Capítulo 01.1 – Notícia
Quando criança, alguém me perguntou:
"O que você quer ser quando crescer?"
Minha primeira resposta foi Ultraman. Depois, à medida que fui crescendo, queria ser bilionário… soldado… piloto… advogado…
Minhas respostas mudavam com a idade e com os pensamentos da época. Mas havia uma profissão que nunca passou pela minha cabeça: médico. Eu odiava hospitais, odiava o cheiro de desinfetante e tinha pavor de sangue…
Era, portanto, a última profissão que eu consideraria sonhar.
Mas o que aconteceu comigo, que um dia pensei assim, anos depois?
Uma linha branca suave no monitor subia e descia, transformando-se em um gráfico do batimento cardíaco de um corpo que respirava com auxílio de um respirador na cama de emergência. O rosto estava inchado e cheio de hematomas, coberto de sangue coagulado, uma visão horrível.
Enquanto a linha continuasse seu movimento regular, para os profissionais de jaleco branco que observavam, não havia motivo para preocupação. Até que a linha travou, transformando-se em uma linha reta, acompanhada do som de alerta contínuo:
"O paciente entrou em parada cardíaca!" – gritou a enfermeira, reportando o estado crítico do paciente.
"Injete uma ampola de adrenalina e repita a cada três minutos!" – ordenou o jovem médico.
A enfermeira correu em direção ao carrinho de emergência para buscar a adrenalina necessária.
O caos aumentou na emergência. Residentes (médicos em treinamento), assistentes de enfermagem e estudantes de medicina do sexto ano (Extern) correram em todas as direções, sem saber muito bem o que fazer.
Mas quem chegou primeiro à cama do paciente foi o dono da voz grave que dava ordens, mesmo estando longe.
A cama, projetada na altura da cintura para facilitar exames, se tornou um grande obstáculo para a reanimação cardiopulmonar. Um estudante pegou uma escada para ajudar, mas era tarde demais. Cada segundo era precioso.
O jovem médico apoiou uma mão na borda da cama e se ajoelhou ao lado do paciente. Se fosse uma série coreana, pareceria uma cena épica; na vida real, era extremamente difícil. Mesmo com o ar-condicionado gelando, o suor escorria em sua testa devido ao esforço físico e mental.
"Irmão Peun, o que fazemos agora?" – perguntou um residente, nervoso.
O médico que estava realizando a massagem cardíaca gritou:
"Façam o que aprenderam!"
Não era uma bronca qualquer: ele queria alertá-los para manterem a calma diante da situação inesperada.
Enquanto o barulho e a correria seguiam na porta da emergência, no balcão de triagem a situação não era menos caótica. Especialmente para uma jovem enfermeira recém-formada, bonita e dedicada, que precisava lidar com pacientes, familiares e outras situações que ninguém queria enfrentar.
"Trouxe um paciente para atendimento," disse Phawat, um jovem de no máximo vinte anos, vestido com um macacão preto com faixas laranjas, apoiando os cotovelos no balcão. A enfermeira franzia a testa — ele era, justamente, uma das pessoas que ela menos queria atender naquele momento.
"É ele que está causando toda a confusão na emergência agora?"
"Sim, senhora," respondeu o jovem, prolongando o som para brincar como um apresentador de TV, tentando arrancar um sorriso da enfermeira. Ela, no entanto, continuava séria.
"Não acredito que vai querer jantar comigo, depois de um dia assim?"
Apesar da aparência atraente do jovem, a barba rala e a pele bronzeada pelo sol, combinadas com um cheiro leve de cigarro, faziam-no parecer mais um delinquente do que um socorrista. Se não fosse pelo uniforme, ela provavelmente o teria mandado embora.
O médico responsável, Dr. Pawas ou “Doutor Canhão”, era um residente da emergência, conhecido por sua inteligência e habilidade. Mas, quanto à aparência, ele surpreendia atraente a ponto de seus subordinados e estudantes hesitarem em provocá-lo. Recentemente, ele cortara o cabelo curto, o que realçava ainda mais seus traços fortes.
"De novo você, traquinas!" — disse o médico, ajustando os óculos tortos após realizar a massagem cardíaca.
"Meu nome é Phawat, Doutor Canhão… Por que nunca se lembra de mim?"
O médico repetiu o nome, gravando-o mentalmente.
"Sério, você anda fazendo algum tipo de barganha com a equipe de plantão? Porque coincidimos todos os turnos!" — disse o jovem, sorrindo.
Phawat adorava entregar casos críticos ao Dr. Pawas, mesmo não sendo sua obrigação, apenas para que ele pudesse ajudar imediatamente. O médico suspirou levemente diante do apelido “Deus da ER”, que a equipe da emergência havia dado a ele. Apesar de ser um elogio, ele sabia que não passava de um médico comum, capaz de salvar alguns pacientes, mas longe de ser milagroso.
"O médico do outro hospital também é bom."
"Sim, mas não tão bonito quanto você," Phawat piscou um olho, provocando o médico.
A situação se acalmou momentaneamente quando os familiares do paciente chegaram. O paciente havia sofrido uma parada cardíaca de aproximadamente cinco minutos, mas o jovem médico e sua equipe conseguiram restaurar os batimentos. O Dr. Pawas explicou a situação e mencionou que, se a condição se estabilizasse, o paciente seria transferido para o hospital de acordo com seu plano de saúde.
"Pode deixá-lo aqui mesmo?" perguntou o pai do paciente.
"Já coordenei com o outro hospital, será emitida a autorização de transferência," respondeu o médico, lançando um olhar para Phawat, que piscou em resposta — entendendo a instrução silenciosa: “admitir o paciente, sim.”
A enfermeira Shlotorn, que observava, percebeu a dedicação do socorrista Phawat, que, mesmo não sendo sua função, havia se preocupado com a família do paciente.
"Ele é realmente um bom rapaz," comentou a mãe do paciente, visivelmente emocionada.
O médico sorriu, apreciando o cuidado e esforço do jovem. Apesar de travesso e falador, Phawat mostrava dedicação genuína aos pacientes e suas famílias.
Enquanto isso, Vithaya, amigo próximo do Dr. Pawas, chegou ao plantão da noite. Ele era mais baixo, mas com braços fortes, e cumprimentou o médico abraçando-o pelo pescoço.
"O que aconteceu hoje à noite, Pawas?"
"Coisas normais de emergência," respondeu ele, observando a movimentação caótica.
"Se eu tivesse um turno sem confusão, aí sim seria anormal."
Vithaya, apesar de parecer simples e comer na rua, era o segundo filho de uma renomada empresa de equipamentos médicos, J&J Medical Company, cujos produtos estavam presentes por todo o hospital.
A conversa se desenrolou com leveza, entre piadas, preocupações com turnos e o planejamento de um jantar para compensar a correria da noite, enquanto a rotina da emergência continuava.
O Dr. Pawas refletia sobre sua vida amorosa: apesar de trocar de namoradas com frequência, agora estava em um relacionamento que duraria quase um ano, algo incomum para ele. Vithaya comentou sobre a busca de alguém que o completasse, e Pawas ponderou que amigos e namorada não substituem totalmente o sentimento de estar verdadeiramente amado.
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