

Durante um ensaio de cena de combate, Shao Si notou uma tensão estranha entre os dois protagonistas masculinos da série. O militar interpretado por outro ator mostrava uma energia competitiva, quase desafiadora, sempre tentando dominar o espaço da cena. Shao Si, com seu olhar analítico, percebeu que Ye Xuan reagia a cada gesto deles de maneiras distintas, e começou a registrar mentalmente cada sutileza.

— Precisa mover o braço assim — disse Shao Si baixinho, tentando corrigir uma postura de Ye Xuan.

Ela apenas olhou de relance e ajustou o movimento. Nenhuma palavra, mas o reconhecimento estava ali.

No intervalo, enquanto Shao Si conversava com Gu Yanzhou, refletiu sobre a complexidade de interpretar um triângulo amoroso.

— Parece simples, mas é complicado — comentou. — Cada gesto influencia mais de uma relação.

Gu Yanzhou sorriu com a observação:

— É por isso que a técnica e a sensibilidade andam juntas. O drama não é só sobre quem ama quem; é sobre como cada personagem vê o mundo, como reage à perda e ao desejo.

Mais tarde, Shao Si percebeu pequenas mudanças em si mesmo. Observá-la tão de perto, ouvir suas respostas mínimas, sentir a intensidade de seu compromisso com a arte tudo isso o fazia analisar suas próprias atitudes, sua paciência e sua sensibilidade.

Quando a noite caiu, Shao Si permaneceu alguns instantes no estúdio vazio, observando Ye Xuan sair com passos firmes. Ele pensou:

— Amanhã será outro dia. Preciso estar mais atento. Preciso compreender cada nuance.

O clima entre os protagonistas masculinos e Ye Xuan começou a ganhar forma. Shao Si sabia que cada gesto, cada expressão, carregava significado dentro do triângulo amoroso que se desenrolava. Mas ele também percebia algo mais: a própria Ye Xuan, além do personagem, tinha camadas que precisavam ser entendidas.

Gu Yanzhou, sempre atento, notou o olhar de Shao Si:

— Não se perca no personagem dos outros. O mais importante é o que você aprende observando e sentindo a arte em si.

Shao Si assentiu, absorvendo cada palavra. Ele sabia que cada interação com Ye Xuan era uma oportunidade de aprendizado e talvez também de conexão, mas que precisava de paciência.

Assim, o set se tornou não apenas um local de atuação, mas um espaço de observação, estratégia e compreensão emocional. Shao Si percebeu que o verdadeiro desafio não era apenas atuar, mas entender profundamente a arte, os personagens e, principalmente, as pessoas por trás das máscaras.

Nos dias seguintes, Shao Si se tornou cada vez mais observador. Ele estudava não apenas os movimentos de Ye Xuan, mas também suas reações sutis diante dos outros protagonistas masculinos. Cada olhar dela, cada hesitação ou leve mudança de postura parecia carregar significado.

Durante um treino intenso de Jingju, Gu Yanzhou interrompeu a sessão:

— Muito bem, mas atenção aos detalhes! O público sente quando a emoção não é verdadeira. Não é só técnica, é alma.

Shao Si aproveitou para se aproximar de Ye Xuan, oferecendo comentários discretos sobre os gestos e postura. Ela, sempre reservada, inicialmente não reagiu, mas gradualmente começou a ouvir. Ele percebeu que, embora ela mantivesse uma fachada calma, havia uma apreciação silenciosa de sua atenção aos detalhes.

No intervalo, Shao Si tentou puxar uma conversa mais leve:

— Está se adaptando bem à rotina intensa do set?

Ye Xuan respondeu com um meio sorriso, quase imperceptível:

— Sim. É desafiador, mas gratificante.

O pequeno gesto parecia mínimo, mas para Shao Si, significava uma abertura uma brecha no rigor impenetrável de Ye Xuan. Ele começou a perceber que conquistar sua confiança exigiria mais do que observação: paciência, sensibilidade e timing perfeito.

Enquanto isso, os ensaios do triângulo amoroso se tornavam cada vez mais complexos. O outro protagonista masculino, um jovem militar, mostrava comportamento competitivo, muitas vezes forçando situações dramáticas. Shao Si notava como Ye Xuan reagia a cada gesto dele: pequenas mudanças de expressão, olhares fugazes, respirações mais curtas. Tudo era material para estudo.

Em uma cena de confronto, Shao Si interagiu diretamente com Ye Xuan:

— Tente sentir a raiva e a tristeza do seu personagem ao mesmo tempo disse ele, ajustando levemente sua postura para ajudá-la a transmitir a emoção.

Ela olhou para ele, por um instante, como se estivesse avaliando sua sinceridade. Então, silenciosamente, ajustou seu gesto. Nenhuma palavra, mas a comunicação não verbal era clara.

Mais tarde, durante o jantar no set, Shao Si refletiu:

— Cada movimento dela conta uma história. Cada resposta, mesmo mínima, é um aprendizado.

Gu Yanzhou percebeu seu foco e comentou:

— Observar é tão importante quanto atuar. A verdadeira arte está em entender o que não é dito.

Shao Si sorriu por dentro, sabendo que cada interação com Ye Xuan era uma oportunidade única. O triângulo amoroso do roteiro não era apenas ficção: ele podia sentir a tensão e as emoções reais se manifestando na atriz.

A relação entre os três personagens começava a se desenhar, mas o mais intrigante para Shao Si era Ye Xuan. Por trás da fachada de disciplina e serenidade, havia complexidade emocional, vulnerabilidade e uma força silenciosa que ele ainda não compreendia totalmente.

Ao final do dia, enquanto os outros se retiravam, Shao Si permaneceu por alguns instantes observando Ye Xuan se afastar. Cada passo dela, cada movimento de suas mãos, parecia transmitir uma mensagem silenciosa que ele precisava decifrar.

"Amanhã será outro dia murmurou Shao Si, determinado. Preciso entender cada detalhe, cada nuance."

O set de filmagem, o treino rigoroso e a dinâmica do triângulo amoroso transformavam-se, para Shao Si, em um campo de estudo: não apenas de atuação, mas de compreensão humana e artística.

E assim, Shao Si descobriu que, para interpretar com profundidade, era necessário compreender não apenas o personagem, mas também a pessoa por trás dele especialmente alguém tão complexo quanto Ye Xuan.


No início da segunda semana de treinamento, a dinâmica no set começou a mudar de forma sutil, quase imperceptível. Shao Si percebeu que Ye Xuan não apenas aceitava suas observações discretas, como agora começava a esperar por elas. Um gesto, um ajuste de postura, uma indicação sobre entonação: cada interação criava uma conexão silenciosa entre eles.

Durante uma cena de combate dramático, o outro protagonista masculino, sempre competitivo, exagerou em seus gestos, tentando dominar a cena. Ye Xuan, ainda focada, reagiu com um ligeiro recuo, medindo cada passo, cada olhar. Shao Si, atento, percebeu a tensão: ela não se deixava intimidar, mas também não respondia de forma agressiva.

— Não deixe que ele dite sua emoção murmurou Shao Si, baixinho, enquanto ajustava sua própria postura para equilibrar a cena.

Ye Xuan desviou os olhos por um instante, quase como se reconhecesse a presença dele. Um pequeno sorriso surgiu, imperceptível para todos, mas claro para Shao Si.

Durante o intervalo, Shao Si comentou com Gu Yanzhou:

— Ela está… diferente. Mais receptiva, mas ainda cautelosa.

— Bom sinal — respondeu Gu Yanzhou. — Significa que você está começando a ganhar a confiança dela. Mas cuidado: confiança na arte não significa confiança pessoal.

À medida que os ensaios avançavam, Shao Si começou a perceber nuances mais profundas no comportamento de Ye Xuan. O modo como ela olhava para o outro protagonista, a forma como equilibrava emoções conflitantes durante as cenas, a atenção que dedicava aos mínimos detalhes: tudo isso tornava cada ensaio uma lição de interpretação e de compreensão humana.

Em uma cena particularmente intensa, Shao Si se aproximou novamente dela:

— Sinta a dor e a saudade ao mesmo tempo. Deixe que essas emoções se misturem naturalmente.

Ye Xuan olhou para ele, demorando alguns segundos antes de ajustar seu gesto. A comunicação silenciosa funcionava: não precisavam de palavras para transmitir intenção, apenas atenção e presença.

Mais tarde, enquanto caminhavam pelo estúdio vazio, Shao Si comentou baixinho:

— É incrível como você consegue manter o controle mesmo nas cenas mais emocionais.

Ye Xuan apenas olhou adiante, mas dessa vez não desviou completamente o olhar. Havia uma curiosidade contida, um interesse velado. Shao Si sentiu que essa pequena abertura podia ser o começo de algo mais.

Enquanto isso, a tensão com o outro protagonista masculino continuava. Cada gesto competitivo, cada tentativa de se destacar, aumentava a complexidade do triângulo amoroso. Shao Si percebeu que precisava não apenas focar em Ye Xuan, mas também entender as dinâmicas entre todos os personagens para interpretar sua própria função na história com precisão.

Ao final do dia, Shao Si ficou observando Ye Xuan se afastar, seu perfil iluminado pela luz do estúdio. Ele percebeu que, além de aprender sobre arte, estava aprendendo sobre paciência, percepção e conexão emocional. Cada gesto dela contava uma história que ele precisava decifrar, não apenas como ator, mas como alguém tentando entender outra pessoa profundamente.

— Amanhã será outro dia — murmurou Shao Si para si mesmo. — E cada detalhe contará.

O treinamento intensivo e as interações sutis estavam transformando o set não apenas em um palco para a atuação, mas em um laboratório de emoções, aprendizado e descobertas silenciosas.

No oitavo dia de treinamento, o clima no set parecia mais intenso. Cada interação, cada gesto de Ye Xuan, carregava uma carga sutil de emoção que Shao Si não podia ignorar. Ela ainda mantinha sua disciplina rigorosa, mas havia pequenos sinais de curiosidade e atenção pequenos gestos que ele reconhecia imediatamente.

Durante uma cena de confrontação emocional, Shao Si se aproximou discretamente:

— Não apenas fale as palavras, sinta cada sílaba murmurou, ajustando o ângulo de seu gesto para ela.

Ye Xuan olhou para ele, demorou um instante, e então ajustou sua postura. Nenhuma palavra, apenas um breve contato visual. Para Shao Si, era como se ela tivesse reconhecido sua presença de uma maneira mais pessoal.

Enquanto isso, o outro protagonista masculino mostrava uma competitividade quase provocativa. Cada gesto seu parecia desafiar Shao Si e, ao mesmo tempo, testar a reação de Ye Xuan. Shao Si observava silenciosamente, percebendo que Ye Xuan respondia de formas imperceptíveis: um leve franzir de sobrancelhas, um olhar de reprovação ou apenas um sutil recuo.

No intervalo, Shao Si se aproximou de Ye Xuan de maneira casual, tentando quebrar o gelo:

— Parece que ele está tentando te intimidar. Mas você consegue manter o controle.

Ela desviou o olhar, mas dessa vez não se afastou imediatamente. Havia um pequeno sinal de reconhecimento, quase imperceptível: um gesto de cabeça, um leve sorriso contido. Shao Si sentiu que aquela era uma pequena vitória silenciosa.

Mais tarde, durante a prática de canto, Shao Si percebeu que Ye Xuan começava a olhar para ele com mais atenção, medindo cada comentário que fazia, avaliando cada ajuste que ele sugeria. Ele começou a notar que, embora ainda reservada, ela apreciava sua observação não como crítica, mas como cuidado.

Após o ensaio, enquanto caminhavam pelo corredor do estúdio, Shao Si falou baixinho:

— Amanhã será uma cena difícil. Podemos ensaiar juntas?

Ye Xuan olhou para ele, hesitou, e finalmente assentiu.

— Tudo bem.

Era a primeira vez que ela aceitava um convite tão pessoal, sem a formalidade de instruções do professor ou do diretor. Shao Si sentiu uma excitação contida uma abertura real, mesmo que mínima.

Na saída do estúdio, Shao Si percebeu o outro protagonista observando a interação. Ele se manteve discreto, mas a tensão entre os três crescia silenciosamente. Cada gesto, cada palavra, cada olhar tornava-se carregado de significado, construindo camadas de emoção que não existiam no roteiro apenas, mas na vida real do set.

Enquanto caminhavam lado a lado, Shao Si percebeu algo que nunca havia notado antes: Ye Xuan tinha uma leve hesitação antes de entrar em qualquer sala, como se medisse cada passo. Ele comentou baixinho:

— Por que você sempre mede tanto?

Ela desviou os olhos e respondeu quase sem som:

— Medir evita erros.

— Talvez, mas às vezes pequenas imperfeições fazem a diferença.

Ela olhou para ele por um instante, e Shao Si sentiu que aquela simples frase tinha aberto uma brecha ainda maior na barreira de Ye Xuan.

O treinamento intenso, os ensaios emocionais e as interações silenciosas começaram a criar uma dança de aproximação: olhares furtivos, gestos discretos, pequenos sinais de atenção que indicavam que o coração de Ye Xuan talvez estivesse começando a perceber Shao Si de maneira diferente.

E Shao Si, atento a cada mínima nuance, sabia que aquele jogo silencioso estava apenas começando.


No dia seguinte, o ensaio começou com uma cena emocionalmente carregada. Shao Si e Ye Xuan precisavam interpretar um momento em que o conflito interno dos personagens atingia o auge. Cada palavra, cada gesto, carregava peso e Shao Si percebeu que Ye Xuan agora estava mais sensível à sua presença.

Durante uma pausa, ele se aproximou: — Tente sentir não apenas a raiva do seu personagem, mas também a saudade murmurou.

Ye Xuan olhou para ele, por um instante, e sorriu levemente. O sorriso durou apenas um segundo, mas para Shao Si foi suficiente: um sinal claro de que ela reconhecia sua ajuda de maneira mais pessoal.

O outro protagonista masculino, percebendo a aproximação silenciosa, tornou-se mais agressivo em suas interpretações, tentando roubar a atenção de Ye Xuan. Shao Si notou a tensão crescente: cada gesto exagerado dele fazia Ye Xuan reagir de forma sutil uma sobrancelha levantada, um olhar rápido, um pequeno recuo. Shao Si compreendeu que a disputa emocional estava começando a se desenrolar também fora do roteiro.

Durante o ensaio de canto, Shao Si sentiu a oportunidade de se aproximar ainda mais.

— Vamos tentar juntos? — perguntou baixinho.

Ye Xuan hesitou, mas dessa vez não respondeu com um simples aceno; em vez disso, manteve o olhar nele por mais tempo do que o habitual.

— Tudo bem — respondeu, em tom quase imperceptível.

O simples ato de concordar transformou o ambiente entre eles. Cada movimento, cada palavra não dita, carregava agora uma tensão diferente. Shao Si percebeu que cada gesto dele começava a ter efeito sobre ela, mesmo que ela tentasse manter sua disciplina rígida.

Mais tarde, durante a revisão das cenas, Shao Si percebeu que Ye Xuan agora procurava suas expressões, suas indicações silenciosas. Ele ajustava levemente suas próprias ações para guiá-la, e ela seguia, sem palavras, apenas captando a intenção por trás de cada gesto.

Quando os ensaios terminaram, Shao Si caminhou ao lado dela pelo estúdio, em silêncio. O outro protagonista masculino os observava de longe, franzindo a testa com ciúmes velado. Shao Si percebeu que o triângulo amoroso não era apenas dramatização; a tensão estava se refletindo em todos os três de forma quase palpável.

Shao Si murmurou:

— Você está melhorando cada dia mais.

Ye Xuan desviou os olhos, mas não se afastou.

— Obrigada — respondeu, quase em segredo.

Foi a primeira vez que ela o agradeceu diretamente. Shao Si sentiu um leve calor no peito: aquela pequena interação significava que a barreira estava cedendo, mesmo que só um pouco.

Enquanto caminhavam de volta, Shao Si pensava:

— Cada detalhe importa. Cada gesto, cada silêncio. É assim que a confiança se constrói… e talvez algo mais.

O treinamento intenso e a tensão emocional começavam a revelar não apenas as habilidades artísticas, mas também o início de um vínculo real, silencioso e cheio de nuances entre Shao Si e Ye Xuan. A química que antes estava escondida nas nuances do roteiro agora se manifestava nos pequenos sinais do dia a dia, tornando cada ensaio um jogo de observação e aproximação.

O último dia de treinamento chegou com uma energia diferente no set. Cada um dos protagonistas estava mais consciente das próprias emoções, e Shao Si sentiu que a tensão silenciosa entre ele, Ye Xuan e o outro protagonista masculino atingira um ponto quase insuportável.

Durante a cena final de ensaio, Ye Xuan precisava expressar dor, raiva e saudade simultaneamente. Shao Si aproximou-se discretamente:

— Respire fundo e deixe que a emoção flua naturalmente. Não pense em mim, apenas no seu personagem.

Ela olhou para ele, e desta vez, o olhar demorou alguns segundos, carregado de algo indefinível. Então assentiu, como se entendesse a instrução mais profundamente do que qualquer palavra poderia transmitir.

Enquanto a câmera gravava, Shao Si percebeu cada microexpressão dela. O modo como ela inclinava a cabeça, a maneira como os olhos se suavizavam em momentos de dor tudo isso era informação valiosa, não só para a atuação, mas também para compreender Ye Xuan como pessoa.

O outro protagonista masculino tentava interpor-se emocionalmente, tentando chamar atenção, mas Ye Xuan o ignorava de maneira quase imperceptível. Shao Si percebeu que ela começava a estabelecer limites, mas de forma sutil, sem confronto direto.

Quando a cena terminou, Ye Xuan saiu do palco, respirando fundo. Shao Si aproximou-se dela:

— Perfeito. Você conseguiu equilibrar tudo — disse baixinho, sorrindo.

Ela desviou o olhar, mas desta vez não recuou. Um leve rubor surgiu em suas bochechas, e Shao Si percebeu que aquele gesto era uma resposta emocional genuína, não apenas resultado da cena.

Mais tarde, no corredor do estúdio, enquanto todos se dispersavam, Shao Si comentou casualmente:

— Amanhã já é dia de filmagem real. Se conseguirmos manter essa sintonia, vai ser incrível.


Ye Xuan olhou para ele por um instante e, pela primeira vez, quebrou a barreira completa:

— Obrigada por me ajudar. — Sua voz estava suave, quase vulnerável.

Shao Si sentiu um calor estranho no peito. Ela nunca havia dito isso antes. Pequenos gestos, pequenas palavras, tudo indicava que a aproximação que ele vinha cultivando finalmente estava sendo reconhecida.

O outro protagonista masculino, observando à distância, percebeu que algo mudara. A tensão não era mais apenas dramática; havia um vínculo silencioso entre Shao Si e Ye Xuan que ele não podia ignorar. A competição pelo espaço emocional tornara-se real.

Enquanto Shao Si acompanhava Ye Xuan até a saída, refletiu:

— Cada gesto, cada olhar, cada silêncio conta. É assim que a conexão verdadeira se constrói. Não é só sobre atuar, é sobre entender e sentir.

O treinamento terminou oficialmente, mas para Shao Si, aquele set havia se transformado em muito mais do que prática artística: era um laboratório de emoções, observação e aproximação silenciosa. Cada detalhe importava, e ele sabia que cada interação com Ye Xuan agora carregava um peso emocional que ultrapassava a mera técnica.

O triângulo amoroso no roteiro havia começado a refletir a realidade emocional no set, e Shao Si percebeu que o jogo que ele jogava com os gestos e olhares de Ye Xuan estava apenas começando a revelar sua profundidade.

No final do dia, o estúdio começou a esvaziar. Shao Si permaneceu alguns minutos observando Ye Xuan organizar seus pertences, cada movimento seu parecendo carregado de graça e precisão. Ele percebeu que, além da disciplina e técnica, havia algo genuinamente humano ali uma vulnerabilidade contida que ele ainda não conhecia completamente.

Enquanto caminhavam juntos para a saída, Shao Si falou baixo:

— Você se saiu muito bem hoje. Realmente impressionante.

Ye Xuan olhou para ele, e pela primeira vez manteve o olhar firme e contínuo:

— Obrigada. — Havia sinceridade na voz dela, sem formalidade, sem barreiras.

O outro protagonista os observava à distância, claramente incomodado. Shao Si sentiu a tensão crescer, não mais como simples rivalidade artística, mas como um confronto emocional real. Ele percebeu que a dinâmica do triângulo havia mudado agora havia sinais claros de afeto, ainda que silenciosos, entre ele e Ye Xuan.

Enquanto esperavam o transporte de volta, Shao Si comentou casualmente:

— Amanhã começa a filmagem oficial. Espero que possamos manter essa sintonia.

Ye Xuan apenas sorriu levemente, e Shao Si sentiu que aquele sorriso não era apenas cortesia; havia algo de pessoal, algo que ele estava começando a conquistar lentamente.

No caminho, Shao Si refletiu:

— Cada detalhe conta. Cada gesto, cada olhar, cada silêncio. E, às vezes, é no que não se diz que se constrói a maior conexão.

O treinamento tinha acabado oficialmente, mas para Shao Si, aquele set se tornara muito mais que prática artística: era um laboratório de emoções, percepção e aproximação silenciosa. A tensão, o flerte, os pequenos sinais de interesse mútuo tudo estava agora registrado em sua mente, como preparação não apenas para as cenas do drama, mas para algo que ele ainda não sabia como nomear.

Enquanto Ye Xuan se afastava pelo corredor, Shao Si sentiu uma determinação firme crescer dentro dele:

— Amanhã será outro dia, mas cada pequeno gesto de hoje já mudou tudo.

O capítulo fechava com a sensação de um novo começo, não só para a história no roteiro, mas para o vínculo silencioso que começava a se formar entre Shao Si e Ye Xuan, deixando o leitor ansioso pelo desenrolar das relações e conflitos no próximo capítulo.

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