Capítulo 09:: Eu e você um par perfeito.
Começo a achar que Nong Noi ficou melhor do que na nossa primeira reunião.
Só um pouco, mas se prestar atenção, dá para notar. Nong Noi continua falando com sarcasmo e me irritando durante as aulas. Mas ele começou a participar mais. Antes, ele nunca fazia a lição de casa que eu passava. Nem anotava, e eu tinha que obrigar. Agora, olha só para o meu aluno: ele até concordou em fazer todas as tarefas! É verdade que nem sempre estão completas e sempre tem uns rabiscos nos cadernos.
Mesmo essas pequenas melhorias me dão forças para continuar ensinando o Noi.
Dobrei a folha do conto e entrei no ônibus, indo para o restaurante da Madame Timmy para a aula com o Noi. Preparei uma nova folha de exercícios para ele.
Espero que a folha sobreviva e que Nong Noi não faça um aviãozinho com ela, como da última vez. Tamanho dos desenhos.
Já estava prestes a abrir a porta do restaurante quando esbarrei na Madame Timmy. Em uma mão ela segurava o telefone, na outra uma pasta. Parecia que ela estava com muita pressa.
— Ah, Nong Ti.
— Oi, Madame Timmy.
— Hoje, provavelmente, não vai dar para fazer a aula. Esse herói aí se meteu em outra confusão e eu preciso resolver isso.
— Perdão? — perguntei, levantando as sobrancelhas.
É claro que era o Nong Noi. Mas o que será que aconteceu para a Madame Timmy estar tão apressada?
— Isso mesmo! Outra briga, Nong Ti. Pegaram o Noi e eu tenho que buscá-lo. Desculpa por isso. Você pode ir embora — disse a Madame Timmy, suspirando. Ela tinha uma expressão de culpa no rosto.
Olhando para as costas da dona do restaurante se afastando, resolvi chamá-la.
— Eh... Madame Timmy?!
— O que foi?
— Eu posso deixar um exercício para o Nong Noi?
— Ah, o quê... Espera. Alô? Olá!
Ia entregar as folhas com o exercício, mas de repente a Madame Timmy recebeu outra ligação.
— De novo briga com aqueles marginais?
Levei um susto quando Madame Timmy gritou com a pessoa do outro lado da linha.
Não era difícil adivinhar quem estava do outro lado.
Eu nem ousei dizer uma palavra. Apesar de parecer um pouco cansada, ela era bem assustadora.
Nisso ela e o Noi são bem parecidos.
— Por que eu tenho que mandar seu tutor embora quando ele deveria estar dando aula para você?
— Você pode me dar uma alegria pelo menos uma vez?! Ah, Noi...
Madame Timmy respirou fundo e se virou para mim. Sorri discretamente.
— Droga! Esse garoto me deixou muito chateada. Me dá o exercício dele e pode ir para casa.
— Até logo — acenei me despedindo.
Suspirei. Balancei a cabeça, lembrando do meu aluno problemático.
Parece que ele nunca vai largar o hábito dessas brigas. Meu papel é ser tutor de um gangster? Isso é muito mais difícil do que parece.
A aula foi cancelada, mas decidi não relaxar.
Vou terminar um projeto da faculdade e à noite assistir algum filme.
Quando cheguei em casa, escolhi um filme, mas de repente o telefone tocou. Atendi, olhando para a tela.
Nong Noi.
— Desce — disse claramente a voz do Nong Noi.
Franzi a testa.
Por que o Noi está mandando eu descer? Só falta ele ter batido em alguém de novo, caramba! Por que estou pensando nisso? Volta pra realidade!
— Por que eu tenho que descer?!
— Eu trouxe a lição de casa, professor. E vou jogar fora no lixo se você não descer nos próximos cinco minutos.
— E-espera! Noi! Droga! — antes que eu pudesse responder, Nong Noi desligou o telefone.
Em choque, olhei para a tela do smartphone.
Ah, Nong Noi... Que lição de casa você quer me entregar? Como se ainda tivesse espaço pra isso na sua cabeça! Você acabou de sair da delegacia.
Calcei minhas sandálias favoritas e desci. Olhei em volta, mas não vi ninguém. Já ia ligar para o Noi quando vi um garoto alto encostado na parede de um beco escuro. Na hora percebi quem era.
— Você não deveria se meter em tudo.
— Ah, deixa disso — respondeu Noi, sem sair do lugar.
Suspirei e peguei os papéis com a tarefa feita. Dei uma olhada e vi que ele tinha feito tudo.
— Por que você não tratou o ferimento?
— Vai sarar sozinho.
— Alguém cuida dos seus machucados?
— Eu mesmo dou conta.
Nesse momento, saiu do restaurante um cara que tem até empregado pra cuidar dos machucados dele!
— O que mais vai passar pela sua cabeça?
Olhei para as cicatrizes no rosto do Noi e senti que precisava fazer algo. Peguei ele pelo braço e puxei. Ele não saiu do lugar, então precisei ameaçar.
— Ei! Pra onde você está me levando?
— Preciso cuidar dos seus ferimentos. Vamos.
— Eu disse que não precisa.
— E quem disse que você é bonito? Quer que as cicatrizes estraguem seu rosto?
— Tá com medo de eu deixar de ser bonito?
E eu aqui tentando ter compaixão por esse encrenqueiro...
Suspirei e me virei para o Noi, que me olhava levantando a sobrancelha, esperando resposta. Olhei melhor e vi que a roupa dele estava amassada e tinha manchas de sangue na camisa.
— Que cara é essa? Tem medo de sangue?
— Você não está muito machucado, né? — perguntei, torcendo pra ele não ter levado uma facada ou algo assim.
Ai, Noi... E se um dia ele topar com alguém realmente perigoso? Se ele tá assim, imagina o outro cara...
— Por que você se importa? O que vai fazer?
— Vou cuidar do machucado. Ou você consegue sozinho?
— Por que você faz isso?
Vejo o seu estado. E não sou tão insensível assim, sabia? — respondeu Noi, balançando meu braço.
Sinceramente, acho que já não tenho tanto medo dele. Não é como na primeira vez que nos vimos, quando eu evitava ele a todo custo e achava que ele ia me bater. E olha só agora: eu mesmo cuidando dos ferimentos dele.
— Levanta a cabeça.
— Pra quê?
— Pra eu ver direito o machucado.
Resmungando, Noi levantou a cabeça.
Quando vi todos os machucados dele sob a luz, fiquei ainda mais preocupado. Parecia que até eu sentia a dor. Encostei um pedaço de algodão no corte. Além dos arranhões e hematomas novos, ele tinha uma cicatriz na sobrancelha.
Por que brigar desse jeito? Antes era bem menos.
— Quero te perguntar só uma coisa. Por que você vive brigando com os outros? — perguntei curioso.
Quero saber o que se passa na cabeça dele. Sério, não entendo porque o Noi briga tanto, já que cresci cheio de regras dos meus pais e obrigações dos professores. Eu era aquele nerd quieto do fundo da sala.
— Quando eu estava no ensino médio, nunca bati em ninguém. Então quero saber: por que você quer ser um gangster? Isso é legal? — continuei perguntando.
— Você fala demais.
— Noi! Tô falando sério! Para com essas coisas! Acredita em mim, isso não vai te ajudar quando for adulto.
Não sei o que o Noi pensou. Espero que ele não queira me bater. Talvez eu tenha falado demais.
— Nunca vi gangster que ficou bandido pra sempre. E se você for parar no hospital, quem vai estar lá pra te ajudar? E aí? — perguntei com sinceridade.
— Sai do meu futuro! Noi, você não é boxeador profissional, é só um estudante. Você não é imortal, sabia?
— Chumpi, cala a boca.
— Tá bom. Chega. Se tiver tempo, faz isso aqui — suspirei e terminei de cuidar dos ferimentos dele.
Em choque, olhei para a tela do smartphone.
Ah, Nong Noi... Que lição de casa você quer me entregar? Como se ainda tivesse espaço pra isso na sua cabeça? Você acabou de sair da delegacia.
Calcei minhas sandálias favoritas e desci. Olhei ao redor, mas não vi ninguém. Já ia ligar para o Noi quando vi um garoto alto encostado na parede de um beco escuro. Na hora percebi quem era.
— Você não deveria se meter em tudo.
— Ah, deixa disso — respondeu Noi, sem sair do lugar.
Suspirei e peguei os papéis com a tarefa feita. Dei uma olhada e vi que ele tinha feito tudo.
— Por que você não tratou o ferimento?
— Vai sarar sozinho.
— Alguém cuida dos seus machucados?
— Eu mesmo dou conta.
Naquele momento, saiu do restaurante um cara que até tem empregado pra cuidar dos machucados dele!
— O que mais vai passar pela sua cabeça?
Olhei para as cicatrizes no rosto do Noi e senti que precisava fazer algo. Peguei ele pelo braço e puxei. Ele não saiu do lugar, então precisei ameaçar.
— Ei! Pra onde você está me levando?
— Preciso cuidar dos seus ferimentos. Vamos.
— Eu disse que não precisa.
— E quem disse que você é bonito? Quer que as cicatrizes estraguem seu rosto?
— Tá com medo de eu deixar de ser bonito?
E eu aqui tentando ter compaixão por esse encrenqueiro...
Suspirei e me virei para o Noi, que me olhava levantando a sobrancelha, esperando resposta. Olhei melhor e vi que a roupa dele estava amassada e tinha manchas de sangue na camisa.
— Que cara é essa? Tem medo de sangue?
— Você não está muito machucado, né? — perguntei, torcendo pra ele não ter levado uma facada ou algo assim.
Ai, Noi... E se um dia ele topar com alguém realmente perigoso? Se ele tá assim, imagina o outro cara...
— Por que você se importa? O que vai fazer?
— Vou cuidar do machucado. Ou você consegue sozinho?
— Por que você faz isso?
Vejo o seu estado. E não sou tão insensível assim, sabia? — respondeu Noi, balançando meu braço.
Sinceramente, acho que já não tenho tanto medo dele. Não é como na primeira vez que nos vimos, quando eu evitava ele a todo custo e achava que ele ia me bater. E olha só agora: eu mesmo cuidando dos ferimentos dele.
— Levanta a cabeça.
— Pra quê?
— Pra eu ver direito o machucado.
Resmungando, Noi levantou a cabeça.
Quando vi todos os machucados dele sob a luz, fiquei ainda mais preocupado. Parecia que até eu sentia a dor. Encostei um pedaço de algodão no corte. Além dos arranhões e hematomas novos, ele tinha uma cicatriz na sobrancelha.
Por que brigar desse jeito? Antes era bem menos.
— Quero te perguntar só uma coisa. Por que você vive brigando com os outros? — perguntei curioso.
Quero saber o que se passa na cabeça dele. Sério, não entendo porque o Noi briga tanto, já que cresci cheio de regras dos meus pais e obrigações dos professores. Eu era aquele nerd quieto do fundo da sala.
— Quando eu estava no ensino médio, nunca bati em ninguém. Então quero saber: por que você quer ser um gangster? Isso é legal? — continuei perguntando.
— Você fala demais.
— Noi! Tô falando sério! Para com essas coisas! Acredita em mim, isso não vai te ajudar quando for adulto.
Não sei o que o Noi pensou. Espero que ele não queira me bater. Talvez eu tenha falado demais.
— Nunca vi gangster que ficou bandido pra sempre. E se você for parar no hospital, quem vai estar lá pra te ajudar? E aí? — perguntei com sinceridade.
— Sai do meu futuro! Noi, você não é boxeador profissional, é só um estudante. Você não é imortal, sabia?
— Chumpi, cala a boca.
— Tá bom. Chega. Se tiver tempo, faz isso aqui — suspirei e terminei de cuidar dos ferimentos dele.
Noi nunca cumprimenta os professores, não usa uniforme escolar, não prende o cabelo, não leva livros ou cadernos, não escreve nada e basicamente não presta atenção no que acontece na sala de aula ou nos estudos em geral. Por que ele manda os amigos fazerem o dever de casa? Nem mesmo o amigo mais próximo, Tiv, que agora olha para Noi com muita desconfiança, consegue entender isso.
Quando a maioria dos garotos saiu, Noi abriu o caderno para fazer a tarefa. Suas sobrancelhas se uniram, como se ele estivesse diante de um problema super difícil.
Não, esse não é o Noi. Esse não é o Noi Watphu! Quem é você?!
— Noi.
— O quê?
— Tá tudo bem?
— Uhum.
— O que a professora te mandou fazer com mais empenho?
— Eu... ah, lembrei...
— Ma Chamnan.
— Ma Chamnan sempre faz questão de que eu estude direitinho.
— Ma Chamnan, caramba! Ela é tipo uma feiticeira? Ela consegue fazer o Noi estudar? Mas quem é ela? Quem consegue fazer o Noi Watphu estudar?
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