Capítulo 06
Eu sorri meio sem jeito, ainda sem saber exatamente o que responder, quando uma voz um tanto ríspida se dirigiu a mim:
— Xiao Chen, ele é quem?
Quem sou eu? Será que sou tão famoso assim que preciso me apresentar especialmente para você? Virei a cabeça e vi um homem bonito ao lado de Xiao Chen, franzindo a testa e me olhando com raiva.
Droga, que olhar é esse? Naquela época, quando Yi Chen me olhava assim, eu até entendia porque ele tinha um problema para abrir os dois olhos igualmente, então relevei. Mas você, cara? Alto, nariz fino, olhar penetrante e ainda vem se meter?
Bati na mesa, sem me importar que Xiao Chen ainda estivesse olhando, pronto para me levantar, quando meu cérebro deu um clique e entendi quem ele era.
— Hehe! — meu rosto mudou, assumindo uma expressão doce e cheia de carinho. A mão que pouco antes bateu na mesa suavemente alcançou a de Xiao Chen. — Xiao Chen, como você tem passado nesses dois anos? Senti sua falta!
Como esperado, o homem ao lado de Xiao Chen lançou um olhar furioso, o rosto carregado de raiva, parecia que queria cortar minha mão ali mesmo.
Ah, que impaciência! E ainda tão feroz? Ele não sabe que na frente de quem ama deve ser gentil? Sempre admirei esse tal de Lu Feng, mas parece que só Xiao Chen, esse garoto inocente, é que é tão leal a ele. Fiquei em silêncio, sem saber o que pensar.
— É? — Xiao Chen sorriu levemente, já percebendo minha intenção. — Daqui a dois dias, vou encontrar Yi Chen. Vou repetir tudo o que você disse para ele, palavra por palavra... — Antes que terminasse, retirei a mão. Lu Feng relaxou um pouco e me olhou com um sorriso de quem se diverte com a situação.
Pfff! Quando Xiao Chen ficou assim? Ainda bem que, dois anos atrás, ele era tão gentil e educado, senão teria sido torturado por esses dois irmãos.
— Qin Lang, quando puder, vá visitar Yi Chen. Depois que você foi embora, ele não está bem, emagreceu muito — Xiao Chen suspirou, olhando para mim com preocupação.
Eu olhei para as mãos entrelaçadas de Xiao Chen e Lu Feng, e uma dor profunda subiu no meu peito.
— Obrigado, Xiao Chen. Eu vou — levantei-me, assentindo com a cabeça.
Lu Feng lançou um olhar para mim, puxou Xiao Chen e se afastaram. Quase pude ouvir ele resmungar:
— Yi Chen é mesmo esse cara? Não acredito...
Que droga! Sou tão ruim assim? Se fosse pra disputar Xiao Chen com você, duvido que ainda estaria aqui enchendo o saco. Se você me irritar de novo, vou contar cada detalhe de quando eu carregava Xiao Chen nos braços! Dei uma risada amarga.
Mas ver Xiao Chen feliz assim me deixou contente. Aquele nervosismo de Lu Feng mostrava que ele realmente o valorizava. Se até ele pode ser perdoado, então eu...
De repente, uma vontade enorme me dominou: eu só queria ver Yi Chen. Deixei o dinheiro sobre o copo de café e saí apressado.
Era justamente o horário do fim da última aula da tarde; os estudantes pela escola estavam todos com expressões de alívio. Lembrei de quando eu também fazia parte daquele grupo, e sorri de canto.
A frente do prédio da faculdade de arquitetura estava relativamente vazia — os estudantes, ocupados até não aguentar mais, nem ligavam para o horário. Olhei o relógio, me perguntando se ele ainda estaria na sala. Liguei a música no carro, ouvi Huixing cantando “IT IS REAL”, e, por um instante, me lembrei da primeira vez que vim aqui para encontrá-lo, quando levei dois CDs, um deles com essa música.
Apaguei o cigarro, abri a porta do carro para descer. As luzes da sala ainda estavam acesas, talvez ele ainda estivesse lá, usando seu boné de aba longa, ouvindo pesado rock metal e balançando a cabeça enquanto desenhava.
Com o coração cheio de expectativa, estava prestes a sair do carro quando vi a cena que jamais queria ver de novo na vida.
Yi Chen saiu do prédio, com um sorriso que ofuscava até o sol. Em mais de um ano sem vê-lo, parecia mais alto, com o cabelo mais comprido, a franja desfiada delineando seu rosto magro e bonito. Estava incrivelmente atraente, mas aquele sorriso não era para mim, e sim para uma garota igualmente animada, de corpo sensual, ao seu lado.
Ah? Meu corpo ficou gelado, e recuei rapidamente para dentro do carro, olhando com amargura para o casal cada vez mais próximo e sorridente.
Sério? Esse cara não era meio desligado com as mulheres? Quanto tempo fiquei fora para ele já estar com alguém?
— Yi Chen, olha só, você até sujou a testa com tinta de tanto desenhar! — Não sabia por que meus ouvidos eram tão bons, mas eu conseguia ouvir a garota provocando ele do outro lado do vidro. — Não mexe, vou limpar para você!
Deus! Você me deu coragem por um momento só para ver isso? Devia ter ficado no café tomando meu café, em vez de vir me atormentar com essa cena!
Não vou olhar, não vou olhar!
Segurando as mãos para me controlar, mesmo assim, espiei-os escondido.
Sua vadia, vai limpar essa tinta por uma hora? Já está limpando há um tempão e não cansa?
E você, Yi Chen! Que expressão é essa? Solta a mão dela logo!
— Obrigado, Jingjing... — Ele sorriu, mostrando os dentes pequenos, claramente satisfeito. — E, sobre esses últimos dias, obrigado por tudo...
— Que nada! — Ela gostou do elogio, sorrindo. — Ajudar você é um prazer...
Chega! Que cena melosa!
Parece que não só regredi, mas até minha inteligência foi para o ralo — estive sendo um idiota por quase dois anos!
Todos aqueles CDs escolhidos com tanto cuidado, todas as noites de saudade, todas as memórias que não consigo esquecer... Explodiram em cinzas diante dos meus olhos.
Durante o tempo longo em Tóquio, mesmo com dor, ansiedade e sofrimento que me tirava o sono, nunca senti um desespero real, porque sempre soube que Yi Chen me amava. Todos os problemas não tinham nada a ver com amor. Achava que com um tempo e distância tudo melhoraria.
Mas agora, ao que tudo indica — claro, se eu ainda conseguir olhar para isso com meu coração batendo normalmente — estava apenas me iludindo.
Lembro dele, quando um simples toque o deixava vermelho e sem jeito, como se eu ainda estivesse vendo aquela cena. Mas agora ele está tão calmo enquanto aquela garota lhe apalpa o corpo.
Cheng Yi Chen, você evoluiu rápido!
Olhei, frustrado, apertando a mão até sentir dor na palma.
Não é à toa. Quando o conheci, uma fila de admiradoras o seguia por todo lado, e quem o olhava na rua não era menos que eu. Só que eu sempre fui teimoso, achando que era especial para ele.
Acho que me superestimei — afinal, aquelas flores todas ainda esperavam quietinhas enquanto eu sumia por dois anos. Só Lu Feng e Xiao Chen estavam dispostos a retomar o que tínhamos, e agora eu sou Qin Lang, e ele é Yi Chen!
Quando Yi Chen percebeu meu carro, ficou surpreso e olhou fixamente para dentro. Bufei, olhei friamente pela janela para a garota que ainda sorria ao seu lado, acelerei o carro e passei direto.
Su Xiaolu e Shen Chao finalmente perceberam que eu não estava bem depois do jantar, trocaram olhares, e Su Xiaolu perguntou:
— Qin Lang, você está bem? Por que não come nada?
Não tinha comido? Fiquei surpreso ao ver o prato com o peixe todo destruído pelo meu garfo e faca, parecia uma couve-flor esmagada.
— Não estou com fome! — sorri, mas estava cheio de raiva.
— Você viu Yi Chen hoje? — Shen Chao perguntou, ignorando os olhares de Su Xiaolu para ele, e sacudiu meu braço.
— Sim! — sorri maliciosamente. — Não só o vi, como também vi a namorada dele, que é bem gostosa. Em duas palavras: perfeita!
— Namorada? Que namorada? — Su Xiaolu franziu a testa. — Qin Lang, para com isso!
— Chama Jingjing, e os dois estão tão bem que quase não se desgrudam. Você não sabe disso? — respondi, sacudindo a cabeça. — Su Xiaolu, você como irmã mais velha dele, não se importa nada com a vida amorosa do seu irmão mais novo!
— Jingjing? Aquela garota que toca teclado muito bem?
— Viu? Gostos parecidos! Que sorte! — gritei, olhando para Su Xiaolu.
— Qin Lang, vem comigo! — Ela me puxou com força, franzindo a testa.
— Que droga! — ri, falando enquanto me deixava levar. — Se for na frente de todo mundo e você puxar assim, o Shen Chao vai achar que tem chance comigo!
— Cala a boca! — ela gritou comigo pela primeira vez, tão alto que assustou Shen Chao. — Você ficou quase dois anos fora, deixou Yi Chen aqui sozinho e agora volta e fala essas coisas? Qin Lang, você não era assim!
Meu sorriso desapareceu devagar sob o olhar dela, e eu fiquei olhando para o chão, atordoado.
— Vem comigo! — ela me puxou com força para o carro. — Vou te levar para ver Yi Chen!
— Não precisa, Su Lu! — finalmente afastei a mão dela, ergui a cabeça. — Eu vou sozinho. Algumas coisas, talvez, precisem ser esclarecidas entre todos!
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