15 de out. de 2025

Eclipse Vol.03 - Capítulo 03

Capítulo 03

“Ele te chamou?”

“Para de ficar tenso!” — Ayan suspirou, tentando aliviar o clima. — “Se tivesse segurado mais um pouco, teria se dado bem, cara. Não fica de mau humor só porque foi apressado demais.”

“Ei!”

O olhar de quem foi provocado desviou pela janela da sala de aula, fixando-se lá fora.
Seus olhos refletiam a luz branca que entrava, e entre o movimento de alunos no pátio, uma garota se destacava.
Seu corpo tinha uma leveza natural cabelo preso, uniforme bem passado o tipo de presença que atraía atenção até dos mais distraídos.
Mas Akk apenas a observava de longe, sem intenção de se aproximar.
Não que não quisesse mas porque sabia que não havia espaço para isso agora.

“Se o carro deu problema, pede pro teu pai te buscar, pô. Não vai lá sozinha, menina.”
Foi o que ouviu alguém dizer atrás.

Akk sabia que se distrair assim não fazia bem.
Mas, sinceramente, era melhor deixar os olhos vagando pela figura da professora de História na frente da sala do que encarar de novo aquele maluco do Ayan.

Durante toda a semana, se não fosse por essa distração ocasional, ele já teria enlouquecido.
A tensão dentro da sala vinha se acumulando e ele se repetia, dia após dia, que precisava aguentar.
Só mais um pouco. Um minuto de cada vez.

Diferente da maioria dos alunos, Ayan não se misturava.
Não ia à cantina, não ficava com o grupo na fila da manhã, não participava das conversas aleatórias no intervalo.
Preferia ficar sozinho na biblioteca, almoçar tarde, comprar comida em um pequeno restaurante afastado, onde quase ninguém ia.
Não era antissocial mas tampouco era próximo de ninguém.
Falava com todos, mas se mantinha fora de qualquer vínculo.

Ainda assim, ele conseguia conversar com qualquer pessoa, até mesmo com Akk, que costumava evitar contato.
Era isso que o deixava tão... desconcertante.

Mesmo em uma sala onde os alunos eram competitivos, Akk tinha certeza:
ninguém ali vinha de um lugar tão estranho, tão fechado quanto Ayan.

E, no fundo, talvez fosse isso que o tornava tão difícil de ignorar.

O representante de turma tentava se aproximar, puxar assunto, organizar as tarefas em grupo mas Ayan mantinha distância.
Enquanto isso, Khan, o amigo barulhento de Akk, sempre o observava com desconfiança.
“Tá de olho nele?” — perguntava, em tom de brincadeira.

Akk respondia:
“Tenho que fazer o trabalho de inspetor, não é?”
Mas sabia que era mais que isso.

A verdade era que ele o observava o tempo todo — não por obrigação, mas por... instinto.
Como se Ayan fosse um enigma perigoso que, a qualquer momento, poderia se mover.


WUAHIWM - Capítulo 28

Capítulo 28 

“Poderiam comentar um pouco sobre a relação de vocês com o senhor Wang...?” ainda havia jornalistas que se recusavam a desistir, aproveitando uma brecha para perguntar “E também, o que foi aquilo com o casaco?”

Gu Yanzhou fez questão de parar para ouvir o repórter terminar, e depois, como se fosse mesmo responder à pergunta, disse com a maior seriedade:
— A produção de Máscara investiu pesado desta vez. Cenários e figurinos são todos de design original. Nosso objetivo é alcançar o máximo de fidelidade.

Shao Si completou:
— Nas duas semanas antes das filmagens, não entramos em cena. Ficamos estudando o conteúdo técnico. Eu, por exemplo, quase não conhecia nada sobre ópera tradicional o pouco que sabia era só pra passar na audição, e não servia de verdade. Só quando entrei em contato percebi que o Jingju é realmente uma arte profunda. Se tiverem tempo, vocês deveriam divulgar mais nossa cultura nacional.

— Então Mask concluiu Gu Yanzhou, entregando o microfone a Shao Si vale a pena ser esperada.

Shao Si assentiu:
— Sim, vale mesmo.

Seguiu-se um silêncio constrangedor.

Logo depois, algumas redações começaram a cochichar entre si:
— Ei, como vocês vão escrever essa matéria?
— Não sei. Avisei meu chefe, mas ainda não recebi instruções. E o pessoal da Frente de Entretenimento?
— Também estamos no escuro. Pergunta ali pro pessoal do Mundo das Estrelas.

O repórter do Mundo das Estrelas, que carregava uma câmera enorme, parecia à beira das lágrimas:
— Estamos ao vivo...

Mas não tiveram tempo de continuar o dilema, porque o diretor Ou apareceu furioso, acompanhado por sua equipe.

À frente vinha um senhor baixo e atarracado, pedalando uma bicicleta. De longe, já gritava:
— O que é isso aqui, hã?! Se acham no direito de fazer bagunça no meu território?! Todo mundo pra fora! Tô falando com você aí fecha essa porcaria de transmissão ao vivo agora!

Ele ainda levantou um dedo, ameaçando:
— Cuidado, tenho dezoito seguranças comigo! Faço vocês perderem o rumo!

Assim que o diretor Ou chegou, os jornalistas se dispersaram feito um bando de pássaros assustados.

Chen Yang, que tinha ligado para ele minutos antes, suspirou de alívio ao vê-lo.
Li Guangzong, que nunca o tinha visto pessoalmente mesmo nas audições ficava só esperando do lado de fora arregalou os olhos:
— Q-que sujeito... peculiar...

Gu Yanzhou deu um passo à frente e o cumprimentou educadamente:
— Diretor Ou.
Shao Si o acompanhou:
— Diretor Ou, olá.

O velho estacionou a bicicleta e acenou animado:
— Bom, bom! Tenho é que agradecer a vocês dois! Fizeram uma baita propaganda gratuita pra nossa série!

Disse isso enquanto se aproximava.

Gu Yanzhou respondeu com calma:
— O senhor é muito gentil. De qualquer forma, acabamos causando transtorno ao grupo. Pedimos desculpas.

Shao Si, porém, estava mais interessado na “equipe de seguranças” atrás do diretor. Nunca tinha visto um cineasta chegar escoltado assim e murmurou baixo:
— ...Isso é produção de filme ou de máfia?

— Que ideia é essa? Gu Yanzhou, que estava perto o suficiente para ouvir, deu um leve peteleco na testa dele. — São figurantes.

Shao Si desviou a cabeça:
— Ei! Para de me bater.

Em vez de tirar a mão, Gu Yanzhou bagunçou o cabelo dele com força.

Shao Si franziu os lábios, mas deixou pra lá.

Figurantes, ele dizia...
Mas que tipo de figurante era tão comprometido?
De um lado “Dragão Azul”, do outro “Tigre Branco” todos de colete preto sob paletós, com cara de brutamontes.

— Mas hoje não temos gravação observou Shao Si. — Achei que íamos ficar em treinamento fechado.

Li Guangzong coçou a cabeça:
— Também queria saber disso.

Depois de algumas palavras rápidas, o diretor Ou disse:

— Tudo bem, continuem em frente. Mais tarde nos encontramos na entrada do hall.

Eles não poderiam simplesmente pegar o carro da produção e esperar. O estúdio era enorme, e ir até lá de carro levaria tempo sem contar que o diretor já era de idade avançada.

A ideia inicial veio de Gu Yanzhou: ele sugeriu que Ou usasse seu carro, enquanto ele mesmo iria de bicicleta.

Chen Yang discordou:
— Melhor eu ir de bicicleta. Yanzhou, você vai no carro com o diretor.

Gu Yanzhou retrucou:
— Que excesso de gentileza.

Chen Yang havia trabalhado a noite toda e quase não dormira.

Li Guangzong, admirador de Gu Yanzhou, aprovou mentalmente: “Bonito, talentoso e generoso”. Então, sem piedade, empurrou Shao Si:
— Rápido! Pegue a bicicleta! Mostre respeito aos mais velhos, por que ainda está aí parado?

Duas vans partiram, deixando apenas Shao Si e Gu Yanzhou disputando a velha bicicleta.

Shao Si olhou ao redor, impaciente:
— Que tal jogar pedra-papel-tesoura? Quem perder vai atrás.

A bicicleta era velha e sem assento, apenas com duas pequenas plataformas de apoio sobre a roda traseira.

Gu Yanzhou avaliou Shao Si de cima a baixo:
— Pedra-papel-tesoura?

— Que olhar é esse? Shao Si retrucou. — Quer brigar então?

Shao Si lançou “pedra”, Gu Yanzhou respondeu sem hesitar com “papel”.

Shao Si olhou incrédulo para o gesto previsível de Gu Yanzhou:
— Como você sabia que eu ia escolher pedra?

— ganhei — respondeu Gu Yanzhou, empurrando a bicicleta alguns passos. — Achei que você não ia trocar de gesto. E realmente, você não trocou.

Shao Si ficou sem resposta.

Li Guangzong e Chen Yang os observavam como duas pedras no hall do estúdio, esperando os dois “senhores de bicicleta” se aproximarem.

— Já se passaram dois minutos e eles ainda não chegaram — murmurou Chen Yang.

— Será que encontraram paparazzi pelo caminho? — respondeu Li Guangzong.

Após um momento de silêncio, perceberam:
— Essa bicicleta tem assento?

Não. Não havia assento.

Shao Si, equilibrando-se precariamente nas plataformas traseiras, confirmou silenciosamente. Ele segurava Gu Yanzhou pelos ombros, o vento cortava frio, entrando pela roupa, fazendo-o tremer.

— Falta muito? — reclamou, cansado, e o jeito que estava era ridículo.

Se inclinou perto do ouvido de Gu Yanzhou:
— Podemos trocar de posição um pouco?

— Sem chance, apostou, agora aguenta — respondeu Gu Yanzhou.

— Só um pouco...

— Não quero parecer idiota lá atrás — disse Gu Yanzhou.

— Está me chamando de idiota? — Shao Si reprimiu um risinho.

Gu Yanzhou virou a bicicleta devagar:
— Tive muito tempo sem andar de bicicleta desde que entrei nesse meio. Tudo é vigiado, qualquer movimento.

Shao Si insistiu:
— Então, sério, quer tentar sentir como é ficar atrás?

Poucos minutos depois, Li Guangzong avistou de longe Shao Si equilibrando-se na bicicleta, o vento bagunçando as roupas:
— Que cena é essa? — disse, tirando uma foto discretamente e rindo. — Shao Si, você também chegou a esse dia.

Quando Shao Si finalmente desceu, a primeira coisa que fez foi ajeitar o cabelo diante da janela do hall. Seu estilo meio repartido agora deixava a testa totalmente à mostra.

Gu Yanzhou passou e bagunçou o cabelo recém-arrumado, transformando-o em um ninho. Shao Si gritou:
— Para de mexer!

— Melhor cortar bem curto, facilita — disse Gu Yanzhou, e parou ao lado, refletindo sua imagem no vidro do hall.

— Nem pensar — respondeu Shao Si.

Chen Yang, sensível a certas sutilezas, sentiu algo estranho entre eles:
— Desde quando essa relação ficou tão próxima?

Li Guangzong respondeu, um pouco perdido:
— Sim... sinto inveja.

O diretor planejava apresentar os protagonistas uns aos outros no segundo andar.

A protagonista feminina, Ye Xuan, formada na Academia de Ópera Tradicional, era discreta e interpretava apenas pequenos papéis. Todos especulavam se, com este drama, ela poderia finalmente brilhar.

— Tudo certo, todos presentes — disse o diretor, apoiando as mãos na mesa. — Vamos começar com apresentações.

Gu Yanzhou foi o primeiro. Sua apresentação foi breve, clara e confiante.

Quando chegou a vez de Shao Si, alguém entrou abruptamente na sala.

Yang Ze entrou sem bater, varreu Shao Si e Gu Yanzhou com o olhar, e finalmente fixou-se no diretor, respirando ofegante:
— Diretor, por que me substituiu? Por quê?

Em uma noite, ele virou piada. Até os fãs contratados que compraram trending topics falharam em proteger sua reputação.

O diretor Ou, direto, respondeu na frente de todos:
— Você gastou dinheiro pra manipular as redes e ainda ousa me questionar? Nem assinado contrato, nem assinado mesmo assim, eu teria pago multa pra te dispensar. Não posso permitir alguém como você no grupo.

Yang Ze ficou pálido e vermelho alternadamente. Ele havia saído às escondidas com Qi Ming e não sabia que tudo seria exposto.

— Tenha vergonha, garoto — disse Ou. — Não se entra no meio artístico desse jeito.

O sistema interno comentou:

[Este diretor é muito direto. Sinto que um dos alvos da missão está se afastando.]

Shao Si bufou:
[Alvo da missão? Ele? Eu nem quero trabalhar com alguém assim. Só faria mal à saúde.]

Sistema:
[Já que você é teimoso, vou pular Yang Ze e revelar o próximo alvo da missão.]

Shao Si se endireitou:
[Alvo da missão? Aqui?]

Sistema:
[Conte da sua esquerda, terceiro.]

O olhar de Shao Si passou pelo assistente de direção e roteirista, fixando-se numa garota discreta e delicada: Ye Xuan.

Após Yang Ze ser retirado, Shao Si reiniciou sua apresentação.

Ye Xuan sentia que os olhos dele pareciam falar, caindo ocasionalmente sobre ela com um sorriso discreto.

O sistema interno comentou, um pouco irritado:

[Shào Shào, desde cedo percebi: toda vez que você se aproxima de uma garota, usa sempre a mesma abordagem. Meio forçada.]

Shao Si deu de ombros:

[Mas sempre funciona.]

Quando chegou a vez de Ye Xuan se apresentar, ela parecia um pouco tímida, inclinando-se levemente como quem faz uma reverência:

— Olá a todos, meu nome é Ye Xuan.

Talvez por causa dos anos cantando Jingju, seu tom final de voz levava um leve giro, delicado e prolongado. Havia algo ao mesmo tempo agudo e suave, sem destoar.

Ye Xuan. Uma artista silenciosa, dedicada à sua arte.

Por trás dela, quem sabe que histórias existiam?

Sistema:

[Missão iniciada. Sem prazo, sem pistas.]

[Recompensa da missão: dois anos.]

Máscara é um drama de época. A protagonista feminina e o segundo protagonista masculino são artistas, enquanto o protagonista masculino é um militar. Em resumo, é um triângulo amoroso.

O papel mais complexo não era dos dois homens, mas da mulher.

No clímax, fora dos muros, em meio à guerra, ela veste seu traje de ópera no pátio e começa a maquiar-se.

Então pega a arma, gira, e canta uma canção chamada Feng Chui He Ye Sha:

“No céu, a reunião dos dragões cessará… A pompa é falsa, os mecanismos das flechas, manipulo eu; a videira de Montanha Mǎng pende, estragando alguns… Permito-me no Samadhi, nos jogos de Bìyé. Vidas e mortes, enganos e iluminações, que se dane o esforço, palavras e letras serão insuficientes.”

Ao final, ela coloca a arma na boca, a palavra “esforço” ainda na música, e dispara.

“Bang.”

Shao Si, por mais que revisasse a cena, sentia um aperto no peito.

Como ela e o segundo protagonista eram do mesmo ofício, Shao Si tinha uma enorme vantagem. Além do professor de Jingju que o diretor havia chamado, ele podia aprender diretamente com Ye Xuan.

Enquanto houvesse uma desculpa para se aproximar, ele poderia extrair informações dela.

Ye Xuan era especialista em canto, mas sua atuação era mediana. Por isso, durante as aulas de Jingju, Shao Si ouvia o professor na sala ao lado, enquanto Ye Xuan praticava interpretação.

Na primeira aula da manhã, o professor lhe ensinou fundamentos básicos. Na pausa do almoço, Shao Si perguntou a Li Guangzong:

— Seu ídolo está estudando o quê? Ele não precisa atuar, e a atuação dele já é boa.

Li Guangzong, fã devoto, respondeu com entusiasmo:

— Ele está dando aula de interpretação para Ye Xuan.

Shao Si quase engasgou com a água:

— Esse diretor realmente sabe aproveitar todos os recursos.

Então, Shao Si vestiu um traje vermelho vibrante de Jingju e foi até a sala vizinha, ouvindo Gu Yanzhou explicando:

— Imagine, você neste mundo é como um cadáver ambulante. Nunca lutou, nunca se esforçou. Seu amor por aqueles dois é desprezado. Você os traiu, arquitetou sua morte — como se sente agora?

Ye Xuan respondeu baixinho:

— Distante? Sou uma pessoa sem sentimentos?

— Você tem sentimentos — Shao Si entrou na sala, fazendo a roupa vermelha balançar —, mas eles vivem apenas na performance. A realidade é diferente do que se canta, então você não sabe como viver.

— Você é o único do roteiro sem máscara. Porque você não tem rosto próprio. Interpretando Yu Ji, você é Yu Ji. Interpretando Su San, você é Su San.

— Você vive eternamente na peça.

Ye Xuan ficou em silêncio.

Gu Yanzhou, guardando o roteiro, disse a Shao Si:

— Assim você só confunde ela.

— Confunde? — Shao Si perguntou.

Ye Xuan assentiu.

— Então finja que não disse nada. Faça conforme seu entendimento — disse ele, coçando o nariz. — Quer almoçar comigo ao meio-dia? Tem algumas coisas técnicas que quero perguntar.

Embora tivesse dirigido a Ye Xuan, Gu Yanzhou, ao ouvir, guardou o roteiro e respondeu sério:

— Onde vamos comer? Estou com fome também.

Shao Si suspeitou que fosse intencional.

— Que tal o restaurante no térreo? Perto, não perdemos muito tempo.

O treinamento durava apenas duas semanas, com carga intensa. Normalmente levaria dois ou três meses. Não se sabia se o diretor confiava demais ou se tinha outro motivo.

Ye Xuan parecia calma, delicada e refinada. Mas quanto mais Shao Si convivia, mais percebia um traço de frieza interior.

Durante o almoço, Shao Si fez algumas perguntas profissionais e Ye Xuan respondeu pacientemente:

— Cantar, recitar, atuar e lutar são os fundamentos do Jingju.

Depois, ele perguntou sobre escolhas pessoais, como “Por que você escolheu a Academia de Ópera?”. Ela respondeu de forma breve, sem se aprofundar.

Quando terminou de comer, tentou pagar a conta, mas Shao Si impediu:

— Não precisa pagar, não me coloque em apuro.

Ele percebeu que ela não era tão fácil de lidar quanto parecia.

Gu Yanzhou, batendo os hashis na mesa, comentou:

— Voltou à realidade. Todos já foram embora e você ainda olha.

Shao Si respondeu com naturalidade:

— Estou olhando o relógio, o relógio na parede, de longe não dá pra ver direito.

Gu Yanzhou pegou um fio de macarrão, sem interrompê-lo.

Ao saírem, Gu Yanzhou comentou:

— Notei que você gosta de flertar com várias pessoas.

Shao Si quase escorregou. Segurou-se e perguntou, desconfiado:

— O quê?

Depois do almoço, Shao Si percebeu que Ye Xuan carregava algo além da timidez: havia uma aura de rigorosa disciplina. Ela falava pouco, mas cada gesto, cada olhar, era medido. Não era arrogância; era concentração.

Enquanto caminhavam de volta ao estúdio, Shao Si tentou puxar conversa:

— Você já ensaiou muito Jingju antes de entrar na Academia?

Ye Xuan respondeu baixinho:

— Desde criança.

— Uau… — Shao Si murmurou, admirado. — Então é por isso que você canta com tanto controle.

Ela apenas assentiu, voltando a olhar adiante. Shao Si percebeu que não adiantaria forçar uma interação mais pessoal. Era como se Ye Xuan existisse num mundo próprio, e ele, mesmo próximo, fosse apenas um espectador.

No estúdio, Gu Yanzhou começou a mostrar detalhes do roteiro, orientando os protagonistas. Shao Si se posicionou perto de Ye Xuan, observando cada nuance de sua interpretação, cada mínima inflexão de voz.

Durante os ensaios, Shao Si aproveitou cada oportunidade para estudar Ye Xuan. Cada pergunta sobre técnica, cada comentário sobre interpretação, era uma chance de entendê-la melhor. Mas, quanto mais ele via, mais percebia a complexidade dela: a garota que parecia tão tranquila era, na verdade, ferozmente autocrítica.

Ela não precisava de elogios. Cada ajuste que fazia em si mesma era suficiente para satisfazer seus próprios padrões. Shao Si começou a entender que conquistar sua confiança seria mais difícil do que imaginar qualquer cena dramática.

À noite, o grupo se reuniu novamente para revisar coreografias de luta. Shao Si e Ye Xuan estavam próximos durante os ensaios de combate teatral. Ele percebeu que, mesmo nos movimentos físicos, ela mantinha a mesma concentração intensa.

— Cuidado com o braço — disse Shao Si, tentando ajudá-la durante um movimento.

Ye Xuan apenas desviou o olhar, sem responder. Mas Shao Si sentiu que seu gesto foi notado; ela ajustou ligeiramente a posição, sem palavras, mas reconhecendo a observação.

Mais tarde, durante uma pausa, Shao Si comentou com Gu Yanzhou:

— Ela é incrível, mas parece impossível se aproximar de verdade.

Gu Yanzhou sorriu levemente:

— Quanto mais você observa, mais percebe que arte e vida dela estão profundamente entrelaçadas. Não tente forçar. Observe, aprenda e respeite o espaço dela.

Shao Si assentiu, absorvendo a lição. Ele sabia que conquistar a confiança de Ye Xuan exigiria paciência e sensibilidade, habilidades tão importantes quanto qualquer técnica de atuação.

No final do dia, enquanto os demais saíam do estúdio, Shao Si ainda permaneceu alguns instantes, observando Ye Xuan se afastar com passos firmes e medidos. Cada gesto dela, cada respiração, parecia contar uma história que ele ainda não compreendia totalmente.

— Amanhã será outro dia — murmurou para si mesmo. — E eu preciso estar pronto para cada detalhe.

O treinamento intenso, a disciplina impecável de Ye Xuan, e a dinâmica do set criaram um ambiente de tensão e expectativa. Shao Si percebeu que, mais do que apenas atuar, ele precisava entender profundamente a arte e a pessoa por trás da máscara.

Assim, a rotina do set continuava: estudo, prática, observação. Cada interação, cada ensaio, era uma oportunidade de aprendizado, e também de aproximação mas sempre dentro das barreiras que Ye Xuan impunha.

Nos dias seguintes, a rotina no set se estabeleceu com disciplina quase militar. Shao Si continuava a observar Ye Xuan de perto, estudando cada gesto e cada entonação de voz. Ele ainda não tinha conseguido quebrar a barreira que ela naturalmente impunha, mas percebia pequenas fissuras: um olhar mais longo, uma resposta levemente menos rígida, sinais sutis de reconhecimento de sua presença.

Gu Yanzhou, por outro lado, se manteve como um constante ponto de referência. Durante os ensaios, oferecia instruções claras, explicando as nuances do roteiro e das técnicas de Jingju, e Shao Si aproveitava cada oportunidade para absorver o máximo de informação.

— Lembre-se — disse Gu Yanzhou durante um intervalo, atuação não é só repetir movimentos. É sentir o personagem. Cada gesto, cada respiração, cada olhar deve transmitir sua essência.

Shao Si assentiu, pensando em Ye Xuan. Cada movimento dela parecia ser estudado, cada expressão medida. Para ele, aproximar-se dela exigiria não apenas técnica, mas compreensão profunda de quem ela era dentro e fora do personagem.

Durante um ensaio de cena de combate, Shao Si notou uma tensão estranha entre os dois protagonistas masculinos da série. O militar interpretado por outro ator mostrava uma energia competitiva, quase desafiadora, sempre tentando dominar o espaço da cena. Shao Si, com seu olhar analítico, percebeu que Ye Xuan reagia a cada gesto deles de maneiras distintas, e começou a registrar mentalmente cada sutileza.

— Precisa mover o braço assim — disse Shao Si baixinho, tentando corrigir uma postura de Ye Xuan.

Ela apenas olhou de relance e ajustou o movimento. Nenhuma palavra, mas o reconhecimento estava ali.

No intervalo, enquanto Shao Si conversava com Gu Yanzhou, refletiu sobre a complexidade de interpretar um triângulo amoroso.

— Parece simples, mas é complicado — comentou. — Cada gesto influencia mais de uma relação.

Gu Yanzhou sorriu com a observação:

— É por isso que a técnica e a sensibilidade andam juntas. O drama não é só sobre quem ama quem; é sobre como cada personagem vê o mundo, como reage à perda e ao desejo.

Mais tarde, Shao Si percebeu pequenas mudanças em si mesmo. Observá-la tão de perto, ouvir suas respostas mínimas, sentir a intensidade de seu compromisso com a arte tudo isso o fazia analisar suas próprias atitudes, sua paciência e sua sensibilidade.

Quando a noite caiu, Shao Si permaneceu alguns instantes no estúdio vazio, observando Ye Xuan sair com passos firmes. Ele pensou:

— Amanhã será outro dia. Preciso estar mais atento. Preciso compreender cada nuance.

O clima entre os protagonistas masculinos e Ye Xuan começou a ganhar forma. Shao Si sabia que cada gesto, cada expressão, carregava significado dentro do triângulo amoroso que se desenrolava. Mas ele também percebia algo mais: a própria Ye Xuan, além do personagem, tinha camadas que precisavam ser entendidas.

Gu Yanzhou, sempre atento, notou o olhar de Shao Si:

— Não se perca no personagem dos outros. O mais importante é o que você aprende observando e sentindo a arte em si.

Shao Si assentiu, absorvendo cada palavra. Ele sabia que cada interação com Ye Xuan era uma oportunidade de aprendizado e talvez também de conexão, mas que precisava de paciência.

Assim, o set se tornou não apenas um local de atuação, mas um espaço de observação, estratégia e compreensão emocional. Shao Si percebeu que o verdadeiro desafio não era apenas atuar, mas entender profundamente a arte, os personagens e, principalmente, as pessoas por trás das máscaras.

Nos dias seguintes, Shao Si se tornou cada vez mais observador. Ele estudava não apenas os movimentos de Ye Xuan, mas também suas reações sutis diante dos outros protagonistas masculinos. Cada olhar dela, cada hesitação ou leve mudança de postura parecia carregar significado.

Durante um treino intenso de Jingju, Gu Yanzhou interrompeu a sessão:

— Muito bem, mas atenção aos detalhes! O público sente quando a emoção não é verdadeira. Não é só técnica, é alma.

Shao Si aproveitou para se aproximar de Ye Xuan, oferecendo comentários discretos sobre os gestos e postura. Ela, sempre reservada, inicialmente não reagiu, mas gradualmente começou a ouvir. Ele percebeu que, embora ela mantivesse uma fachada calma, havia uma apreciação silenciosa de sua atenção aos detalhes.

No intervalo, Shao Si tentou puxar uma conversa mais leve:

— Está se adaptando bem à rotina intensa do set?

Ye Xuan respondeu com um meio sorriso, quase imperceptível:

— Sim. É desafiador, mas gratificante.

O pequeno gesto parecia mínimo, mas para Shao Si, significava uma abertura uma brecha no rigor impenetrável de Ye Xuan. Ele começou a perceber que conquistar sua confiança exigiria mais do que observação: paciência, sensibilidade e timing perfeito.

Enquanto isso, os ensaios do triângulo amoroso se tornavam cada vez mais complexos. O outro protagonista masculino, um jovem militar, mostrava comportamento competitivo, muitas vezes forçando situações dramáticas. Shao Si notava como Ye Xuan reagia a cada gesto dele: pequenas mudanças de expressão, olhares fugazes, respirações mais curtas. Tudo era material para estudo.

Em uma cena de confronto, Shao Si interagiu diretamente com Ye Xuan:

— Tente sentir a raiva e a tristeza do seu personagem ao mesmo tempo disse ele, ajustando levemente sua postura para ajudá-la a transmitir a emoção.

Ela olhou para ele, por um instante, como se estivesse avaliando sua sinceridade. Então, silenciosamente, ajustou seu gesto. Nenhuma palavra, mas a comunicação não verbal era clara.

Mais tarde, durante o jantar no set, Shao Si refletiu:

— Cada movimento dela conta uma história. Cada resposta, mesmo mínima, é um aprendizado.

Gu Yanzhou percebeu seu foco e comentou:

— Observar é tão importante quanto atuar. A verdadeira arte está em entender o que não é dito.

Shao Si sorriu por dentro, sabendo que cada interação com Ye Xuan era uma oportunidade única. O triângulo amoroso do roteiro não era apenas ficção: ele podia sentir a tensão e as emoções reais se manifestando na atriz.

A relação entre os três personagens começava a se desenhar, mas o mais intrigante para Shao Si era Ye Xuan. Por trás da fachada de disciplina e serenidade, havia complexidade emocional, vulnerabilidade e uma força silenciosa que ele ainda não compreendia totalmente.

Ao final do dia, enquanto os outros se retiravam, Shao Si permaneceu por alguns instantes observando Ye Xuan se afastar. Cada passo dela, cada movimento de suas mãos, parecia transmitir uma mensagem silenciosa que ele precisava decifrar.

"Amanhã será outro dia murmurou Shao Si, determinado. Preciso entender cada detalhe, cada nuance."

O set de filmagem, o treino rigoroso e a dinâmica do triângulo amoroso transformavam-se, para Shao Si, em um campo de estudo: não apenas de atuação, mas de compreensão humana e artística.

E assim, Shao Si descobriu que, para interpretar com profundidade, era necessário compreender não apenas o personagem, mas também a pessoa por trás dele especialmente alguém tão complexo quanto Ye Xuan.


No início da segunda semana de treinamento, a dinâmica no set começou a mudar de forma sutil, quase imperceptível. Shao Si percebeu que Ye Xuan não apenas aceitava suas observações discretas, como agora começava a esperar por elas. Um gesto, um ajuste de postura, uma indicação sobre entonação: cada interação criava uma conexão silenciosa entre eles.

Durante uma cena de combate dramático, o outro protagonista masculino, sempre competitivo, exagerou em seus gestos, tentando dominar a cena. Ye Xuan, ainda focada, reagiu com um ligeiro recuo, medindo cada passo, cada olhar. Shao Si, atento, percebeu a tensão: ela não se deixava intimidar, mas também não respondia de forma agressiva.

— Não deixe que ele dite sua emoção murmurou Shao Si, baixinho, enquanto ajustava sua própria postura para equilibrar a cena.

Ye Xuan desviou os olhos por um instante, quase como se reconhecesse a presença dele. Um pequeno sorriso surgiu, imperceptível para todos, mas claro para Shao Si.

Durante o intervalo, Shao Si comentou com Gu Yanzhou:

— Ela está… diferente. Mais receptiva, mas ainda cautelosa.

— Bom sinal — respondeu Gu Yanzhou. — Significa que você está começando a ganhar a confiança dela. Mas cuidado: confiança na arte não significa confiança pessoal.

À medida que os ensaios avançavam, Shao Si começou a perceber nuances mais profundas no comportamento de Ye Xuan. O modo como ela olhava para o outro protagonista, a forma como equilibrava emoções conflitantes durante as cenas, a atenção que dedicava aos mínimos detalhes: tudo isso tornava cada ensaio uma lição de interpretação e de compreensão humana.

Em uma cena particularmente intensa, Shao Si se aproximou novamente dela:

— Sinta a dor e a saudade ao mesmo tempo. Deixe que essas emoções se misturem naturalmente.

Ye Xuan olhou para ele, demorando alguns segundos antes de ajustar seu gesto. A comunicação silenciosa funcionava: não precisavam de palavras para transmitir intenção, apenas atenção e presença.

Mais tarde, enquanto caminhavam pelo estúdio vazio, Shao Si comentou baixinho:

— É incrível como você consegue manter o controle mesmo nas cenas mais emocionais.

Ye Xuan apenas olhou adiante, mas dessa vez não desviou completamente o olhar. Havia uma curiosidade contida, um interesse velado. Shao Si sentiu que essa pequena abertura podia ser o começo de algo mais.

Enquanto isso, a tensão com o outro protagonista masculino continuava. Cada gesto competitivo, cada tentativa de se destacar, aumentava a complexidade do triângulo amoroso. Shao Si percebeu que precisava não apenas focar em Ye Xuan, mas também entender as dinâmicas entre todos os personagens para interpretar sua própria função na história com precisão.

Ao final do dia, Shao Si ficou observando Ye Xuan se afastar, seu perfil iluminado pela luz do estúdio. Ele percebeu que, além de aprender sobre arte, estava aprendendo sobre paciência, percepção e conexão emocional. Cada gesto dela contava uma história que ele precisava decifrar, não apenas como ator, mas como alguém tentando entender outra pessoa profundamente.

— Amanhã será outro dia — murmurou Shao Si para si mesmo. — E cada detalhe contará.

O treinamento intensivo e as interações sutis estavam transformando o set não apenas em um palco para a atuação, mas em um laboratório de emoções, aprendizado e descobertas silenciosas.

No oitavo dia de treinamento, o clima no set parecia mais intenso. Cada interação, cada gesto de Ye Xuan, carregava uma carga sutil de emoção que Shao Si não podia ignorar. Ela ainda mantinha sua disciplina rigorosa, mas havia pequenos sinais de curiosidade e atenção pequenos gestos que ele reconhecia imediatamente.

Durante uma cena de confrontação emocional, Shao Si se aproximou discretamente:

— Não apenas fale as palavras, sinta cada sílaba murmurou, ajustando o ângulo de seu gesto para ela.

Ye Xuan olhou para ele, demorou um instante, e então ajustou sua postura. Nenhuma palavra, apenas um breve contato visual. Para Shao Si, era como se ela tivesse reconhecido sua presença de uma maneira mais pessoal.

Enquanto isso, o outro protagonista masculino mostrava uma competitividade quase provocativa. Cada gesto seu parecia desafiar Shao Si e, ao mesmo tempo, testar a reação de Ye Xuan. Shao Si observava silenciosamente, percebendo que Ye Xuan respondia de formas imperceptíveis: um leve franzir de sobrancelhas, um olhar de reprovação ou apenas um sutil recuo.

No intervalo, Shao Si se aproximou de Ye Xuan de maneira casual, tentando quebrar o gelo:

— Parece que ele está tentando te intimidar. Mas você consegue manter o controle.

Ela desviou o olhar, mas dessa vez não se afastou imediatamente. Havia um pequeno sinal de reconhecimento, quase imperceptível: um gesto de cabeça, um leve sorriso contido. Shao Si sentiu que aquela era uma pequena vitória silenciosa.

Mais tarde, durante a prática de canto, Shao Si percebeu que Ye Xuan começava a olhar para ele com mais atenção, medindo cada comentário que fazia, avaliando cada ajuste que ele sugeria. Ele começou a notar que, embora ainda reservada, ela apreciava sua observação não como crítica, mas como cuidado.

Após o ensaio, enquanto caminhavam pelo corredor do estúdio, Shao Si falou baixinho:

— Amanhã será uma cena difícil. Podemos ensaiar juntas?

Ye Xuan olhou para ele, hesitou, e finalmente assentiu.

— Tudo bem.

Era a primeira vez que ela aceitava um convite tão pessoal, sem a formalidade de instruções do professor ou do diretor. Shao Si sentiu uma excitação contida uma abertura real, mesmo que mínima.

Na saída do estúdio, Shao Si percebeu o outro protagonista observando a interação. Ele se manteve discreto, mas a tensão entre os três crescia silenciosamente. Cada gesto, cada palavra, cada olhar tornava-se carregado de significado, construindo camadas de emoção que não existiam no roteiro apenas, mas na vida real do set.

Enquanto caminhavam lado a lado, Shao Si percebeu algo que nunca havia notado antes: Ye Xuan tinha uma leve hesitação antes de entrar em qualquer sala, como se medisse cada passo. Ele comentou baixinho:

— Por que você sempre mede tanto?

Ela desviou os olhos e respondeu quase sem som:

— Medir evita erros.

— Talvez, mas às vezes pequenas imperfeições fazem a diferença.

Ela olhou para ele por um instante, e Shao Si sentiu que aquela simples frase tinha aberto uma brecha ainda maior na barreira de Ye Xuan.

O treinamento intenso, os ensaios emocionais e as interações silenciosas começaram a criar uma dança de aproximação: olhares furtivos, gestos discretos, pequenos sinais de atenção que indicavam que o coração de Ye Xuan talvez estivesse começando a perceber Shao Si de maneira diferente.

E Shao Si, atento a cada mínima nuance, sabia que aquele jogo silencioso estava apenas começando.


No dia seguinte, o ensaio começou com uma cena emocionalmente carregada. Shao Si e Ye Xuan precisavam interpretar um momento em que o conflito interno dos personagens atingia o auge. Cada palavra, cada gesto, carregava peso e Shao Si percebeu que Ye Xuan agora estava mais sensível à sua presença.

Durante uma pausa, ele se aproximou: — Tente sentir não apenas a raiva do seu personagem, mas também a saudade murmurou.

Ye Xuan olhou para ele, por um instante, e sorriu levemente. O sorriso durou apenas um segundo, mas para Shao Si foi suficiente: um sinal claro de que ela reconhecia sua ajuda de maneira mais pessoal.

O outro protagonista masculino, percebendo a aproximação silenciosa, tornou-se mais agressivo em suas interpretações, tentando roubar a atenção de Ye Xuan. Shao Si notou a tensão crescente: cada gesto exagerado dele fazia Ye Xuan reagir de forma sutil uma sobrancelha levantada, um olhar rápido, um pequeno recuo. Shao Si compreendeu que a disputa emocional estava começando a se desenrolar também fora do roteiro.

Durante o ensaio de canto, Shao Si sentiu a oportunidade de se aproximar ainda mais.

— Vamos tentar juntos? — perguntou baixinho.

Ye Xuan hesitou, mas dessa vez não respondeu com um simples aceno; em vez disso, manteve o olhar nele por mais tempo do que o habitual.

— Tudo bem — respondeu, em tom quase imperceptível.

O simples ato de concordar transformou o ambiente entre eles. Cada movimento, cada palavra não dita, carregava agora uma tensão diferente. Shao Si percebeu que cada gesto dele começava a ter efeito sobre ela, mesmo que ela tentasse manter sua disciplina rígida.

Mais tarde, durante a revisão das cenas, Shao Si percebeu que Ye Xuan agora procurava suas expressões, suas indicações silenciosas. Ele ajustava levemente suas próprias ações para guiá-la, e ela seguia, sem palavras, apenas captando a intenção por trás de cada gesto.

Quando os ensaios terminaram, Shao Si caminhou ao lado dela pelo estúdio, em silêncio. O outro protagonista masculino os observava de longe, franzindo a testa com ciúmes velado. Shao Si percebeu que o triângulo amoroso não era apenas dramatização; a tensão estava se refletindo em todos os três de forma quase palpável.

Shao Si murmurou:

— Você está melhorando cada dia mais.

Ye Xuan desviou os olhos, mas não se afastou.

— Obrigada — respondeu, quase em segredo.

Foi a primeira vez que ela o agradeceu diretamente. Shao Si sentiu um leve calor no peito: aquela pequena interação significava que a barreira estava cedendo, mesmo que só um pouco.

Enquanto caminhavam de volta, Shao Si pensava:

— Cada detalhe importa. Cada gesto, cada silêncio. É assim que a confiança se constrói… e talvez algo mais.

O treinamento intenso e a tensão emocional começavam a revelar não apenas as habilidades artísticas, mas também o início de um vínculo real, silencioso e cheio de nuances entre Shao Si e Ye Xuan. A química que antes estava escondida nas nuances do roteiro agora se manifestava nos pequenos sinais do dia a dia, tornando cada ensaio um jogo de observação e aproximação.

O último dia de treinamento chegou com uma energia diferente no set. Cada um dos protagonistas estava mais consciente das próprias emoções, e Shao Si sentiu que a tensão silenciosa entre ele, Ye Xuan e o outro protagonista masculino atingira um ponto quase insuportável.

Durante a cena final de ensaio, Ye Xuan precisava expressar dor, raiva e saudade simultaneamente. Shao Si aproximou-se discretamente:

— Respire fundo e deixe que a emoção flua naturalmente. Não pense em mim, apenas no seu personagem.

Ela olhou para ele, e desta vez, o olhar demorou alguns segundos, carregado de algo indefinível. Então assentiu, como se entendesse a instrução mais profundamente do que qualquer palavra poderia transmitir.

Enquanto a câmera gravava, Shao Si percebeu cada microexpressão dela. O modo como ela inclinava a cabeça, a maneira como os olhos se suavizavam em momentos de dor tudo isso era informação valiosa, não só para a atuação, mas também para compreender Ye Xuan como pessoa.

O outro protagonista masculino tentava interpor-se emocionalmente, tentando chamar atenção, mas Ye Xuan o ignorava de maneira quase imperceptível. Shao Si percebeu que ela começava a estabelecer limites, mas de forma sutil, sem confronto direto.

Quando a cena terminou, Ye Xuan saiu do palco, respirando fundo. Shao Si aproximou-se dela:

— Perfeito. Você conseguiu equilibrar tudo — disse baixinho, sorrindo.

Ela desviou o olhar, mas desta vez não recuou. Um leve rubor surgiu em suas bochechas, e Shao Si percebeu que aquele gesto era uma resposta emocional genuína, não apenas resultado da cena.

Mais tarde, no corredor do estúdio, enquanto todos se dispersavam, Shao Si comentou casualmente:

— Amanhã já é dia de filmagem real. Se conseguirmos manter essa sintonia, vai ser incrível.


Ye Xuan olhou para ele por um instante e, pela primeira vez, quebrou a barreira completa:

— Obrigada por me ajudar. — Sua voz estava suave, quase vulnerável.

Shao Si sentiu um calor estranho no peito. Ela nunca havia dito isso antes. Pequenos gestos, pequenas palavras, tudo indicava que a aproximação que ele vinha cultivando finalmente estava sendo reconhecida.

O outro protagonista masculino, observando à distância, percebeu que algo mudara. A tensão não era mais apenas dramática; havia um vínculo silencioso entre Shao Si e Ye Xuan que ele não podia ignorar. A competição pelo espaço emocional tornara-se real.

Enquanto Shao Si acompanhava Ye Xuan até a saída, refletiu:

— Cada gesto, cada olhar, cada silêncio conta. É assim que a conexão verdadeira se constrói. Não é só sobre atuar, é sobre entender e sentir.

O treinamento terminou oficialmente, mas para Shao Si, aquele set havia se transformado em muito mais do que prática artística: era um laboratório de emoções, observação e aproximação silenciosa. Cada detalhe importava, e ele sabia que cada interação com Ye Xuan agora carregava um peso emocional que ultrapassava a mera técnica.

O triângulo amoroso no roteiro havia começado a refletir a realidade emocional no set, e Shao Si percebeu que o jogo que ele jogava com os gestos e olhares de Ye Xuan estava apenas começando a revelar sua profundidade.

No final do dia, o estúdio começou a esvaziar. Shao Si permaneceu alguns minutos observando Ye Xuan organizar seus pertences, cada movimento seu parecendo carregado de graça e precisão. Ele percebeu que, além da disciplina e técnica, havia algo genuinamente humano ali uma vulnerabilidade contida que ele ainda não conhecia completamente.

Enquanto caminhavam juntos para a saída, Shao Si falou baixo:

— Você se saiu muito bem hoje. Realmente impressionante.

Ye Xuan olhou para ele, e pela primeira vez manteve o olhar firme e contínuo:

— Obrigada. — Havia sinceridade na voz dela, sem formalidade, sem barreiras.

O outro protagonista os observava à distância, claramente incomodado. Shao Si sentiu a tensão crescer, não mais como simples rivalidade artística, mas como um confronto emocional real. Ele percebeu que a dinâmica do triângulo havia mudado agora havia sinais claros de afeto, ainda que silenciosos, entre ele e Ye Xuan.

Enquanto esperavam o transporte de volta, Shao Si comentou casualmente:

— Amanhã começa a filmagem oficial. Espero que possamos manter essa sintonia.

Ye Xuan apenas sorriu levemente, e Shao Si sentiu que aquele sorriso não era apenas cortesia; havia algo de pessoal, algo que ele estava começando a conquistar lentamente.

No caminho, Shao Si refletiu:

— Cada detalhe conta. Cada gesto, cada olhar, cada silêncio. E, às vezes, é no que não se diz que se constrói a maior conexão.

O treinamento tinha acabado oficialmente, mas para Shao Si, aquele set se tornara muito mais que prática artística: era um laboratório de emoções, percepção e aproximação silenciosa. A tensão, o flerte, os pequenos sinais de interesse mútuo tudo estava agora registrado em sua mente, como preparação não apenas para as cenas do drama, mas para algo que ele ainda não sabia como nomear.

Enquanto Ye Xuan se afastava pelo corredor, Shao Si sentiu uma determinação firme crescer dentro dele:

— Amanhã será outro dia, mas cada pequeno gesto de hoje já mudou tudo.

O capítulo fechava com a sensação de um novo começo, não só para a história no roteiro, mas para o vínculo silencioso que começava a se formar entre Shao Si e Ye Xuan, deixando o leitor ansioso pelo desenrolar das relações e conflitos no próximo capítulo.

Página anterior》 《Menú inicial

13 de out. de 2025

Poem of Light Year - Capítulo 07

Capítulo 07

A luz do sol da manhã estava tão forte que tive que abrir os olhos relutantemente.
O toque suave da cama me fazia dormir profundamente. A cabeça estava um pouco pesada, mas o resto do corpo parecia normal. Após ajustar a visão, pude perceber mais detalhes ao redor.

Droga! Este não é meu quarto. Mas as consequências de voltar no tempo várias vezes me deixaram claro quem era o dono do quarto em que eu estava agora.

“Você acordou, não é?” Agora, alguém espiava pelo canto da porta do banheiro, e eu fiz uma cara de cachorro confuso para ele.

“Sim. Eu dormi no seu quarto ontem à noite?”

“É. Você ainda está com dor de cabeça ou algum desconforto?”

“Um pouco, mas acho que passa depois do banho. Mas… você fez alguma coisa comigo ontem à noite?” Ao perguntar, rapidamente me inclinei para olhar meu corpo, mas só havia uma camisa com algum desenho de ganso desconhecido de Pi Saeng.

Se você perguntar como eu sabia:
Primeiro, era larga demais para mim. Segundo, tinha um cheiro único que ninguém mais poderia ter.

“O que eu poderia ter feito com você? Melhor perguntar: o que você fez comigo ontem à noite?” O corpo alto saiu e ficou à minha frente em postura ameaçadora. Eu só tinha uma toalha enrolada na cintura, então não pude evitar lembrar do incidente que aconteceu antes.

“En… então, o que eu fiz com você?”

“Você me chutou da cama. Sua mãe… teve que dormir no sofá lá fora.”

“Então, por que você não sabe?”

“Claro, você estava tão bêbado. Quando saí para te impedir de beber, você se recusou. Queria beber tudo de uma vez.”

“Timidez com os clientes. Ah, então você trocou minhas roupas ontem à noite? Aproveitou meu conforto?”

“Quem se aproveitaria do seu conforto, Bothkawee?” Os olhos afiados estreitaram-se levemente antes de acrescentar: “Você se trocou sozinho, tomou banho sozinho, voltou a dormir sozinho, acabou. Não me deu nenhum trabalho.”

“Então, por que você é tão bom?”

“Sim… então apresse-se e tome banho, para sairmos para comer e depois ir para a escola. O uniforme estudantil pode ser separado e colocado antes.”

Quando Pi Saeng terminou de resumir, não esperou eu responder e me puxou pelo pulso até o banheiro.

Tudo acontecia em um período incrivelmente rápido. Depois de terminar minha higiene pessoal, senti um leve aroma vindo de fora.

“Vai comer o quê?” Meu nariz parecia detectar imediatamente a comida.

“Não fiz nada. Pedi pelo Grab Food, como prometido.”

“Ei, sério?” Minhas pernas mal conseguiam acompanhar meus pensamentos, e percebi que ele já estava sentado à pequena mesa de jantar com doces que eu nunca tinha provado antes, porque sempre fui pobre. Até ter a chance de provar, era necessário colocar tudo na boca devagar, sem mastigar muito, com medo de acabar rápido.

Que tristeza…

“Pedi mingau de camarão, então não precisa comer demais. Você vai ficar cheio.” Pi Saeng disse, olhando para mim.

“Está brincando?”

“Onde está o truque? Ah, há duas tigelas. Uma tem cinco camarões, a outra três. Qual você escolhe?”

“Por que as pessoas deixam assim?”

“Escolha primeiro.”

“Já disse, escolho cinco.”

“Ok.” Ele pegou a colher e começou a transferir os camarões de uma tigela para outra, e eu rapidamente parei suas mãos.

“Oba. Como assim? Achei que fosse desigual.”

“Então quero dar. Se ficar com fome de novo, é só comer.” Pi Saeng não me ouviu e moveu a tigela de mingau para o outro lado, sentando-se à mesa e me forçando a me sentar, mas não resisti.

“Obrigado.” Aquele dia foi realmente a primeira manhã da minha vida em que comi algo assim. O leite gelatinoso com três colheres de xarope de framboesa também foi devorado. Pensando nisso, quase chorei.

“De nada.”

“E o dinheiro que P’Fluke me deu ontem à noite?”

“Ho… mão de vaca.”

“Ia te dizer para descontar na comida, mas sei que não é suficiente. Você tem que pagar primeiro e depois o resto na próxima vez.”

“Fala demais. Só coma e se prepare.”

“De onde vem essa riqueza?”

“Dos meus pais.”

“Não suporto isso.”

Também tenho que admitir: o capital original das pessoas não é igual. Lembro que dez anos no futuro, antes de tudo mudar, Pi Saeng havia conquistado uma posição que a maioria não conseguiria tão jovem. Sua casa está no ramo de decoração de interiores, do design à execução. A renda é tanta que nem sei quanto, e ainda cuida da vida de tantos funcionários.

Enquanto isso, o tio Botkawee, sozinho e desamparado, ainda precisava trabalhar duro traduzindo legendas de filmes para cumprir prazos.

Droga… que triste. Sim, tenho me sentido triste com frequência ultimamente.


Paint with Love - Capítulo 18

Capítulo 08 :: Fique quieto…

…enquanto toda a sala estava oposta: “Oh… Mãe! Que diabos é isso? Olha, novecentas e noventa e nove rosas no campo de futebol, uau uau.” A única mulher que restava na sala deu de ombros. “Meu marido nunca fez algo assim.”

“Ah, o que é isso, Kua? ‘Eu te amo mais, L’ Aaa. Não… A mão dele está na posição certa.” Rut continuou rolando as fotos.

“Espere, P’Rut. Vamos voltar para a foto que acabei de tirar.” Não importava, o grande chefe estendeu a mão e apertou o teclado sozinho por não ter sido rápido. “P’Kua… Isso é mentira, isso é um chaveiro de flores. P’L, eu ainda entendo, mas esse P’ parece um bandido.”

Pabb viu todos falando. “Seu desgraçado…”

“Chega!” O bastardo estava demais. Intercepte a estrela da manhã, ele não tinha mais diálogo. “Vocês estão ameaçando minha privacidade!”

“Pode discutir comigo, não precisa ficar corado.” Pela primeira vez, a foto de Maze Kuantin parecia muito sofisticada. O grande chefe ergueu as sobrancelhas nervosamente. “Agora você consegue me contar?”

“Vocês se olham desse jeito, ainda vão me deixar contar?” Ele realmente não se importava… eles reviraram suas pastas quase as rasgando.

“Ah… que embaraçoso, não é? No escritório, agindo como se tivesse dado uma mordida maliciosa ao falar mal dela.”

“Eu não fiz isso, idiota.”

“Eu acho que sou a estrela de um filme coreano, Nong Phipha. Nunca vi o filme na minha frente.”

“É bom se exibir…”

“Claro, eu também sei machucar bem.”

“Não se convidem fora da história.” Maze bateu na mesa, franzindo a testa… era um olhar ameaçador que o fez engolir a saliva. “Conte, P’.”

Juro que sou seu irmão…

Ele engoliu a saliva ao perceber que todos os olhos na sala estavam fixos nele, quase penetrando seus intestinos. Lambeu os lábios… “É…”

“…”

“Vocês não precisam olhar assim…” Ele fez uma pausa ao notar o olhar irritado dos mais novos. “Uh… bem… nós namoramos no ensino fundamental…”

Pode-se ver nas fotos do computador… todas do ensino médio. L está usando uma saia azul sobre a cabeça com um laço de cabelo, sorrindo amplamente para a câmera. Ao lado dela, uma versão mini de Kua, não tão rude quanto é hoje, vestindo uniforme escolar e calça preta, exibindo sua namorada.

“L… admiro que você sempre foi uma garota esperta. Não deveria se deixar enganar por isso.”

“Por que você precisa fazer tanto barulho trágico?” Kua bufou. “Naquela época, meu rosto era bonito!”

“O tempo é tão cruel,” Rut rolou as fotos, ainda mais entristecido.

“Uma mulher bonita como L não deveria ter passado por algo que destrói a vida.”

“Eu não…”

“Kue,” Pabb chamou e apontou com o dedo. “Isso é um par de anéis? Eu já vi L usando algo parecido.”

Kub… Todos os olhos se voltaram para o anel de prata no dedo médio de Kua.

Quanto ao dono, seu rosto estava pálido. Desde que Ai’Kua nasceu e sobreviveu por trinta anos, nunca houve uma perda assim antes. Ei, por que estão me olhando assim, amigos…

“Você colocou um par de anéis no dedo médio… já prosperou.”

“Bem, agora quero saber mais.”

“Maze… me deixe ir. Preciso voltar e alimentar os hamsters em casa.”

“Só estou perguntando, P’Kuea,” Maze sorriu, “estou só perguntando honestamente… você ainda gosta da P’L?”

Escaldante, gritando, chiando… Um soco tão forte no meio do rosto que Kua quase desmaiou. Ele segurou o encosto para não cair da cadeira. O homem com rosto brutal cheio de cotos de bigode verde, seu rosto lentamente ficando vermelho… antes que Kua enterrasse apressadamente o rosto na palma da mão. Quanto mais ele fazia isso, mais…

Terrível… nos corações de todos gritava…

“Bem… bem… me sinto… bem… apegado a ela… primeira namorada também.”

“Garotos… aprendam a se aceitar honestamente, P’.”

“Ah, eu a amo!” ele gritou, seu rosto ficando vermelho, que todos concordaram que parecia mais bêbado do que envergonhado. “Quem diria que nos encontraríamos de novo assim?”

“Então por que a pasta se chama café?” Rut disparou uma série de perguntas para ele.

“Bem… nos conhecemos pela primeira vez em uma cafeteria.”

“Então por que terminaram?” Pabb se perguntou se era parecido com ele.

“Bem, eu tinha tanto ciúme dela… ela não aguentou.”

“Eu te entendo, Kua.” Rut deu um tapinha no ombro do amigo. “Um cara com cara de mau como você tem uma namorada bonita, então é normal ter ciúmes. Ggg…”

Todo o escritório explodiu em risadas sem controle. Ai Kua estava tão grato pela amizade… Ai, lágrimas escorriam.

“Já terminaram de rir? Vou poder voltar para casa.”

“Você parece rabugento, e ainda está indiferente. L era tão jovem quando partiu.”

“Sabe, o homem que respeito depois do meu pai é o marido de Jee. Não sei como consigo suportar.”

“O quê! Você quer se encontrar, né, desgraçado!”

“Não briguem, P’! Agora acho que temos algo divertido para fazer no escritório e aliviar o estresse.” Uma frase simples de Poramat foi como uma faca afiada inserida na garganta de Kua. “Você disse que gosta da L?”

“…” Não, Ai’Maze, não faça nada comigo…

“Ele disse que ajuda as pessoas a serem realizadas no amor. Isso gera muitos méritos… Não acha?”

O homem que é respeitado depois do marido de Nong Noona é ele mesmo.

… que pode suportar o chefe…

“Não… eu disse para não se incomodar.”

“Heh Na Kua,” riu, “a oportunidade chegou para você.”

“Você não entende, Pabb,” Kua xingou. “L, ela não gosta mais de mim. Ela flertou com esse cara em todo lugar.”

“Ela não tem namorado, perguntei à Noona.”

“E você acredita? Uma garota tão bonita assim não teria namorado?”

Pabb quase escorregou. ‘Não tenho nenhum,’ mas ele tinha medo que os colegas achassem que ele era muito narcisista e mudou suas palavras. “Mas ela ainda usa o anel de casal que você deu.”

“Mas colocar no dedo médio? Maldições burras contra mim.”

“Então você colocou no seu dedo médio primeiro, vai deixar ela colocar no seu dedo anelar esquerdo? Mulher tem dignidade.”

“Bem, é… Jia..” Eu não podia discutir com isso. “Mesmo assim, não concordo em trocar de trabalho com L hoje. Vai ficar quebrado, olhando um para o outro em vão.”

“Fale bem com L, sei que tem medo que ela perceba que você ainda gosta dela e você vai perder a face. Então gosta de fingir provocá-la, né? Quando chegar em casa, não vou ter TV, mas esse plano nunca foi tão bem-sucedido como no drama. Meu amigo na faculdade foi abandonado por agir assim.”

“E você acha que vou flertar com ela em um dia?”

“Pelo menos faz você se sentir melhor.” Diga… Pabb não ousava sugerir nada. Bem, ele estava longe de histórias de amor há três anos e já havia entrado no espírito da arte. Isso não é diferente de rezar.

“O que você está dizendo?”

Heh heh heh heh… Kua se assustou quando a protagonista da história entrou. L vestia uma camisa marrom-amarela com o logo gigante da empresa de café no peito, igual à deles. Ela usava muito maquiagem, mas homens estúpidos tendem a achar que é maquiagem natural… bem… ela sempre foi bonita aos olhos de Kua.

“L, você sabia que hoje o chefe nos deixou trocar de equipe?” O evento de hoje era um evento itinerante no conceito de caravana de café. Eles eram responsáveis por controlar a procissão de funcionários para distribuir café em vários locais de Bangkok. Era um novo produto de uma antiga empresa de café, mas desta vez feito em sachês de café instantâneo que só acrescentam água fria e podem beber imediatamente. A empresa queria distribuir o trabalho em dois grupos de dois para verificar o serviço.

L franziu a testa, sem entender. “Bem, Pabb foi com Kua, não foi?”

Kua olhou para Pabb como se dissesse, ‘Viu, te falei que ela está descontente.’ “Mudança repentina, P’L.” Vendo a má postura, o original pensou em coisas loucas como Poramat, inesperadamente entrou na cena. “Bem, tenho que levar o departamento de arte para visitar Siam por um tempo.”

“Espere… você vai com L?... Ahh…” Se quiser chutar as pernas, seja suave, chefe. “Sim.. sim, concordamos em parar para ver o evento por perto.”

“Huh?” L estreitou os olhos, mas o rosto de Poramat estava muito mais calmo que muitos. Ele tinha um olhar severo como quando estava estressado com o trabalho.

“Bem, tenho que preparar para explorar o local para o grande evento do próximo mês, P’.” Ele fingiu levantar o relógio. “Fique de prontidão, P’. Vou deixar a procissão seguir. Vejo vocês à noite em frente ao MBK e também me reportem.” Maze cortou o roteiro com firmeza e saiu… mas teve que se virar.

“Você, me siga!”

Oh, meu! Ter um subordinado tão lento assim, a vida é realmente difícil!

Pabb coçava a cabeça confuso enquanto saía do pequeno dependente… Espere um minuto. Peça tempo de processamento. No começo, ele foi pareado com Kua, L com Maze, e então quando trocaram, Pabb engoliu a saliva.

“Não precisa fazer essa cara. Sei que não quer vir comigo.” Maze disse, “Eu também não quero realmente ir com você.”

“Então posso ir com Ai Rut e P’Noona.”

“Não precisa, deixe-me trabalhar sozinho e vou morrer.” O jovem ajustou a gola até Pabb querer provocá-lo. 'Yah… um pai perfeito para sempre.' “Ande mais rápido! Não vou conseguir comer agora.”

“No final, só restamos nós dois.”

O cara que disse isso não pensou nada, mas o que ouviu ficou secretamente quente e frio no rosto sem razão. Maze pausou por um segundo antes de apertar o passo à frente. Pabb só podia acompanhar, só podia se retirar.

Respire… Ele não sabia se seu chefe estava caçando búfalos ou o quê.

Só podia segui-lo…

Hoje Poramat não estava vestido de maneira habitual. O grande chefe jogou o terno no condomínio e vestiu uma camisa com o logo da empresa de café, igual à dele. Bem, o que dizer?... A versão 'menos formal' parecia confortável de outro jeito.

“Não pensei que pessoas como você fariam de cupido para outros assim,” ele brincou.

“É divertido, como quando éramos jovens, provocando os colegas que secretamente gostam um do outro.” Maze sorriu, sem saber se era por causa da roupa ou não… Pabb sentiu que seu chefe estava mais relaxado hoje.

“De qualquer forma, aqueles dois são meus amigos. Mesmo que P’Kua esteja um pouco machucado.”

“E eu?”

“Huh?”

“Eu não sou um ‘irmão’, sou?”

Silêncio, silêncio, blá, blá, blá. Quem não ficaria chocado, mas Maze disparou.

O grande chefe da empresa deve querer ficar de pé, mas não consegue andar.

Ele ficou paralisado até que seu subordinado teve que voltar e puxar sua manga novamente.

“Ande rápido. Não vamos conseguir comer agora.”

Não precisa repetir a mesma frase!

Pabb estava perturbado e inconsciente o tempo todo. Ele também gostava de fazê-lo se sentir estranho, algo que Poramat odiava muito… Ele é o líder e tem controle sobre tudo, mas com esses dois funcionários, é muito difícil controlar. Ele ainda é… avançado… e gosta de resistir a ele!

‘P’? Só por ser mais velho que alguém como Poramat não pode ser chamado de superior.

Idade não faz ninguém respeitar ninguém.

Mas ele não sabia por que estava realmente nervoso com a palavra ‘P’.

Poramat balançou a cabeça vigorosamente, agora só precisava pensar no trabalho… trabalho… e trabalho! Eles estavam em um grupo que não precisava se mover, porque o ponto de encontro era na área do Park Paragon. Diferente de outras pessoas que têm que pegar uma van com funcionários da empresa, mas isso não significa que eles estão menos cansados.

O clima parecia incentivar as pessoas a receber brindes… não. Diga certo, coisas grátis, todo mundo quer pegar, mas quando o tempo está mais quente, andando quase nu assim, pessoas que não são amantes do café ainda têm que se esforçar para pegar os itens. Maze e Pabb só precisavam conferir a organização do trabalho. Não precisavam ajudar a distribuir nada para o público… O uso da mão de obra é dever direto dos funcionários da empresa.

“É só adicionar água fria e você pode beber a qualquer hora, em qualquer lugar. É muito confortável e adequado para o clima quente.” A jovem à frente dele fez seu trabalho perfeitamente. Sachês de café embalados em copos de papel com tampas eram distribuídos pelas ruas, andando tanto que se imaginava segurando uma placa com logo grande. O corpo não é grande, deve ser pesado.

“Vou ajudar a segurar a placa.”

“Por quê? Não é nosso dever,” Maze disse e o parasita sempre foi sincero.

“A empresa o contratou, deixe-o fazer o trabalho bem.”

“Você é assustadoramente honesto. Por que não pode ser assim com os clientes?”

“Para benefício, posso fazer tudo… e não me canso se não for útil… Ei! Para onde você vai?”

Viu! Eu disse que o artista nunca esteve sob controle! Maze de um lado para outro, ele vai da direita para a esquerda!

“Deixe-me ajudá-lo a segurar.”

“Oh… não se preocupe, irmão, meu salário será deduzido.” Sua boca disse isso, mas o jovem trabalhador secretamente entregou a placa a Pabb um pouco. Este organizador é muito grande. O oposto dele, que é pequeno… muita força, mas carregar por muito tempo e suar já encharcou suas axilas.

“Tudo bem, meu chefe não vai contar a ninguém.”

“Não se faça passar pelo meu nome,” uma voz hipnotizante veio de longe antes que a carne explodisse na briga.

“Estou segurando… não é pesado, certo?”

“Não!” Pabb recebeu uma placa daquele funcionário, “Você!”

“Deixar ele ajudar a distribuir café?” Pabb se virou para ele, “Você… vá ajudar seu amigo. Eu gerencio sozinho.”

“Obrigado, P’.” Ele acenou com a mão em saudação e se apressou para desaparecer na multidão atrás dele.

“Seu pai é o Batman? Que dedicação!”

Risos com xingamentos: “Você não sabe de nada… Eu era um trabalhador antes. Quanto ao uso da mão de obra, é bom.”

“Então use seu cérebro. Isso não é nosso dever.”

“É divertido. Não sou filantrópico. Quero ajudá-lo. Não tenha medo, eu sou apenas uma pessoa má.” Eh… ele parece ter sido enganado. “Você já quis experimentar tudo no mundo? Quero experimentar a vida do trabalho. É como se você não fosse agricultor, não entenderia a sensação de colher arroz.”

“Não diga nada incompreensível para mim.”

Imagem engraçada: “Como você desenha Realismo? Se não entende quão cansadas estão as pessoas na foto.”

“Por que um fotorrealista seria entendido? Desenhe como se fosse feito.”

“As pessoas gostam de entender que Realismo é autenticidade, novo entendimento: Realismo é dizer a verdade na imagem.”

Vai me ouvir? Maze xingou em seu coração.

“É meu dever desenhar o que vejo e nem todo contato visual pode ser percebido, então…”

“Chega! Carregue e leve para casa. Não me importo mais.”

Pabb gosta de ver quando esse garoto discute e perde… é engraçado.

Quando o departamento de arte não é amado, transforme-se em funcionário carregador. Poramat consegue, mas andando atrás daquela placa pequena. Há muitos trabalhos que não podem ser controlados… Cada funcionário já é adulto.

Quem quer que fique secretamente à espreita, ele estreita os olhos e volta ao trabalho novamente. Pela primeira vez, ele sentiu que estava errado… Seria bom saber disso com L.

“Escolhi este carro para uma vida diferente…” O som de um anúncio na tela gigante acima da cabeça chamou o jovem para olhar. Um rosto familiar apareceu até que a imagem discretamente olhou para a pessoa ao lado dele.

Um testador… aquele ator do drama…

“…” Os olhos de Poramat brilharam por um momento antes que ele se virasse e martelasse nele. “Não precisa vir me olhar.”

“O que aconteceu?”

“Você acha que eu… Hee hee, que engraçado!” É embaraçoso demais dizer, ei! Dizer que o artista está perturbando sem saber.

“Pensei que ele era seu ex-namorado?” e olhando para a foto, disse, seu rosto estava muito indiferente.

“Não fale comigo de novo,” Maze apontou para ele… começou a entrar em modo grosseiro sem perceber, “Entende?”

“Sim, senhor.” Mesmo que Pabb não entendesse como o chefe terminou o relacionamento, por que ele está tão bravo assim… ou ele não é o tipo que Maze realmente rejeitou?… Acho. Vou ter dor de cabeça. Vamos deixar como...


Manner Of Death - Capítulo 30

Capítulo 30 :: Promessas e Partidas

Acho que consigo deixar Bunn feliz na maior parte do tempo, graças às táticas de Boonlert.
Não importa o que eu faça por Bunn, ele sempre sorri e fala comigo de forma alegre. Toda vez que olho para ele, meu coração se derrete.

Estamos sentados em um café perto da residência. Observo Bunn com o nariz enfiado em um livro de inglês que ele trouxe consigo. Aproveito a vista até que ele levanta os olhos, desconfiado.

— O que está olhando? — ele pergunta.

— Ué, não posso olhar pra você? — provoco, sabendo que dessa vez ele não vai se irritar.

— Você me distrai — murmura Bunn, voltando ao livro e se escondendo atrás dele. — Estou com fome. Vai pegar um pedaço de bolo pra mim.

— Claro — respondo, levantando-me para ir ao balcão da cafeteria, onde os doces e tortas estão expostos de maneira tentadora.
Sei que Bunn come de tudo, mas, se puder escolher, sempre prefere algo com chocolate. Escolho então uma fatia de cheesecake com brownie, pago e volto à mesa.

— Quanto foi? — pergunta ele, já pegando a carteira.

— Não foi nada — respondo rapidamente. — É por minha conta.

Bunn me observa em silêncio antes de tirar a mão do bolso.
— Economize. Você não precisa pagar por mim toda vez.

Balanço a cabeça.
— Estou bem, confia em mim. Amanhã já começo a ganhar um dinheiro.

— Vai começar as aulas de reforço amanhã? Já terminou de preparar as lições? — pergunta com um olhar preocupado.

— Vou usar as mesmas de quando comecei. Trouxe algumas comigo. Pra ser sincero, já estou pronto pra ensinar faz tempo — só estava esperando aparecerem alunos.

— E onde vai ser?

— Vou ensinar quatro alunos do segundo ano, bem em frente ao prédio da Faculdade de Medicina. — Fico feliz em ver Bunn interessado no que faço, em saber que ele se importa comigo. — Ei, Bunn… quer saber qual é o meu sonho?

Ele ergue as sobrancelhas.
— Qual?

— Quando eu conseguir vender as propriedades e juntar dinheiro suficiente com as aulas, quero abrir minha própria escola e oferecer cursos on-line. Quero fazer uma fortuna, ter dinheiro o bastante pra comprar um apartamento pra nós dois… só pra nós. Vou te levar à praia e vamos viajar sempre.

Bunn me olha em silêncio e, de repente, começa a rir como se tivesse ouvido algo hilário.
— Não precisa disso.

— Por isso eu disse que é um sonho — digo, estendendo a mão para tocar a dele. — Mas isso não quer dizer que eu não vá tentar.

Uma jovem garçonete se aproxima para servir o bolo e nos lança um sorriso antes de se afastar. Bunn abaixa o olhar para o brownie que pedi pra ele.

— Faça o que quiser. É bom ter sonhos, só não seja duro demais consigo mesmo. E não me coloque como meta. Eu não quero nada de você. Estar assim, juntos, já é o suficiente pra mim.

— Deixa eu ter as metas que eu quiser. Pensar nelas me dá energia pra levantar todas as manhãs e ir dar aula.

Bunn sorri.
— É mesmo? Então veremos.

Retribuo o sorriso dele. Sinto uma energia positiva me preencher por inteiro. Desde que minha mãe morreu, Bunn é a única pessoa que me resta. Ele é quem me encoraja todos os dias. Não consigo imaginar o que teria sido de mim se ele não tivesse aparecido naquele dia. Talvez eu já tivesse deixado este mundo. Esse homem se tornou minha vida e minha alma.

Vou passar o resto dos meus dias consertando meus erros do passado e sendo eternamente grato a ele por ter me salvado.
Dou a ele a minha vida.


Mais tarde...

— Certo, alguma outra dúvida? Se vocês entenderam, a prova não será complicada. Só precisam se concentrar na estequiometria. Não é impossível, apenas exige esforço.  Reúno as folhas espalhadas sobre a mesa e as guardo na bolsa.

Ping e Urn, duas de minhas alunas, olham para o livro que lhes emprestei com olhos brilhantes. Fico feliz em vê-las empolgadas com a química. E, pela minha experiência, sei que são perfeitamente capazes de aprender o conteúdo.

— Não entendo por que tive tanta dificuldade com essa matéria na escola. Finalmente estou entendendo química! — diz Ping, brincando. — Talvez eu devesse te contratar como meu professor.

— Acho que não vai ser necessário — respondo, rindo. — Bem, se não tiverem mais perguntas, podem ir. Já são quase oito da noite. Como vão pra casa?

— O pai da Ume vem nos buscar. Eu moro perto da casa dela. — Ping dá um empurrão de leve em Urn, que está distraída no celular.

Olho ao redor e vejo que ainda há vários estudantes estudando por ali. Há gente suficiente para deixá-las esperando com segurança.

— Tudo bem. Não esqueçam da promessa: vocês têm que comentar na minha página do Facebook, e eu levo uns lanches pra vocês. — Pisquei um olho.

— Pode deixar, professor Tann! Vou te dar nota A+! — responde Ping com o polegar erguido.

— Até sexta, meninas. Boa noite. — Dou um aceno e saio do prédio.

Meu primeiro trabalho em Bangkok correu bem. Os alunos da capital são diferentes dos do norte da Tailândia mais intensos, mais curiosos.

Caminho em direção à residência de Bunn, atrás do hospital. As luzes estão acesas e sinto alívio em saber que ele já está em casa. Giro a chave, abro a porta e um aroma delicioso me invade as narinas.

Vejo Bunn com uma frigideira na mão, servindo legumes salteados.

— Estou morrendo de fome digo, deixando a bolsa sobre a cadeira e seguindo o cheiro até a cozinha. Não há nada melhor do que chegar do trabalho e ter o jantar pronto.

Sento-me à mesa. Um prato de arroz e legumes já está à minha frente. Pego o celular e abro minha página no Facebook, criada para divulgar minhas aulas particulares.

— Ainda está bem parada… Bunn, compartilha pra mim?

Ele volta à mesa depois de deixar a frigideira na pia.
— Já compartilhei no grupo de Ciências Forenses, caso alguém queira um tutor pros filhos. Alguns perguntaram quanto eu cobrava de comissão.

Dou risada.
— E o que você respondeu?

— Disse que o tutor é um conhecido meu e que eu só estava ajudando. — Bunn prova os legumes.

— Por que não disse que sou seu namorado?

Bunn solta uma risadinha.
— E se você perder popularidade?

— É isso que te preocupa? Minha popularidade?! — exclamo, e ele continua comendo, impassível.
Sei que está brincando, mas, no fundo, quero que nosso relacionamento seja público. Quero que o mundo inteiro saiba que ele é meu. É ciúmes puro e ele nem liga.

Respiro fundo, frustrado, e enfio a colher no prato.
Por sorte, Bunn não percebe minha irritação. Em poucos dias ele vai viajar para o exterior; melhor não criar uma briga agora.




Dias depois...

Dizem que a segunda despedida é mais fácil, mas pra mim não é verdade.
É a segunda vez que levo Bunn ao aeroporto e ele está prestes a cruzar o mundo, deixando-me para trás.

Ficamos abraçados por longos minutos em frente ao portão de embarque.

— Mmh, já pode me soltar. Quero me despedir do meu irmão também. —
Dr. Boonlert se aproxima e me afasta delicadamente. Só então percebo o quanto o agarrei.

Bunn se vira para abraçar o irmão.
— Para de implicar com ele.

— Nunca vou perdoar o homem que me roubou o irmão com tanta facilidade — retruca Boonlert, irritado.

— Idiota. — Bunn dá um tapa leve na cabeça dele. — Cuida de você e dos nossos pais por mim.

— Pode deixar. Vejo eles hoje à noite. — Boonlert ajeita a passagem do irmão e continua: — Estude o máximo que puder. No Ocidente os professores não pegam na sua mão; é você quem corre atrás. Faça perguntas, não tenha medo. E mantenha-se longe de encrenca, entendeu?

— Do que está falando? — Bunn pega a mala.

— De tudo — Boonlert responde, e depois acena. — Me liga quando chegar.

— Tá. Mas vou ligar pro Tann primeiro. — Bunn provoca, fazendo o irmão bufar. — Tenho que ir.

— Tenha uma boa viagem — minha voz falha.

— Cuide do nosso apartamento… e desse velho rabugento aí. — Ele aponta para o irmão. — Se ele te encher o saco, me liga.

De repente, alguém o chama:
— Bunn! — A voz é masculina.

Um homem alto se aproxima. Ele e Boonlert parecem ter a mesma idade. O semblante é amistoso.

— Por pouco! 

— Vutt! — Bunn se volta, surpreso.

— Por que não me avisou que viajava hoje? Teria vindo antes. Tive que mandar mensagem pro Boon pra descobrir quando você partia.

Não sei por quê, mas um incômodo me invade.
Quem é esse cara?

— Não queria incomodar. Você devia estar trabalhando. Já me despedi de todos os professores, não precisava vir até aqui. —
Sinto um alívio ao perceber que Bunn não parece nada empolgado em vê-lo.

— Vutt! — cumprimenta Boonlert, contente. O homem, chamado Dr. Vutt, olha para Bunn com um ar melancólico.

— Boa viagem, Bunn.

— Vutt! — Boonlert o chama novamente, apontando discretamente para mim, como se quisesse apresentá-lo. Vutt segue o gesto e encontra meu olhar.

— Obrigado, Vutt. Não precisava vir. Eu já vou indo. — Bunn se despede uma última vez, acenando antes de seguir com a mala.
Olho suas costas se afastando, com o coração apertado. O tempo passa rápido demais quando vivemos sob o mesmo teto.
Ah, se ele pudesse passar tão rápido até que voltasse amanhã...

— Oi. — Vutt se aproxima, olhando a porta por onde Bunn saiu. Sinto a frustração crescer.
Quem ele pensa que é?
Que direito tem de se preocupar tanto com Bunn?

Talvez percebendo minha irritação, Boonlert o puxa de lado.
— Acho melhor eu intervir antes que o Tann acabe quebrando seus dentes no chão. — E acrescenta, rindo: — Grava bem o rosto dele. Esse é o namorado do Bunn.

Vutt empalidece ao me olhar. Endireito a postura, imponente, e estendo a mão friamente:
— Prazer em conhecê-lo.

— Oi… — ele responde, sem jeito.

— Este é o Dr. Vutt, professor de medicina legal como o Bunn. Foram colegas na faculdade. — Boonlert coloca a mão no ombro de Vutt e depois aponta pra mim. — E esse é o Tann. Eles se conheceram quando meu irmão trabalhava no norte. É dez anos mais novo que a gente. E, agora, é o namorado dele.

Sorrio levemente e inclino as mãos em sinal de respeito, à maneira tailandesa.
Vutt retribui.
— Então é você quem o Bunn mencionou. — Sorri com um ar triste. — Ele parecia bem feliz ultimamente. Agora entendo o porquê.

Bunn falou de mim?
Meu coração se enche de calor. Isso significa que ele não escondeu nosso relacionamento dos colegas só não é do tipo que sai contando.

Depois de vê-lo partir, pego o carro e volto para o apartamento. O trânsito de Bangkok é um caos, e chego em casa frustrado. O silêncio do lugar sem Bunn é sufocante. Sento-me à mesa, lembrando da comida caseira dele.

Vou ter que sobreviver com refeições prontas, como antes.
Respiro fundo, tentando espantar a solidão. Agora que Bunn se foi, preciso usar esse tempo para colocar minha vida de volta nos trilhos.

O professor Tann vai, enfim, conquistar fama e fortuna.

Meu celular vibra sobre a mesa.
Viro a tela e vejo uma notificação alguém mandou uma mensagem com perguntas sobre as aulas da minha página do Facebook.

Sorrio, com os olhos cheios de esperança.

Espere por mim, Bunn.
Eu vou realizar o meu sonho.


One-way Access - Capítulo 18

Capìtulo 18 :: Passagem de mão única

Xia Wennan parou no meio do caminho e olhou para Ming Luchuan por cima do ombro.

Ming Luchuan apontou para o salão. "Troque-se lá dentro."

Xu Feng ficou ao lado, sem expressão, parecendo tão diligentemente sério como sempre. 

Xia Wennan então pegou as roupas e entrou no salão.

As roupas que Xu Feng lhe trouxera eram casuais, mas a cor e a textura eram consideravelmente mais refinadas. A blusa era uma camiseta cinza-clara, combinada com calças de algodão e sapatos de couro macio. 

Xu Feng já havia saído do escritório quando Xia Wennan retornou após se trocar, deixando Ming Luchuan sozinho. Ele se aproximou lentamente da mesa de Ming Luchuan e perguntou: "Você ainda está com raiva?"

Ming Luchuan o ignorou. 

Xia Wennan apoiou as mãos na mesa e abaixou a cabeça para olhar para o outro homem. "Se você não vai dizer nada, então é melhor eu ir embora." 

Ming Luchuan levantou a cabeça ao ouvir isso. "Aonde você vai?"

"Em casa. Ou para dar uma volta." Ao dizer isso, Xia Wennan teve uma ideia. "Posso dar uma olhada no meu local de trabalho?"

Ming Luchuan ficou em silêncio por um momento, depois apertou um botão em sua mesa e chamou Xu Feng. 

"Leve-o para conhecer a empresa. Ele pode ir aonde quiser", disse ele a Xu Feng. 

“Tudo bem”, respondeu Xu Feng. 

Para Xia Wennan, ir a qualquer lugar era preferível a ficar confinado em um quarto com Ming Luchuan, então ele imediatamente caminhou até Xu Feng e deu um tapinha em seu ombro, dizendo: "Vamos".

Xu Feng levou Xia Wennan para um passeio pelo edifício Ming Yan. 

Xia Wennan não tinha nenhum lugar específico em mente; tudo o que ele queria ver era seu antigo escritório, então Xu Feng o levou para o departamento de P&D.        

“O departamento de P&D tem dois laboratórios de apoio, um dos quais o senhor supervisiona diretamente”, explicou Xu Feng. 

Os laboratórios eram equipados com paredes de vidro, o que permitia ver o interior e o que acontecia do corredor. Xia Wennan viu uma grande quantidade de pessoal de P&D, trajando jalecos brancos, absortos em seu trabalho, até que um deles ergueu os olhos e encontrou os de Xia Wennan, com uma expressão de surpresa estampada no rosto. 

Levantando a mão e acenando para o homem, Xia Wennan de repente pensou que, se entrasse naquele momento, não teria escolha a não ser contar a eles sobre sua perda de memória. Não conhecia ninguém ali dentro, e aquele lugar lhe era praticamente familiar; a ideia de despertar imediatamente a preocupação de todos o deixou desconfortável, então disse a Xu Feng: "Vamos deixá-los em paz, vamos dar uma olhada no meu escritório."

O escritório de Xia Wennan ficava no mesmo andar. Não era um escritório grande, mas também contava com uma sala de estar separada. Sua mesa era limpa e organizada, com um computador, um notebook e uma série de pequenos frascos de perfume que também adornavam a mesa de Ming Luchuan. Havia também uma foto dele e do avô.

A foto estava emoldurada, perfeitamente apoiada em sua mesa. Xia Wennan sentou-se e estendeu a mão para a foto, examinando-a cuidadosamente, e percebeu que não se lembrava de quando a foto havia sido tirada. Ele parecia ter uns vinte e poucos anos, e a foto provavelmente era uma lembrança do avô, tirada em algum momento dos anos que ele havia esquecido.  

Xu Feng disse calmamente: "Por que não espero por você lá fora, senhor?"

Xia Wennan abaixou a foto. "Tudo bem, não vou demorar."

Ele vasculhou os armários e gavetas, mas não encontrou nada além de itens de trabalho, nem pertences pessoais à vista. O mesmo aconteceu com a sala de estar e suas poucas mudas de roupa. Então, chamou Xu Feng e saiu do escritório com ele. 

Ao meio-dia, Ming Luchuan levou Xia Wennan ao refeitório da empresa para almoçar. 

Ao chegarem lá, foram recebidos por uma cafeteria movimentada, com funcionários fazendo fila para pedir pratos com bandejas nas mãos. Xia Wennan seguiu Ming Luchuan enquanto ele naturalmente furava a fila, sentando-se em uma área especial onde os funcionários da cafeteria vinham anotar seus pedidos.

Os funcionários que encontravam no caminho tomavam a iniciativa de cumprimentá-los. Parecia que poucos sabiam do acidente de carro de Xia Wennan, e apenas um punhado de pessoas perguntou se Xia Wennan não estava mais de licença. 

Em vez de explicar, Xia Wennan apenas assentiu. 

Enquanto comiam, Xia Wennan notou várias pessoas lançando olhares furtivos e cochichando entre si. Então, aproximou-se de Ming Luchuan e perguntou: "Por que as pessoas estão apontando para nós?"

Ming Luchuan ergueu os olhos. "Quem?"

“A mesa à nossa frente”, disse Xia Wennan. 

“Eles são a equipe do seu laboratório.”

"Ah", Xia Wennan se lembrou de tê-los visto no laboratório mais cedo. "Será que os deixei chateados ou algo assim?"

Ming Luchuan olhou para ele. 

Nesse momento, Xia Wennan estava colocando arroz lentamente na sopa de legumes e misturando-os aos poucos o que já era um hábito dele. "Não sei bem como seria como gerente", disse ele. "Não acho que seria um chefe maldoso, mas às vezes uma posição de alto escalão pode irritar as pessoas, e elas acabam ficando com uma cara feia de vez em quando."

"Você não é assim", disse Ming Luchuan. "Você se dá bem com eles."

Xia Wennan assentiu. "Eu sabia. Mas não estava falando especificamente de mim eu estava falando principalmente de você. Olha como sua cara está feia."

Ming Luchuan bateu os hashis no chão e gritou: "XIA WENNAN!"

Um executivo da empresa que se aproximava da mesa de Ming Luchuan na esperança de cumprimentá-lo deu um pulo de susto. Ele imediatamente mudou de direção e sentou-se na mesa atrás deles. 

"Por que você está tão assustado?", Xia Wennan baixou a voz. "Como pode ver, você assustou todo mundo. Além de mim, quem conseguiria te suportar?"

“Se você não me suporta, fique à vontade para sumir.”

Xia Wennan percebeu que estava ficando cada vez menos receoso de Ming Luchuan, à medida que essas palavras ásperas, repetidas incessantemente todos os dias, perdiam a capacidade de intimidá-lo. Inicialmente, ele imaginara Ming Luchuan como um lobo trancado num quintal, rosnando ameaçadoramente para os humanos todos os dias, mas, quando chegou perto o suficiente para observá-lo atentamente, um dia, descobriu que era apenas um husky. 

Ele engoliu a comida e concluiu que os pratos da cafeteria eram realmente decentes. "Desenvolvi um perfume incrível para vocês e agora querem que eu vá embora? A empresa ao menos me pagou a minha parte?"

O timbre de Ming Luchuan se aprofundou. "Você já foi pago, porra. Vá verificar os dividendos da empresa na sua conta bancária."

Xia Wennan lembrou-se dos três milhões em sua conta bancária e um sorriso levemente bobo surgiu em seus lábios. "Então é isso." Então, suavizou a voz e disse a Ming Luchuan: "Não xingue, não é nada agradável de ouvir."

Ming Luchuan o ignorou.

Depois do almoço, o sol passou de quente a escaldante, as estradas eram uma extensão branca, queimadas pela luz do sol, e as ruas estavam praticamente desertas, exceto pelos carros. 

Toda a vontade de sair deixou o corpo de Xia Wennan, e ele ficou no escritório de Ming Luchuan para tirar uma soneca. 

Ming Luchuan ordenou que ele dormisse na sala, mas Xia Wennan recusou e deitou-se diretamente no grande sofá de couro do escritório de Ming Luchuan. 

O ar condicionado estava perfeito e Xia Wennan estava satisfeito com o almoço; enquanto afundava no sofá macio e olhava fixamente para o teto, levou apenas uma dúzia de minutos para adormecer. 

Ele sentiu algo sendo jogado sobre ele enquanto estava semiconsciente, mas sua mente estava longe de estar acordada, então ele rolou e enterrou o rosto no sofá, inalando o cheiro de couro enquanto cochilava novamente. 

Perto do fim do cochilo, seu corpo estava atolado em um estado nebuloso, meio adormecido, meio acordado, e ele podia sentir alguém sentado ao seu lado. Mesmo com os olhos bem fechados, tinha certeza de que a pessoa era Ming Luchuan.

Ming Luchuan segurou sua perna e de repente disse: "Deixe-me dar uma olhada nessas pintas na sua bunda."

Ele lutou para se libertar, mas percebeu que não conseguia se mover, então usou toda a força do corpo para gritar e então se sentou abruptamente. 

O cobertor que cobria seu corpo escorregou quando seus olhos se abriram de repente. Ele descobriu que era o único no sofá, e o próprio Ming Luchuan permanecia onde estava, em sua mesa. Ele não tinha vindo. 

Ming Luchuan olhou para ele e disse friamente: "Você enlouqueceu?"

Xia Wennan se jogou de volta no chão e enterrou o rosto nas mãos, sua mente ocupada apenas com a pinta de Schrödinger.

☆ ☆ ☆


I Got My Bad Side Awakened After Rebirth - Capítulo 25

Capítulo 25 :: Engolido é exposto ao Ridículo 

No ringue.

O ar cheirava a ferro e suor. O frio que atravessava os poros parecia zombar dele.

Talvez fosse graças às surras da vida passada já estava meio anestesiado.

Mas tudo bem.
Antes de lutar com tudo, é preciso pensar um pouco.

Ao ver uma brecha clara na defesa de Long Qi, Yifan curvou os lábios num sorriso.

Dessa vez, não se conteve deixou que o punho de Long Qi o acertasse em cheio no ombro.

“Tsk—”

Droga, doeu pra caramba!

Mas ele não recuou. Aproveitou o movimento do ombro atingido e procurou com frieza uma falha no adversário.

Usando cada grama de força que tinha, Yifan lançou o peso do corpo inteiro contra Long Qi.

O som que se seguiu foi como madeira rachando ao meio.

Yifan sorriu de novo.

Ele sabia nem agora, nem nos próximos três meses, Long Qi conseguiria se levantar.

Ainda assim, o cara era resistente. Mesmo com a perna quebrada, conseguiu manter um pouco o equilíbrio.

Yifan olhou de relance para o rival caído e se levantou, respirando com dificuldade.
Comparado ao estado miserável de Long Qi, o dele também não era nada bom.

No fim das contas, os dois tinham apanhado quase por igual.

O público em volta explodiu em gritos. Primeiro vibração, depois caretas de dor só de olhar o estado de Yifan.
Não havia o que fazer esse era o preço de um osso quebrado.

“Ha-ha! Garoto, mandou bem!”
O treinador bateu no ombro de Yifan, satisfeito. “Eu disse que você tinha potencial.”

“Semana que vem é você quem defende o ringue. Três lutas garantidas. Prepare-se bem.”

“Droga, garoto, por que essa cara de quem engoliu um prego? No ringue você não mostrou medo algum! Agora tá com receio do quê?” perguntou o treinador, rindo.

“Do quê você acha? Lá em cima eu ainda aguentava firme, mas agora que você me deu esse tapão… acabei de fraturar o ombro.”

“Pfft, acidente, acidente! Hahaha…”

O treinador apelidado de Cachorrão riu, tirando do bolso algumas notas.
“Toma aqui, duzentos yuans. Compra um remédio decente. E, ei, eu realmente fiquei surpreso, você aguentou dois rounds completos contra aquele monstro.”

Yifan não recusou.

Deitou-se num banco do vestiário, sentindo o corpo pulsar de dor.

“Falando sério, Cachorrão, um ser humano vale cem mil pra trazer de volta à vida, entende? Então, tirando os custos, o lucro líquido é de uns três milhões. E você vem me dar duzentos trocados? Vai me fazer passar vergonha?”

“O quê? Cem mil?”

“Sim. Cem mil. Em renminbi.”

“Seu pirralho, volta aqui! Me devolve o dinheiro!”

“Nem pensar. É meu suor, meu sangue.”
Yifan acenou de costas e foi embora mancando.

Tsk, ele era mesmo venenoso até nas palavras.



No hospital.

“Escoriações múltiplas, lesões em tecidos moles, ruptura parcial do ligamento do ombro esquerdo… Você andou brigando com um caixão ambulante? Tá sério isso.”

“Não é nada demais.”

“Não é nada? Se continuar assim, pode piorar. Esse tipo de trauma é grave. Da próxima vez, chame a polícia, entendeu?”

“Entendido. Obrigado, doutor.”

O médico se chamava Gu Ziming.
Antes, morava num dos velhos conjuntos habitacionais da cidade um cara simples.
Mais tarde, entrou na faculdade de medicina, formou-se e foi trabalhar no hospital.

Na vida passada, Yifan o conhecera por acaso, depois de sofrer um acidente de moto.
Ziming pagara uma indenização de quinhentos yuans.
Mas o dinheiro mal deu tempo de ser usado acabou confiscado pela polícia numa investigação.

“Enfim, considera isso uma consulta particular. Vou te receitar uns remédios.”

“Beleza. Pode colocar algo que alivie a dor rápido.”

Embora fossem ferimentos leves, ao ver o rosto de Ziming coberto de suor e preocupação, Yifan se deu conta:
Nem tudo na vida era só dor e luta. Às vezes, ainda restava humanidade.