27 de out. de 2025

Apocalypse: Counterattack of a Cannon Fodder - Capítulo 57

Capítulo 57 – A missão de Yan Xu

Yan Xu riu baixinho, sem se apressar em ir embora. Inclinou-se, prestes a beijá-lo novamente, mas Tang Shi o conteve.
— Camarada, seu período de avaliação ainda não acabou. Nem pense em ultrapassar os limites.

Yan Xu não se afastou. Apenas trocou o gesto por um toque leve: passou o polegar pelos lábios macios de Tang Shi, a voz grave e o olhar tomado de fascínio.
— Sabe... quando você corria pelo campo de treino me xingando e amaldiçoando os antepassados da minha família, o que eu mais queria era te jogar no chão e te foder até te fazer chorar.

Tang Shi se recostou no sofá, os cantos dos lábios curvados em um sorriso provocante.
— Que pena. Você perdeu o melhor momento. Agora, já não tem mais chance.

— É mesmo? — respondeu Yan Xu, sem se comprometer.

— A não ser que seja mais forte do que eu. Do contrário, vai ficar só na vontade. E claro — acrescentou com um meio sorriso —, pra ser mais forte, primeiro precisa conseguir me alcançar. Vamos, camarada, trabalhe. Desejar demais faz mal pra saúde.

Tang Shi cutucou o queixo bem desenhado de Yan Xu, orgulhoso e provocador.

Yan Xu suspirou, rendido, e começou a recolher os cacos e a louça espalhada pelo chão.
— Daqui a uns dias vou sair pra uma missão. Se tudo correr bem, volto em alguns dias.

Tang Shi, que já caminhava para o quarto, parou no meio do passo.
— Mal entrou e já te mandam pra uma missão? O exército realmente não sabe esperar.

Yan Xu não levantou a cabeça. Jogou os cacos no lixo.
— É uma missão urgente.

— Você nem faz parte da equipe de despertos. Missões especiais deveriam ser deles. Se querem aproveitar os privilégios que o exército oferece, é justo que deem algo em troca.

— Entre os despertos do exército, o mais forte é Jiang Huai, no limite do nível 1. Ouvi dizer que já tentou avançar pro nível 2 duas vezes e falhou nas duas. — explicou Yan Xu.

Tang Shi soltou um riso frio.
— Se o talento é ruim, não adianta ter quantos cristais de energia quiser. Não vai subir de nível indefinidamente.

Yan Xu concordou com a cabeça. Já havia pensado o mesmo. Cada pessoa tem uma aptidão diferente, e o avanço de nível depende disso. Ele e Tang Shi, por exemplo, sempre subiram de nível com facilidade nunca haviam falhado, e por isso evoluíram bem mais rápido do que a média.

Em termos de coleta de cristais de energia, era óbvio que o exército tinha muito mais recursos do que os dois juntos, mas, mesmo assim, o mais forte deles ainda estava preso no nível 1. Isso dizia tudo sobre a diferença de talento.

Tang Shi cruzou os braços, apoiando-se no batente da porta.
— Quantos despertos vão participar?

— Seis equipes. A primeira, liderada por Jiang Huai, vai permanecer de prontidão no quartel.

— Então, no momento, o desperto de nível mais alto é você. E é por isso que precisa liderar a missão, certo?

— Exato. Eu estarei no comando. Espero que dessa vez tenhamos algum resultado. — Na última operação de busca por mantimentos, o fracasso fora total: mais da metade dos soldados morreu, e o que conseguiram trazer mal sustentou o abrigo por alguns dias. Tudo dependia desta nova tentativa.

Na vida anterior, Tang Shi lembrava bem: além das missões de resgate e defesa contra os alienígenas, o exército só realizava grandes operações para saquear armazéns de comida. Sabia exatamente o que Yan Xu enfrentaria. Com mais de um milhão de sobreviventes na zona segura, o alimento era o problema mais urgente.

Mas, para Tang Shi, aquela insistência em arriscar tropas por comida era inútil. Seria muito melhor organizar logo a evacuação. Lincheng estava perdido só ele parecia enxergar isso. Mesmo se dissesse, ninguém acreditaria.

Na sua opinião, mesmo com despertos envolvidos, o resultado seria o mesmo: sacrifício inútil. Da última vez, metade do exército havia morrido para trazer alguns caminhões de mantimentos. Desta, provavelmente nem isso conseguiriam. A quantidade de criaturas estava aumentando, e elas evoluíam devorando umas às outras cada vez mais fortes, mais perigosas.

A missão de Yan Xu era mortal.

— E se eu mandar você recusar essa missão? Vai me obedecer? — perguntou Tang Shi, encarando-o.

Yan Xu ficou em silêncio por um instante.
— Sou soldado. Cumpro ordens.

Tang Shi assentiu, sem insistir. Voltou para o quarto e bateu a porta com força.

A reação dele deixou Yan Xu sem saída. Era militar tinha deveres. E, num momento tão crítico, se o exército desmoronasse, toda a zona segura cairia junto. Um milhão de vidas dependiam disso. Não podia ignorar essa responsabilidade.

Tang Shi trancou-se em casa por dois dias, sem sair. Enquanto isso, Yan Xu seguia pontualmente para o quartel, ajudando a conter os ataques das criaturas na linha de defesa.

No quartel dos despertos, Jiang Huai estava furioso. Sentado em seu escritório, atirou um maço de relatórios na mesa com um estrondo.

Aquela missão deveria ser dele. Mas justo agora, com a entrada de Yan Xu nas fileiras do exército, haviam passado o comando pra ele roubando-lhe a chance de conquistar mérito. Imperdoável!

Da última vez, soldados comuns haviam conseguido trazer alguns caminhões de comida, mesmo com perdas pesadas. Agora, com uma tropa maior e despertos de apoio, o sucesso parecia garantido. Era a ocasião perfeita pra se destacar e Yan Xu simplesmente apareceu e pegou o cargo.

O que mais o irritava: Yan Xu era um nível acima dele.

Jiang Huai rangeu os dentes. Ele sempre fora o mais forte desperto de Lincheng até agora. A chegada de Yan Xu era um tapa na cara.

Andava de um lado para o outro, inquieto. Se Yan Xu havia se juntado ao exército, e ainda por cima com esse poder… então e Tang Shi? Jiang Huai não tinha dúvidas de que ele também era um desperto. Será que pretendia se alistar? E qual seria o nível dele?

Atualmente, Jiang Huai ostentava a patente de major privilégio reservado aos despertos. No exército, quem possuía esse poder subia de posto muito mais rápido que os soldados comuns. Além disso, ele era o comandante das equipes de despertos, motivo pelo qual fora promovido diretamente de sargento a major.

Mesmo estando no mesmo nível hierárquico que Yan Xu, Jiang Huai não se sentia em pé de igualdade. Algo o corroía uma sensação de inferioridade difícil de disfarçar.

Depois de muito pensar, decidiu tentar disputar novamente a liderança. Não podia abrir mão daquela missão lucrativa.

Estava prestes a sair do escritório quando ouviu batidas na porta.

— Entre — disse, impaciente.

Era Zhu Peng, capitão da segunda equipe de despertos. Entrou às pressas, o rosto aflito, sem notar o mau humor do superior.
— Chefe, preciso de alguns homens emprestados. É urgente!

Jiang Huai franziu o cenho.
— Todos os despertos devem permanecer no quartel, aguardando ordens. Preciso repetir o regulamento?

— Eu sei — respondeu Zhu Peng, ansioso. — Mas meu irmão desapareceu. Saiu há três dias pra caçar na zona de risco e não voltou. Tenho medo de que tenha acontecido algo. Quero levar alguns homens pra procurá-lo.

Jiang Huai acendeu um cigarro luxo raro, privilégio de poucos e tragou lentamente.
— Três dias... Se algo realmente aconteceu, ir atrás agora não vai mudar nada.

— Eu conheço as habilidades do A-Ming! — insistiu Zhu Peng, exaltado. — Ele estava com mais dois companheiros, também despertos. Três despertos e alguns homens de apoio deveriam dar conta dos monstros próximos à zona segura. Acho que encontraram algo mais perigoso e ficaram presos. Por favor, deixe-me ir!

Jiang Huai suspirou, jogando o cigarro fora.
— Entendo seus sentimentos, Zhu Capitão. Mas regras são regras. Não me coloque em posição difícil.

Zhu Peng se aproximou e, discretamente, tirou do bolso cinco cristais de energia de nível zero, colocando-os na mão do superior.
— Só vou levar minha equipe por duas horas. Se a segunda equipe for convocada nesse período, peço que o chefe me cubra.

Jiang Huai fechou a mão sobre os cristais e os guardou no bolso, sem cerimônia.
— Uma hora. É o máximo que posso te conceder.

Zhu Peng mordeu os lábios e assentiu com firmeza.
— Está bem. Uma hora é suficiente. Voltarei rápido.


Na ampla sala de conferências, os líderes civis e militares de Lincheng estavam reunidos para a quinta assembleia de emergência. O assunto: o destino da cidade.

O prefeito Lin Wei abriu a reunião, obstinado.
— As cartas que caíram do céu afetaram o mundo todo. Mesmo que abandonemos Lincheng, pra onde iríamos?

O general Wu Weiguo respondeu com gravidade:
— As perdas militares são enormes. Nosso exército está exausto, e o número de criaturas aumenta a cada dia. Não podemos mais esperar. Precisamos planejar a evacuação.

O prefeito bateu na mesa.
— Se faltam soldados, recrutem! Há mais de um milhão de sobreviventes. Certamente há quem possa empunhar armas.

O general Xu Heng, de expressão severa, interveio:
— Recrutas sem treinamento só servem pra morrer. Seria melhor evacuar primeiro, ir para uma área menos devastada e reorganizar as forças. Além disso, as reservas de comida estão acabando. Em breve, ficaremos sem mantimentos.

O prefeito retrucou:
— Se falta comida, o exército deve buscá-la! Esse é o dever de vocês. Já o fizeram antes; desta vez, mandem mais homens e levem despertos juntos. Vai dar certo.

Wu Weiguo manteve o semblante sério.
— É nossa responsabilidade, sim. Mas mesmo que tentemos de novo, não há garantia de sucesso.

Os militares conheciam a realidade melhor do que os políticos confortavelmente sentados em seus gabinetes. Sabiam que Lincheng estava cercada por hordas cada vez mais fortes, e que as munições estavam no fim. Em um mês de combates, só gastaram nada entrou. A escassez total era questão de tempo.

— Aliás — disse o prefeito, mudando o tom —, ouvi que o general Wu escolheu um novo líder pra próxima missão. Um ex-soldado, não é?

— E o que o prefeito quer dizer com isso? — perguntou Wu Weiguo.

— Só acho curioso. Se o próprio general não confia na escolha, por que não enviar o capitão Jiang? — provocou o prefeito. — Ele é o desperto mais forte de Lincheng e comandante das equipes especiais. Com ele no comando, as chances seriam muito maiores. Ele é a esperança dos sobreviventes, não é mesmo?

Wu Weiguo não respondeu.
Se tivesse de escolher entre Yan Xu e Jiang Huai, não hesitaria nem por um segundo: ficaria com Yan Xu.
Não por favoritismo mas porque Yan Xu fora um soldado das forças especiais. Sua capacidade de julgamento em combate era muito superior à de Jiang Huai.

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Counter Attack - Capítulo 46

Capítulo 46 :: O destino gosta de brincar. 

Quando Chi Cheng voltou para casa, Yue Yue já o esperava na porta do prédio, com o rosto cansado, quase cochilando em pé.
— Você veio por quê? — perguntou Chi Cheng.
Yue Yue passou o braço pelo dele, encostou a cabeça em seu ombro e entrou junto.
— Senti sua falta.

Ao entrar, Chi Cheng colocou uma pequena escultura de açúcar num caixote de madeira. Yue Yue, surpresa, arregalou os olhos. Era difícil imaginar que aquele homem tão frio e sério tivesse interesse por algo tão infantil. Ela não via um “bonequinho de açúcar” havia anos; lembrava-se de adorar aquilo quando criança e, ao pegá-lo agora, sentiu a mesma curiosidade de antes.
— Que gracinha! Onde você comprou isso?
— Não comprei — respondeu ele, com naturalidade. — Um amigo meu fez.
— O quê? — Yue Yue arregalou os olhos. — Você tem um amigo talentoso assim?

As palavras dele trouxeram à mente de Chi Cheng a imagem viva de Wu Suowei, concentrado e desajeitado, soprando o açúcar com seriedade teimosa. Quanto mais ele pensava, mais saborosa a lembrança se tornava.
— Eu também quero um — disse Yue Yue, de repente.
— Qualquer dia peço pra ele fazer um pra você — respondeu Chi Cheng, distraído.
Yue Yue assentiu, satisfeita.

— Ah, amanhã à noite meus pais vão estar livres — comentou Chi Cheng. — Vamos jantar juntos?
Os olhos de Yue Yue se iluminaram com surpresa e nervosismo.
— Já? Mas eu tenho dormido pouco esses dias… minha pele tá péssima — disse, pegando o espelho. — Ai, não! Olha isso, uma espinha! Chi Cheng, vê pra mim — tá muito feia?
Mas ele já havia desaparecido no banheiro.




Na manhã seguinte, Wu Suowei tomou um banho caprichado, barbeou-se com cuidado e vestiu-se com esmero: camisa azul-clara, paletó azul-marinho, jeans escuro e sapatos de couro. O visual era limpo, elegante e irresistível.
Enquanto Jiang Xiaoshuai aplicava soro em um paciente, olhou de relance para Wu Suowei e errou a veia. O paciente reclamou, e Jiang quase riu.
— Tá levando a sério mesmo, hein? — provocou.
Wu Suowei deu um meio sorriso. — Se é pra atuar, que pareça de verdade.

Jiang se aproximou e cochichou:
— Quando estiverem a sós, tenta alguma aproximação.
— Aproximação? — Wu Suowei ergueu uma sobrancelha.
Jiang piscou. — Contato físico, ué!
— Não é cedo demais pra isso? — retrucou Wu Suowei.
— Se você esperar demais, ela vai casar! — disse Jiang. — Investigamos: Yue Yue é a única namorada que Chi Cheng teve em anos. Aposto que os pais estão pressionando pelo casamento.

As palavras acenderam um alerta em Wu Suowei.
— Entendi. Não vou desperdiçar essa chance.
— Onde vão se encontrar? — perguntou Jiang.
— No parque.
Jiang quase engasgou.
— Se ele topou te encontrar lá, já é meio caminho andado!




O encontro estava marcado para as duas. Wu Suowei chegou às 1h50, fingindo distração enquanto observava o entorno com atenção estudava o cenário, imaginava o diálogo, planejava cada detalhe do encontro… até a despedida.

Mas o destino é irônico.

Yue Yue, de folga naquele dia, passeava com uma colega de trabalho e, por coincidência, passou em frente ao parque. Quem percebeu Wu Suowei primeiro foi a colega.
— Olha ali! Que gato!
Yue Yue seguiu o olhar da amiga e congelou. O coração deu um salto. Era mesmo ele. Em poucos meses, Wu Suowei havia mudado tanto… A aparência, sim, mas principalmente o ar: parecia outra pessoa. Ela ainda tentava entender quando os olhos dele a encontraram. Yue Yue desviou depressa.
— Nossa, que homem lindo suspirou a colega. — A pessoa que ele está esperando é uma sortuda.
Yue Yue virou o rosto da amiga de volta, impaciente.
— Lindo? Esse é o seu padrão de beleza? Você não viu o meu Chi Cheng.
— Quando vai me apresentar pra ele, então? — perguntou a colega, curiosa.
Yue Yue sorriu, cheia de orgulho.
— Quando quiser. Você nem imagina o quão perfeito ele é!
A colega arregalou os olhos. — Conta!
Yue Yue começou a falar sem parar uma enxurrada de elogios, pintando Chi Cheng como um homem ideal. A amiga ouvia com expressão sonhadora, cada vez mais curiosa.
— E… ele é bom… nessas coisas? — cutucou a amiga, rindo.
Yue Yue corou e cochichou ao pé do ouvido:
— Só entre nós, tá? Ele é incrível. Só de pensar, minhas pernas tremem…
— Ai, que inveja! — a amiga soltou uma risadinha maliciosa. — Agora entendo por que você é tão fiel.
Yue Yue sorriu, satisfeito.
— E hoje à noite vou conhecer os pais dele!
— Sério?! — a amiga agarrou seu braço. — Yue-jie, você é minha inspiração! Quando virar a Sra. Chi, não esquece das amigas plebeias, hein? Me apresenta uns dos amigos dele meu futuro depende de você!
Yue Yue gargalhou.
— Combinado!

A round trip to love Vol. 04 - Capítulo 10

Capítulo 10 :: Apague as luzes


Xiaochen?

Como ele chegou aqui? Ele ouviu tudo o que eu acabei de dizer?

Agora que as coisas chegaram a esse ponto, é hora de ir ao fundo da questão. Recompus-me e virei-me.

Yichen ficou parado em silêncio na porta, ainda segurando o casaco que eu havia deixado no bar. Seu corpo tremia como uma folha ao vento outonal, e o olhar em seus olhos era mais desesperado do que desespero, mais doloroso do que dor.

"Eu... vim pedir para Yichen te ajudar a levar seu casaco para a escola... o tempo está frio..." Ao me ver olhando para ele, ele gaguejou para explicar, como uma criança que fez algo errado.

"Tudo bem... é só usar..." Fiquei sem saber o que dizer por um momento. Afinal, sempre senti pena de Xiaochen.

"Irmão!" Yi Chen ficou atordoado por um longo tempo e finalmente se apressou: "Qin Lang estava falando bobagem agora mesmo. Ele ainda está bêbado. Irmão, não acredite nele. Ele sempre vai te tratar bem no futuro. Não se preocupe. Qin Lang, certo?" Ele virou a cabeça e olhou para mim suplicante.

Fechei os olhos, evitando o olhar suplicante de Yichen, e falei francamente com Xiaochen: "Xiaochen, me desculpe, o que eu disse agora é toda a verdade. Eu amo seu irmão, sempre amei!"

"Eu...eu entendo..." Ele respondeu apressadamente, evitando meu olhar, e rapidamente se libertou dos braços de Yi Chen e quis escapar.

"Irmão!", gritou Yichen. Quando olhei para cima, Xiaochen havia caído pesadamente da escada, em pânico.

"Remédio e gaze!" Vendo Yichen completamente em pânico, eu, já tendo sido espancado por ele muitas vezes e tendo considerável experiência, rapidamente lhe entreguei o remédio de primeiros socorros. Felizmente, Xiaochen tinha apenas um arranhão na testa, e depois que Yichen o segurou e enxugou suas lágrimas e ranho, ele acordou logo em seguida.

"Xiaochen, se não se importar, vou lhe contar a verdade!" Ignorando o olhar furioso de Yichen, que era o suficiente para me enfurecer, agarrei delicadamente a mão de Xiaochen e comecei a lhe contar toda a história. Como conheci Yichen, como meus sentimentos por ele floresceram, como o confundi com outra pessoa no bar por causa de um mal-entendido sobre nossos nomes, como acabamos no vagão do trem... Ele permaneceu em silêncio o tempo todo, sem uma única reação.

"Xiaochen, eu sei que você está magoado agora e eu não deveria estar lhe contando isso agora, mas eu só quero que você saiba que não há maldade na mentira em toda essa história."

"Eu sei..." Ele finalmente falou com o rosto pálido, levantou-se e acariciou lentamente as sobrancelhas de Yi Chen: "Yi Chen, eu sei que você sempre foi bom para mim, então agora eu imploro, deixe-me ficar sozinho por um tempo, ok? Não me siga..." Depois de dizer isso, sem olhar para mim, ele cuidadosamente colocou meu casaco na mesa e cambaleou para longe.

"Irmão!" Yichen queria ir atrás dele, mas eu o impedi: "Não vá, deixe-o ficar sozinho por um tempo!"

"É tudo culpa sua! É tudo culpa sua!" Toda a sua raiva finalmente encontrou um lugar para explodir, e ele me deu um soco: "Nunca vi uma pessoa tão inútil como você! Tudo bem se nada acontecer comigo hoje, mas se algo acontecer com ele, farei você se arrepender pelo resto da vida!"

"Você está brincando comigo?" Eu estava com tanta raiva que quase desmaiei. Nesse momento, ele ainda disse: "É melhor explicar tudo claramente agora. Seu irmão vai se sentir mal, mas vai melhorar depois de um tempo. Você ainda quer que eu minta para ele para sempre?"

"Idiota! Pare de inventar desculpas!" Ele ainda estava cheio de ódio. Ao me ver olhando feio para ele, gritou ainda mais alto: "Que diabos você está olhando?"

"O que você acha que estou olhando?" Sorri friamente, dei um passo à frente, abaixei a cabeça e o beijei.

"Sua besta, me solta!" Ele empurrou desesperadamente, xingando. "Pare de ser tão sentimental e pare de me dizer essa coisa nojenta de que você me ama. Só porque você me ama, eu tenho que te amar? Sai daqui! Eu não me importo!"

"Yichen, o que você disse?" Meu peito apertou e puxei seu cabelo para cima.

"Você não entende o que eu estou dizendo? Por que acha que eu te mantive por perto? Se não fosse pelo fato de eu gostar de você, eu teria te mandado embora! Você não entende, porra?" Ele escolheu frases que poderiam me matar e as pronunciou palavra por palavra, com um tom cheio de ódio para me matar.

Após três segundos de contato visual, levantei a mão e a balancei com força. Após um "pop", sangue vermelho imediatamente jorrou do canto da boca dele.

"Você ousa me bater?" Ele ficou atordoado por um longo tempo, cerrou os dentes e estava prestes a revidar. No segundo seguinte, a mão que queria vingança já estava agarrada por mim.

"Yichen, tem umas coisas que é melhor você perguntar ao Shen Chao para esclarecer!" Eu me aproximei dele, dizendo palavra por palavra: "Desde que eu tinha idade suficiente para entender, alguém já ousou me tocar? Você é o único que pode me chutar e me bater. Acha mesmo que eu não consigo te derrotar?"

"Besteira!" Ele não conseguia se soltar e tentava ansiosa e impacientemente se livrar dos meus lábios, que estavam cada vez mais próximos.

"Chega. Acabei de dizer que chega! Se você quiser que eu vá embora, eu vou embora, mas antes disso, vou retirar toda a compensação que mereço!" Dito isso, sorri friamente. No fundo do meu coração, que doía cada vez mais, uma voz fria dizia: Qin Lang, depois de nos separarmos, você e Yi Chen nunca mais conseguirão se encontrar.

"Idiota, o que você está fazendo? Pare! Você me ouviu quando eu disse para parar?" Ele queria lutar, mas eu o forcei e ele ficou completamente preso debaixo de mim.

"É um pouco difícil fazer isso no chão, mas eu consigo me virar!", disse eu sem nenhuma emoção. Torci suas mãos, que resistiam ferozmente, para trás das costas e comecei a arrancar suas roupas com violência.

"Você está louco? Me solta!" Ele ouviu minhas palavras inexpressivas, incrédulo, e finalmente percebeu, pelas minhas ações resolutas, que eu estava falando sério. Depois de lutar por um longo tempo, sua voz começou a conter um tom de súplica temeroso.

"Já que você já quer que eu vá embora, é claro que não posso me permitir sofrer tanto." Inclinei-me e o beijei lentamente, aos poucos. Seu corpo tremia sob meus lábios e ele não conseguia nem emitir um som.

"Por que você não fez nenhum progresso?" Vendo que ele ainda só sabia me evitar passivamente, agarrei seu queixo e o forcei a olhar para mim: "Não se esconda, olhe para mim, Yichen, olhe para mim!"

Ele mordeu os lábios com força, e o canto da boca que eu havia quebrado já estava inchado. Seus olhos escuros e úmidos estavam cheios de ódio, e não havia nenhum traço de amor neles.

Meus movimentos, que haviam sido suavizados um pouco por pena, tornaram-se selvagens novamente por causa do seu olhar. Com um único esforço, rasguei completamente sua camisa. Seu peito magro, porém robusto, arfava violentamente, sua pele cor de trigo tingida por um leve rubor de timidez. Fiquei assustada, incapaz de resistir a beijar seus mamilos.

Por um longo tempo, o único som que se ouvia era sua respiração ofegante. Quando ergueu os olhos, já havia mordido os lábios novamente, tentando desesperadamente conter o gemido.

"O que você está fazendo?" Belisquei seus lábios para impedi-lo de se morder: "Você não quer gritar? Acha que consegue segurar?"

Com um "sibilo", suas calças foram completamente abaixadas por mim. Suas pernas ficaram completamente expostas ao vento. Ele se esforçou para fechá-las, mas elas foram impiedosamente rasgadas pelas minhas mãos.

"Você ainda quer aguentar?" A mão dele já havia alcançado seu ponto mais vulnerável, provocando-o deliberadamente. A raiva crescente de antes se misturava a um constrangimento cada vez mais intenso.

O corpo em que eu havia pensado milhares de vezes estava bem embaixo de mim, suas pernas encolhidas foram puxadas por mim e enroladas em sua cintura. Só mais um momento e eu poderia penetrar seu corpo e possuí-lo completamente. Além disso, ele já soluçava e gemia baixinho sob a provocação da minha mão.

"Qin Lang, não me faça odiar você!" No último momento, antes de eu entrar no estágio de vergonha, ele levantou os olhos e olhou para mim, mas falou em voz baixa, como se tivesse esgotado todas as suas forças.

A declaração fraca soou como um trovão. Parei e o encarei, sem entender.

"Sério, não me faça te odiar, eu não quero isso!" Ele fechou os olhos novamente, e seu corpo, que estava tenso e esquivo, amoleceu como se tivesse desabado, permitindo que eu o abraçasse.

Yichen, que havia desistido até mesmo de lutar, disse: "Você perdeu toda a esperança em mim a esse ponto?"

E será que meu amor persistente foi trocado por tanto ódio dele?

Levantei-me delicadamente, cambaleei até o banheiro, joguei água fria no meu corpo quente e usei as mãos para aliviar o constrangimento fervente aos poucos.

Não sobrou nada.

Qin Lang chegou a esse ponto e não há nada que você possa fazer para detê-lo.

No momento em que o líquido branco saiu das minhas mãos, agachei-me sob a torneira fria e chorei silenciosamente.

Não sei quanto tempo demorou, mas saí do banheiro encharcado. Yi Chen estava encolhido num canto, com o rosto coberto de lágrimas.

Caminhei até ele em silêncio e coloquei nele o casaco que estava jogado sobre a mesa. Ele enterrou a cabeça profundamente e não olhou para mim.

Olhei para ele por um longo tempo, depois me levantei, saí do quarto e fechei a porta delicadamente.

A cidade ficou completamente silenciosa para mim, e minha rotina diária de deslocamento entre a sala de aula, a biblioteca e a casa transcorreu sem incidentes. Meu antigo professor ficou particularmente satisfeito com meu despertar repentino e me usou como exemplo para inspirar outros. Um mês depois, recebi minha carta de formatura da universidade. Meu pai perguntou se eu queria ficar e continuar meus estudos de pós-graduação. Eu disse que qualquer lugar serviria, menos nesta cidade.

A mãe disse: "Qin Lang, você não gosta daqui? Se não fosse pela sua insistência, a mãe e o pai já teriam se estabelecido no Japão há muito tempo." "Que tal isso? Você pode aprender um pouco na empresa do seu pai no Japão. Se quiser estudar novamente depois de um tempo, pode voltar e continuar seus estudos."

No dia anterior à minha partida, fiquei acordado até tarde bebendo no bar do Shen Chao. Su Xiaolu se juntou a nós, e a bebedeira dela quase nos deixou inconscientes, Shen Chao e eu. Lembrando de quando estávamos namorando, ela ficava bêbada e tentava me abraçar depois de um pouquinho de vinho, e eu ria alto.

Conversamos sobre muitas coisas, desde a professora que Shen Chao e eu costumávamos provocar quando éramos crianças e que agora tem um bebê, até o par de sapatos nos pés de Su Xiaolu que agora está com 50% de desconto na Printemps Paris, e assim por diante.

Mas ninguém mencionou os irmãos Cheng Yichen.

Embora eles saibam que eu realmente quero perguntar, embora eu também saiba que eles realmente querem dizer.

Shen Chao soube de toda a história por Su Xiaolu. Embora sempre falante, ele permaneceu em silêncio desta vez.

Isso é ótimo, posso voar para o Japão sem preocupações e começar minha vida romântica e feliz novamente.

Su Xiaolu também disse que um homem como eu, que é bonito, animado, bem-humorado e atencioso, é sempre popular onde quer que vá.

Fiquei tão empolgado que dei um tapinha no ombro de Shen Chao e disse: "Ei, cara, fica olhando. Se eu for lá, talvez eu consiga seduzir Eriko Imai."

Esqueci de mencionar que Shen Chao é fã de Eriko, e o escritório inteiro está cheio de pôsteres do primeiro imediato do SPEED.

Shen Chao riu e olhou para Su Xiaolu, sem ousar dizer uma palavra.

Quando o show estava prestes a terminar, Shen Chao cambaleou até o palco e pegou o microfone: "Irmão, para lhe desejar uma viagem segura, vou tocar uma bela música como despedida!"

Droga, pensei que ele mesmo fosse cantar, quase me assustei.

Suspirando e dando um tapinha em Su Xiaolu, gentilmente a lembrei: "Se Shen Chao quiser cantar no futuro, você deve encontrar um lugar para se esconder rapidamente."

Como resultado, Su Xiaolu olhou para ele e não gostou nem um pouco: "Qin Lang, você está indo embora. Shen Chao está muito triste. Por que você ainda está dizendo isso?"

"Não é uma questão de vida ou morte, é tão sério assim?" Eu ri e dei dois passos à frente, pronta para carregar o sujeito vergonhoso para fora do palco.

Então, aquela música "muito legal" tocou.

《BIRDCAGE》——Mr. Child《BIRDCAGE》。

A música que Yi Chen cantou na Côte d'Azur agora se tornou a voz desolada de um tio.

Suspirei e o abracei forte.

Shen Chao, obrigado por me deixar ter uma lembrança inseparável para me despedir de você neste momento.

Na manhã seguinte, embarquei em um voo direto para Tóquio, Japão, do Aeroporto Internacional Xiamen Gaoqi.

Não pedi a ninguém que se despedisse de mim nem mesmo à minha mãe tagarela, nem a Shen Chao, que havia se embriagado e vomitado no chão na noite anterior. Eu só queria ir embora em silêncio, sem incomodar ninguém.

A última pessoa que vi foi Su Xiaolu. Ontem à noite, ela me ajudou a entrar num táxi e me levou para casa.

Quando ela saiu, guardei a foto perto do peito.

CAGE" CD em sua mão, então disse a ela com uma risada: "Xiaolu, eu posso escapar amanhã!"

A última lembrança foi de suas lágrimas caindo no envelope rosa e se transformando em lindas gotas de água.

Honoo no Mirage Vol. 03 - Capítulo 06

Capítulo 06: Falcão do Norte

Naoe havia chegado à área do mapa Yamagata mais ou menos na mesma época. Por um tempo ele vinha indo e voltando entre Tóquio e Yamagata investigando a morte violenta e bizarra de um suspeito ligado a um caso de corrupção, mas finalmente encontrou uma pista e a seguiu até a cidade de Yamagata.

O caso de corrupção, que girava em torno do financiamento e da compra de um terreno para o desenvolvimento de um resort, explodira num enorme escândalo de suborno que envolveu desde bancos até o governo. Os subornos tinham origem em uma grande incorporadora imobiliária com sede em Sendai. Dois membros de sua diretoria ambos com fortes vínculos com o caso haviam morrido.

Trabalhando por conta própria, Naoe usara percepção espiritual e hipnotismo para infiltrar-se na promotoria, e empregara todos os meios ao seu alcance para reunir informações e buscar a verdade. E finalmente conseguira identificar uma pessoa que parecia ter alguma ligação com os «Yami-Sengoku»: Ueshima, uma figura influente na Dieta Nacional e membro do partido no distrito de Yamagata, que aparentemente mantinha relações de longa data com a incorporadora em questão e vinha facilitando favores para ela há bastante tempo. Ele também parecia estar profundamente envolvido no caso atual.

Ueshima era o número dois de uma facção muito influente dentro do partido no poder. De fato, fora considerado um dos favoritos nas eleições de outono para a presidência do partido.

Mas agora que esse caso de corrupção veio à tona (Ueshima provavelmente sofrerá a queda mais dura...)

Assassinatos para destruir provas de suborno. Era assim que Naoe via aquelas mortes estranhas.

Claro, arranjar para que alguém morresse devorado por animais na própria cama era um modo de matar altamente incomum quase inimaginável, na verdade.

Normalmente, ao menos.

Mas não se onryō tivessem sido usados.

Não era de modo algum impossível se Ueshima tivesse fechado algum tipo de acordo com um onshō dos «Yami-Sengoku» para se livrar dos suspeitos do suborno. Ueshima provavelmente teria aceitado um pacto para atravessar a tempestade que ameaçava sua candidatura presidencial e sua carreira parlamentar.

Tendo chegado a essa hipótese, Naoe passou a vigiar Ueshima por cerca de uma semana. Ueshima voltou para sua residência em Yamagata e não fez outros movimentos. Naoe checou minuciosamente as pessoas que entravam e saíam da casa, utilizando sugestão hipnótica ao máximo para recolher informações.

Finalmente descobrira a identidade do onshō com quem Ueshima negociava, bem como os detalhes do acordo.

O onshō era Mogami Yoshiaki.

O acordo consistia no uso do corpo de Ueshima como receptáculo espiritual por Mogami Yoshiaki.

— Entendo. Já começaram as invocações dos mortos.

Naoe falava ao celular com Ayako dentro de seu Cefiro enquanto fumava um cigarro, no dia seguinte ao da entrada de Ayako e Takaya em Sendai. Era uma das comunicações regulares entre eles para alinharem informações.

Uma barreira fora erguida ao redor da mansão de Ueshima, e todo o «shinenha» estava bloqueado, de modo que ele só conseguia sondar a situação por meio de dispositivos de escuta e afins (ele os havia plantado secretamente nas pessoas que iam e vinham da casa). As ondas de rádio alcançariam seu quarto de hotel, mas ele havia estacionado o carro próximo à mansão e montado vigília ali para poder reagir imediatamente a qualquer evento.

— Então os desabamentos têm mesmo relação com os «Yami-Sengoku» — Naoe franziu o cenho.

— E isso é da parte do Kokuryō-san: parece que os onshō estão aparecendo um após o outro na cidade — Ayako acrescentou. — Preciso fazer uma percepção espiritual mais detalhada, mas a «energia» da terra está realmente estranha.

— Estranha? O «jike» mudou?

— Não sei se mudou ou não, mas não é natural. Não parece algo causado pela reunião normal de pessoas e pelas «energias» dos espíritos; parece mais algo criado ou manipulado. Só que parece muito esquisito de alguma forma.

— Uma «energia» manipulada? Você ainda não achou ligação entre isso e as invocações dos mortos, né?

— Mmm. Ainda não tenho prova positiva, mas acho que terei evidências na próxima vez que conversarmos.

— Entendo. Isso me preocupa. Seja o que for, nossa primeira prioridade deve ser capturar os onshō que fazem essas invocações e realizar o chōbuku o quanto antes, para que mais inocentes não se machuquem. Você vai dar conta disso sozinha?

— Sim, acho que sim.

— ...Então fica com isso — disse Naoe, encerrando a ligação. Após um silêncio, perguntou: — E Kagetora-sama, como está?

— Kagetora? Acho que ele se comportou durante o treinamento especial com o Kokuryō-san. Estava aprendendo meditação.

— Está indo bem?

— Beeeem... — Ayako respondeu com um gemido confuso. — Ele definitivamente tem o gênio de Uesugi Kagetora, e o Kokuryō-san o elogiou bastante, mas o problema parece ser algo dentro dele.

O rosto de Naoe ficou tenso de surpresa. — Uma auto-sugestão?

— Ah, não é isso. Acho que tem a ver com Ougi Takaya. Ele está estranhamente distraído desde que veio a Sendai. Sabe, Naoe, você não ouviu nada, né? Nada sobre Sendai?

— Não...

Na verdade, embora Naoe conhecesse bem Uesugi Kagetora, ele não tinha tanto conhecimento íntimo sobre Ougi Takaya. Takaya não falava sobre si mesmo e recusava deixar que as pessoas o conhecessem.

(Embora eu tenha ouvido que os pais dele se divorciaram há alguns anos...)

— Sabe, Naoe, ele é mais criança do que aparenta. Ele imediatamente afasta as pessoas, mas você não acha que, lá no fundo, ele quer depender de alguém?

Os olhos de Naoe se arregalaram. Ayako continuou: — Eu me pergunto se ele vai abrir o coração para alguém.

— Haruie?

— Naoe. Eu realmente acho que você deveria ficar ao lado dele — Ayako disse com firmeza. — Por ele... por Ougi Takaya. Para esse garoto que não é Kagetora, somos estranhos que ele acabou de conhecer, mas certamente podemos formar novos laços com ele. Talvez Ougi Takaya, e não Uesugi Kagetora, esteja começando a ver Naoe Nobutsuna como alguém necessário a ele?

— O que é isso de repente...

— Ele está confuso. De repente ele é Uesugi Kagetora e foi arrastado para os «Yami-Sengoku» — ele não sabe mais quem é, então está apreensivo. Alguém precisa ficar com ele. Ele é mais frágil do que parece. Muito mais quebradiço e facilmente ferido que aquele garoto Yuzuru.

— Haruie.


Por um instante Ayako ficou em silêncio. Depois admitiu com voz baixa: — Estou começando a achar que ele não é Kagetora.

Naoe piscou.

— Porque ele não sabe de nada! E a personalidade é totalmente diferente. Kagetora era atencioso, cortês, confiável e inteligente, perfeito! Pelo menos, era para mim. Mas esse garoto é totalmente diferente. Como se fosse outra pessoa. Exceto quando ele está aflito, tem o mesmo olhar nos olhos que Kagetora tinha.

Houve uma expressão levemente dolorida no rosto de Naoe.

— Eu sei que você está tentando se redimir diante de Kagetora, mas isso provavelmente machucaria essa criança. Quando vi vocês dois em Matsumoto, pude ver o tipo de confiança que existia entre vocês há muito tempo, e isso me deixou realmente feliz. Eu não quero que a história se repita.

— Haruie.

— Por favor, fique ao lado dele... Por favor, fique ao lado de Ougi Takaya, desse menino que não é Kagetora, e o ajude.

Naoe ficou calado. Então respondeu com voz baixa, cabeça baixa: — ...Eu ficarei.

Eles desligaram. Naoe recostou-se no banco e fechou os olhos, cansado. As palavras de Ayako ecoaram em seus ouvidos: “Não quero que a história se repita.”

(—Não deixarei a história se repetir...), murmurou Naoe em sua mente, como se respondesse. Gravara aquelas palavras incessantemente em seu coração: se tivesse a chance de refazer tudo, não permitiria que a história se repetisse. Que não faria nada que causasse dor ou tristeza àquela pessoa. — E assim, mesmo que tivesse que enganar a si mesmo...

Não era difícil.

Ele podia suportar a agonia de mentir para si mesmo. Era nada comparado com a forma como a havia ferido.

“Jamais te perdoarei por toda a eternidade.”

Aquela declaração de exílio de trinta anos antes, cuspida como se banhada no sangue de Kagetora, ainda ecoava sem cessar em seus ouvidos. Mas agora eram as palavras de Ougi Takaya que o feriam — aquelas palavras que o esquartejavam — e nos últimos dias ele vinha acordando coberto de suor frio.

(Acho que estou apenas cansado.)

Afundado em reflexão, Naoe levou o filtro do cigarro aos lábios.

Não vinha dormindo o suficiente ultimamente, e agora lamentava não ter tomado o cuidado de pedir ajuda a Nagahide (Yasuda Nagahide — também conhecido como Chiaki Shūhei — ainda estava em Matsumoto guardando Narita Yuzuru). Percebendo que vinha se enterrando em trabalho para evitar Kagetora, Naoe mergulhou numa depressão ainda mais profunda.

“Talvez o garoto que é Ougi Takaya comece a ver Naoe Nobutsuna como alguém necessário a ele?”

Provavelmente era verdade.

Ele já não era ‘Kagetora’ ou ao menos, agora era ‘Ougi Takaya’. Não que Naoe não conseguisse entender Haruie ao considerá-lo uma pessoa diferente, mesmo sabendo que ambos eram, de fato, a mesma pessoa.

(É errado fazer reparações a essa pessoa chamada ‘Ougi Takaya’?)

Seria covardia fazê-lo para alguém que não era Kagetora?

Minhas reparações não deveriam ser feitas ao Kagetora que disse que nunca me perdoaria?

(Mas aqui não há ninguém além dele para mim...)

Servir Ougi Takaya era a única coisa que Naoe podia fazer.

Ele estava decidido. Não deixaria a história se repetir.

Mas sentia apreensão e inquietação. Porque a história poderia, de fato, se repetir.

Será que Naoe era realmente capaz de ajudar a mente de Takaya naquele estado?

O cigarro apagou, e ele afundou a testa nas mãos.

Kokuryō certamente conseguiria extrair uma parte dos poderes de Kagetora. Se Takaya pudesse controlar o que já tinha agora, seria suficiente.

(Mas a auto-sugestão dele provavelmente não se dissolverá tão facilmente...)

Mesmo Takaya não encontraria essa solução simples.

Mas, acima de tudo, para Naoe

(Não quero que se dissolva.)

Sim, esse era seu pensamento.

(Sou um egoísta de merda...), xingou a si mesmo, mas não conseguiu negar seus sentimentos verdadeiros.

Era, sem dúvida, verdade que os enormes poderes de Kagetora seriam necessários para destruir os «Yami-Sengoku». Na verdade, Naoe não sabia se conseguiriam resistir mesmo com todo o seu poder. Precisavam dos poderes do antigo Kagetora. Mas ele não poderia usá-los em plena medida sem restaurar suas memórias.

— E lembrará de você. Lembrará de Minako.

As palavras de Nagahide vieram à mente.

Os olhos de Naoe baixaram como se tentasse suportar o peso daquelas palavras.

Sim. Kagetora lembraria. Não, ele tinha que lembrar. E Naoe mesmo, que mais que ninguém desejara esquecer, teria que...

Kitazato Minako

Aquela que tanto os compreendia.

A mulher que Kagetora amara por sobre todas.

A mulher que fora arrastada para a luta contra Oda Nobunaga, e que Kagetora confiara a Naoe naquele dia, trinta anos antes. Ele ordenara que Naoe a protegesse e a levasse a um lugar seguro longe da batalha. A ordem fora prova da confiança de Kagetora em Naoe, apesar de seu ódio.

Uma confiança que ele traíra.

Para Kagetora não poderia haver ato mais hediondo.

“Jamais te perdoarei por toda a eternidade.”

Essas memórias torturantes voltaram à vida mais uma vez.

Minako, membros finos agitados em desespero.

Naoe, segurando-a com força e arrancando suas roupas enquanto ela gritava e chamava o nome de Kagetora

Ela devia ter visto olhos bestiais olhando para baixo.

E ele, que se transformara naquele monstro

Que nome seu coração clamara?

Um nome que o rasgara por dentro.

Quando aquela cruel noite virou amanhecer

Ao lado do corpo nu de Minako, imóvel como uma boneca despedaçada, seu coração humano retornara, e sentira apenas surpresa diante de suas próprias ações atrozmente bestiais. A vergonha e o auto-ódio lhe haviam cavado um buraco no coração que jamais se curaria. E Minako dissera apenas uma coisa para suas costas encolhidas e geladas, dor profunda em seus olhos.

Eu merecia qualquer escárnio ou abuso que ela quisesse lançar. Eu, que a havia violado, merecia ‘ele me estuprou’ e qualquer ato de crueldade em retribuição. Minako não deveria acreditar em mim, qualquer coisa que eu fizesse. Ela deveria estar estupefata e aterrorizada; deveria me desprezar. E, ainda assim. E, no entanto, ela. Minako.

Meu tratamento vis básico para com Kagetora e Minako, esse erro que esmagou quatro séculos numa única noite: fora ela, sabendo de tudo, quem me salvou.

Dizendo apenas uma pequena coisa

Ela olhou para mim com olhos de bodhisattva machucados.

Mas para essa pessoa que poderia ter sido seu bodhisattva

Eu...

Eu havia desferido o golpe final com aquele abominável ato chamado ‘kanshō’.

Fui eu quem forçou essas duas que tanto se amavam.

Por que os lábios de Minako tiveram que pronunciar as palavras de Kagetora?

Em quem teria nascido a pequena vida concebida naquela carne?

Por que acabou assim?

(Posso realmente recomeçar?)

Pensar isso diante do Kagetora que perdera suas memórias era insuportável. Sim, era verdade. Ele, que fingia pesar, sentia apenas alegria nas profundezas ocultas do seu coração por Kagetora ter esquecido sua vergonha.

Será que Kagetora poderia ter lhe dado essa chance, embora tal egoísmo o maculasse?

De repente deprimido mais uma vez, Naoe olhou as luzes solitárias ao longo da rua.

Um BMW preto passou por ele e subiu até os portões da mansão de Ueshima.

Um homem de meia-idade trajando roupas tradicionais japonesas desembarcou com vários acompanhantes. Foram calorosamente recebidos e conduzidos para dentro. Pareciam ser convidados de Ueshima.

Naoe inclinou-se e aumentou o volume dos receptores em seus dispositivos de escuta. Havia grande excitação e movimentação dentro da casa. (Quem é o convidado?) Um rápido relance não permitiu identificação precisa. Mas sentia que vira aquela pessoa antes.

(Alguém ligado ao mundo político...?)

Começou uma conferência dentro da casa. Alguns minutos depois

— Estamos progredindo firmemente na captura de Sendai.

Dois homens conversavam no parlor. Sentado numa grande cadeira de tatami, o representante Ueshima não, o general Sengoku Mogami Yoshiaki disse ao seu convidado de meia-idade vestido à moda antiga:

— Os Date parecem bastante distraídos, graças às tuas forças Ashina. Assim, expulsaremos os espíritos de Date antes mesmo de completarmos o «jike-kekkai».

— De fato. Nossos onryō rasgarão as almas dos Date e as condenarão a uma dor eterna. — Seu convidado riu altivamente. — Não permitirei que sejam purificados. Irei extinguir seus seres e «acorrentar» seus espíritos para que sirvam como nossos servos. Eles se tornarão nossa força; assim eliminaremos todas as ameaças no Nordeste e matamos dois coelhos com uma cajadada só. Parece que Date ainda não percebeu a aliança entre Mogami e Ashina.

Mogami Yoshiaki ergueu um copo de saquê aos lábios. —Ashina-dono, carregas ainda teu ódio por Date?

—Como poderia esquecer? — cuspiu Ashina Moriuji. — Nós, os Ashina, nobres desde o Período Kamakura, fomos tão magnificamente arruinados por Date. E outro ainda: o filho de Satake não deveria ter sido adotado no clã. Ashina foi destruída porque um homem assim tornou-se cabeça do clã. O infortúnio de minha casa foi uma maldição lançada por Date e Satake. Contudo, esta batalha findará de modo diverso. A ressurreição deste ‘Líder da Era Dourada’ Ashina Moriuji não permitirá mais que esses novatos façam o que bem entenderem. Eu lhes mostrarei o verdadeiro poder dos Ashina.

— Confio-te essa tarefa, Ashina-dono. Certamente tomarás a cabeça do Dragão de Um Olho dos Date.

— Não preciso de bajulação.

— Não é bajulação. Falo de coração. E há uma tarefa a mais que devo pedir-te.

Os dois se olharam por um instante. Com olhos sempre em guarda.

— Achas que eu me deixo enganar por ti? — murmurou Ashina Moriuji, as feições de sua veste espiritual retorcendo-se. Um sorriso astuto surgiu no rosto angular de Ueshima.

— Por favor, descanse esta noite.

(Aquilo foi uma surpresa...)

Naoe, que ouvira toda a conversa pelos bugs plantados, gemeu surpreso.

(Ashina e Mogami, trabalhando juntos...)

Já ouvira relatos da revivescência dos Ashina, mas não imaginara que uma aliança já se formara. E, além disso, que estivessem tecendo uma armadilha contra os Date...

(E o outro que ouvi... «jike-kekkai»...?)

A porta deslizou de repente, e vários homens saíram, entre eles o homem trajado tradicionalmente de antes — talvez Ashina Moriuji. Naoe esforçou os olhos na escuridão. Um pequeno homem de meia-idade, rosto estreito e cabelos brancos.

(Aquele homem é...)

Naoe estremeceu, reconhecendo-o de repente.

(Aquele não é o representante da Dieta Hirabayashi Mikio?)

Hirabayashi era líder do Partido Hirabayashi, facção à qual Ueshima pertencia. Ex-primeiro-ministro e uma voz poderosa dentro do partido. E aquela era a veste de Ashina Moriuji!

Dada essa conexão, não era estranho que Hirabayashi e Ueshima se convivessem. Mas possuir pessoas em posições políticas tão proeminentes... Certamente a possessão de Ueshima por Mogami não fora obra do acaso, mas Ashina fazer de alguém tão influente quanto Hirabayashi seu receptáculo...?

(Que diabos estão tramando?)

Quando o BMW preto de Hirabayashi sumiu na noite, uma voz feminina veio pelos dispositivos de escuta.

—Já retornou teu convidado?

Uma mulher atraente saiu do quarto do tatami. Yoshiaki sorriu e abriu-se.

—Ele voltou cedo demais. Será que pensa que o servimos com veneno?

—O que, nós faríamos tal.

Yoshiaki reclinou-se no assento de tatami e deu uma longa tragada no cachimbo. —Esses recipientes que ocupamos são insuportáveis. Bem. É verdade que são apenas velhos senis, mas seus poderes são certamente mais úteis em grande escala do que os de um «poder» não treinado.

Fumaça subiu ao teto envelhecido.

— Um poder que permite mover o mundo, hm?

—Já se passaram três anos desde que ressuscitamos neste mundo. Agora o terreno finalmente está preparado.

— Mmm. Levou-nos tempo para entender o estado atual das coisas, mas o mundo dos homens parece não mudar.

Yoshiaki riscou um círculo no ar com a ponta do cachimbo.

— Dinheiro e influência. Pessoas venderiam até suas almas para se proteger. Ou, neste caso, seus corpos.

—Tolos.

— Sim. São tolos. Aqueles que se esqueceram da batalha apodrecem sob o peso de seu próprio egoísmo curta-visão. Um governo formado por aqueles que estão podres torna-se ele próprio podre. Tal é o caminho das coisas, Oyoshi.

A mulher encarou Mogami com força. — Aniue, desejas verdadeiramente mergulhar este mundo no caos da guerra outra vez?

— Não desejo guerra. Não entrarei em guerra. Não entrarei em guerra, mas obtivemos agora um poder para mover este mundo. Por isso tomei este receptáculo espiritual. Pelo Mogami.

Sua irmã mais nova, Yoshihime que também era mãe de Masamune, Ohigashi-no-Kata estreitou os olhos contra o irmão.

— Se falares levianamente, poderá chegar aos ouvidos dele.

—Aquele, hm? — Os olhos de Yoshiaki estavam cheios de diversão. — Até a Princesa Demônio do Ōu o teme?

O rosto de Yoshihime enrijecia ao encarar o irmão. — Eu o temo. Não posso deixar de pensar que ele está trazendo algo terrível a esta terra do Nordeste.

— Isso te cai mal, Yoshi. Em todo caso, como está Kojirō? Uma vez que Sendai caia em nossas mãos, penso em confiar Yamagata a ele como meu procurador. Certamente não é inferior a Masamune em porte. Sem dúvida será um bom comandante.

—De fato.

Outra voz vindo da direção do quarto do tatami interrompeu a conversa. Os dois se voltaram e viram que, sem que eles soubessem, um jovem esbelto estava parado do outro lado da porta de correr. Havia quanto tempo ouvira a conversa? — Yoshiaki e Yoshihime empalideceram, mas o jovem falou com uma voz doce, sem se importar com o que se dissera antes: — Ficai à vontade, Mogami-dono. Kojirō-dono dos Date é um jovem guerreiro excelente. Estamos em pleno entendimento. Contudo, Mogami-dono. Há ratos nesta sala.

— Oq...!

O jovem caminhou, rindo, e levantou a pintura do rolo pendurada no tokonoma.

—Ah!

O jovem sorriu para Yoshiaki, que se encolheu.

— As orelhas de um grande rato — disse o jovem, e esmagou com a mão o minúsculo microfone do bug que segurava.

—Um rato, aí!

—!

O dispositivo de escuta cortou com um estouro de estática. Naoe arrancara o receptor no mesmo instante, sabendo que aquilo prenunciava desastre.

(Notaram...?!), pensou, quando o carro tremeu. Thud! Sentiu o carro ceder.

(O que!)

O corpo do carro rangeu alto, envolvido por um poder anormal. Um vento ardente de repente queimou a área ao redor dele. Nesse instante

—!

O Cefiro explodiu em uma coluna de fogo com um estrondo terrível.

—Não fuja, seu «nue»!

O dono daquela voz aguda saltou por cima da cerca junto com uma esfera de fogo rubra.

O Cefiro estremeceu enquanto queimava em chamas crimsons. Naoe, que rolara para fora do carro por um triz, estremeceu agachado no chão, com a mão pressionada contra o ombro direito.

(Isso é o «poder» deles?!)

Algo uivou atrás dele. Ele girou para ver chamas vermelho-escuro abrindo uma gigantesca boca em ataque.

Seu «nenpa» rompeu as chamas. Entidades que eram torrões flamejantes contendo faces humanas putrefatas apareceram perto dele. Suas bocas excessivamente grandes se abriram enquanto avançavam.

(Ém «kaki»...!)

Uma face flamejante atacou, cuspindo saliva ardente. Ele a enfrentou e liberou seu «nenpa». A face foi despedaçada com um grito grotesco. Mas os pedaços se reuniram imediatamente e voltaram à forma humana original.

(O que?!)

«Kaki» eram aglomerados de emoções de quem morrera no fogo. Um tipo de tsukumogami imaterial associado a desastres de fogo. Por serem sentimentos remanescentes, deveriam dispersar e desaparecer quando sua mente os pulverizava.

(Não são «kaki» comuns!)

Ele defendeu o próximo e o próximo ataque dos «kaki» com «nenpa», mas eles apenas se desfaziam e se recompunham novamente. O combate parecia interminável. Ao despedaçar mais um com «nenpa», Naoe percebeu de súbito: claro!

(Eles não são só aglomerados de emoção!)

Eram «nue» revestidos de emoções onryō!

(Então chōbuku!)

Naoe concentrou-se e reuniu seu «poder». Quando as figuras humanas mascaradas pelo fogo atacaram simultaneamente, prestes a engolfá-lo, ele bradou com voz estrondosa:

(bai)!

O ar congelou. Os onryō revestidos de «kaki» ficaram completamente paralisados.

— Noumakusamanda bodanan baishiramandaya sowaka! — Naoe gritou.

— Namu Tobatsu Bishamonten! Para esta subjugo demoníaca, empresta-me teu poder!

Ele abriu as mãos em gesto cerimonial na direção dos «nue».

— Chōbuku!

Luz irrompeu de suas mãos. A luz branca despedaçou os «nue» um a um.

—!

Ele sentiu uma energia letal terrível vindo diretamente por trás. Uma flecha invisível o atingiu quando se virou.

—Ugh!

Vontade atirada como pedras o envolveu por todo o corpo, e ele caiu no asfalto.

(Quem...!)

Ele concentrou «nenpa» na palma da mão. Seus olhos lacrimejantes não conseguiam focalizar o oponente.

Mas podia sentir uma aura incrível!

(Vai chegar...!)

O «poder» de alguém o atacou pela frente. Naoe prontamente ergueu um «goshinha» em torno de si.

Os dois «poderes» colidiram. Naoe empurrou as mãos, esticando suas forças ao limite para sustentar o «goshinheki». O ar uivou.

...

Ainda sustentando o «nenpa» esmagador com seu «goshinheki», Naoe se pôs de pé. Então convocou um «nenpa» com toda sua força.

— Gwaaaah!

Boom boom boom...!

Uma gigantesca fissura rasgou o chão aos pés de Naoe.

Naoe não perdeu o instante em que seu oponente vacilou. Arremessou tudo num «nenpa».

—!

O raio de plasma mortal foi defletido; as árvores e a cerca ao redor incendiaram-se num ápice. Uma «parede» evidentemente interceptara o «nenpa» de Naoe. Aquele não era um oponente comum!

(Nenhum «poder» nesse nível quem...?!)

— Guh!

Um novo atacante golpeou vindo da área praticamente vazia atrás dele. Uma corrente invisível enroscou-se ao redor dele, penetrando mais e mais no corpo. Não conseguia mover-se. Agonia!

(Então são dois...?!)

Parece que um relâmpago correra por todo o seu corpo.

Naoe caiu silenciosamente.

E permaneceu imóvel.

O silêncio retornou à ruela. As árvores e a cerca do jardim continuavam a arder, pegando apenas os remanescentes de fogo. Depois de verificar que Naoe perdera a consciência, Mogami Yoshiaki aproximou-se de sua irmã.

— Um indivíduo assustador. Teria corrido perigo sem teu auxílio.

— Aniue. Quem é aquele...

O jovem mestiço que estivera presente aproximou-se de Mogami e Ohigashi-no-Kata pelo lado. Observou Naoe imóvel e sorriu com riso divertido.

— Humph. Pensei que um grande rato houvesse se enfiado aqui, mas trata-se de um dos demônios dos Uesugi.

— Uesugi?!

O jovem olhou para Yoshiaki com um sorriso angelical.

— Este homem é Naoe Nobutsuna, um dos kanshōsha de Uesugi. Parece que a Yasha-shū de Uesugi já penetraram também no Nordeste.

— Yasha-shū de Uesugi!

— Se assim for, então devem ter também se infiltrado em Sendai. Pois bem. Será ainda melhor. Creio que acharemos o «poder» deste homem bastante útil.

O jovem sorriu de forma angelical.

— Agora partirei, mas gostaria de oferecer a Mogami-dono um presente modesto.

— ?

— Gostaria de oferecer-te uma cela impenetrável para aprisionar ratos. Se me permitires auxiliar na sua confecção, tua celebérrima força será mais que suficiente para sua manutenção um leve sorriso ergueu seus lábios.

— O rato não será autorizado a fazer nada em sua cela. Depois, Mogami-dono, terás a liberdade para grelhá-lo e torturá-lo como bem entenderes.

—...!

Os olhos do jovem brilharam com uma crueldade que até endureceu os rostos dos dois Mogami. Ignorando as reações, o jovem fungou em riso e olhou para os fogo remanescentes, seus cabelos sedosos ondulando na brisa.

O fogo refletiu num brilho violeta nos olhos de Mori Ranmaru.

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21 de out. de 2025

Stand by Your Side - Capítulo 06

Capítulo 06 :: Talismãs (符令)

Gu Buxia, em pânico, agarrou a barra da camisa dele.
— Você não pode voltar atrás na palavra! Eu apostei um mês da minha vida pra você me ajudar com esse relatório! Amanhã, depois que entregar, a gente segue cada um pro seu lado, sem mais interferências, entendeu?!

Jiang Chi, em silêncio, soltou a roupa, guardou o livro que segurava e pegou outro da estante.

Gu Buxia, aliviado, voltou a digitar concentrado. Finalmente havia silêncio. Jiang Chi também se pôs a trabalhar no próprio relatório.

Mas a trégua durou pouco.
— Jiang Chi, o que quer dizer essa parte aqui?
— Ei, me ajuda a traduzir isso!
— Essa frase… tá certa assim?

As perguntas vinham sem parar a cada cinco minutos, um novo “socorro”. Jiang Chi já demonstrava claramente a irritação no olhar e no tom de voz.

Percebendo isso, Gu Buxia arriscou uma proposta:
— Quer saber? Escreve pra mim logo, vai ser mais rápido! Assim você não precisa revisar e me explicar tudo de novo.

Jiang Chi ficou sem palavras e se levantou.

Pensando que ele estava desistindo, Gu Buxia puxou novamente a barra da camisa.
— Se eu não entregar amanhã, eu reprovo na matéria! Você prometeu! Quebrar promessa é coisa de porco e cachorro!

Jiang Chi respirou fundo, puxou a roupa de volta e sussurrou entre os dentes, bem perto do ouvido dele:
— Eu. Só. Vou. Ao. Banheiro.

— Ah, aprovado. — Gu Buxia fez um gesto de “tá liberado”. — Aproveita e pega uma bebida pra mim na geladeira!

Jiang Chi revirou os olhos.

Quando saiu do banheiro, abriu o refrigerador e encontrou facilmente a garrafa do colega o rótulo dizia em letras grandes:
“Buxia já cuspiu aqui.”

Jiang Chi suspirou, achando aquilo infantil demais… mas o canto da boca traiu um leve sorriso.

Foi então que o monitor da república apareceu. Ao ver Jiang Chi sorrindo com a bebida de Gu Buxia na mão, se assustou.
— Ei, Jiang! O Gu Buxia é super protetor com a comida dele, não arrisca beber isso. — Depois pensou melhor. — Ou… você vai colocar laxante? Cara, você é do curso de Direito, sabe que isso dá processo, né?

— Eu. Só. Tô. Pegando. Pra. Ele. — Jiang Chi respondeu com toda a paciência que conseguiu reunir, deu um aceno contido e saiu rápido dali.

O monitor deu-lhe um tapa no ombro e sorriu.
— Isso aí, convivência é tudo! Gosto de ver vocês se dando bem.

“Esse dormitório é um hospício”, Jiang Chi murmurou, balançando a cabeça.

De volta ao quarto, encontrou Gu Buxia dormindo de bruços sobre o teclado. Tentou acordá-lo com um empurrão.
— Gu Buxia… — sussurrou num tom firme. — Falta menos de doze horas pra entregar o relatório.

PÁ!
— Ai! — Gu Buxia pulou assustado e deu uma cabeçada em cheio no nariz dele. Jiang Chi gemeu de dor, e a bebida gelada virou improviso pra compressa.

Com o outro frio e o olhar gelado fixo nele, Gu Buxia finalmente se concentrou e conseguiu terminar o trabalho a tempo.

Guo Zhenghong, ainda impressionado com as habilidades de Jiang Chi, decidiu, junto com Lin Daihan, tentar recrutá-lo pro time de basquete da faculdade.

Eles o esperaram na saída. Quando Jiang passou, Guo foi direto:
— Jiang, vi você aquele dia seu arremesso foi perfeito.

Referia-se ao episódio em que Jiang salvou o diretor e, logo depois, acertou um arremesso de três pontos impecável.

— Você jogava no time do colégio, não é? — completou Lin.

— Vocês investigaram minha vida? — Jiang franziu o cenho.

— N-não! — os dois negaram rápido, assustados com o olhar frio dele.
— É que… temos um amigo que estudou na mesma escola se apressou Lin para corrigir.

A expressão dele amaciou um pouco.
— Não tenho tempo. Trabalho depois das aulas. — E foi embora sem olhar pra trás.

Guo suspirou frustrado. Lin bateu no ombro dele.
— Vamos pensar em outro jeito.

No fim do mês, Gu Butao assumiu oficialmente o templo da família. Gu Buxia voltou pra casa pra ver a cerimônia. Sentado do lado de fora do santuário, mandou uma mensagem:

“O professor disse que meu relatório ficou ótimo. Valeu!”

A mensagem foi visualizada quase na hora, mas sem resposta. Depois de alguns segundos esperando, guardou o celular.

Atrás dele, Butao conversava com alguns fiéis. Ele virou o olhar, puxou do pescoço o amuleto de proteção e o observou por um tempo.
Lembrou-se das palavras do avô:

“A-Xia, eles não querem te assustar. O vovô vai selar seu dom, assim você não precisa mais ter medo.”

Era a enésima vez que ele chorava de susto depois de ver fantasmas, e o avô o acalmava enquanto fazia o ritual.

Sorrindo, Buxia sussurrou para o ar:
— Vovô, o irmão mais velho do templo reforçou o amuleto pra mim. Eu tô usando direitinho. Continua protegendo eu e a mana, tá?

Enquanto ele rezava, Gu Butao se aproximou em silêncio e encostou um picolé gelado na bochecha dele.

Mas Buxia já tinha percebido a aproximação, bloqueou o golpe e pegou um picolé também.
— Quase, hein.
— Droga — ela riu e sentou ao lado dele.

— Mana, você tá cada vez mais parecendo um garoto. Assim ninguém vai querer casar contigo.
— Cala a boca, cuida da sua vida ela deu um tapa, mas ele desviou.
“Devia ter batido quando ele era pequeno”, pensou.

— Vai voltar no ônibus noturno?
— Uhum. — Ele ficou sério. — Quer que eu espere o tal “ritual de desbloqueio”?

— Não precisa — respondeu ela com um sorriso provocador. — Vai que você morre de medo…

— Medo? Quem viu fantasma fui eu, não você! Ainda bem que o templo ficou contigo — retrucou ele, emburrado.

Gu Butao deu risada, deu um tapinha no ombro do irmão… e, sorrateira, passou o líquido do picolé derretido na camisa dele.

— Ei! — Gu Buxia tentou revidar com o palito.

Os dois acabaram duelando de brincadeira, rindo em frente ao templo.

Mais tarde, já sozinha, Gu Butao preparou o ritual de desbloqueio.
O salão principal estava iluminado apenas pelas chamas das lamparinas. Diante do altar, ela acendeu incensos e rezou.

— Vovô, hoje o irmão mais velho me passou oficialmente o templo.

Já era meia-noite. Depois de se apresentar aos ancestrais, abriu um envelope que continha dois talismãs, cada um com o nome de um dos irmãos.

Antes de queimá-los, recordou o que o avô dissera:

“Queimando o talismã, você abre o olho espiritual. Vai ver e ouvir os espíritos sem medo. Essa é nossa responsabilidade: transmitir as mensagens deles à família.
Quanto ao Buxia… ele tem muito medo. Deixa o selo dele fechado.”

Gu Butao murmurou uma oração e colocou o talismã com o próprio nome no incensário. As chamas cresceram, o calor subiu, e ela espirrou.
— Atchim!

O espirro levantou fagulhas e uma delas caiu justamente sobre o talismã de Buxia.
— Ah não! — ela tentou apagar, mas já era tarde. Uma das bordas havia queimado.

— Droga, droga… — ela soprou, rezando rápido. — Vovô, e agora? Só queimou um pedacinho, né? Não deve dar problema…

Aflita, pressionou o papel danificado no fundo do incensário e continuou rezando desesperadamente, sem notar o som sutil  como um chiado de rádio desregulado  ecoando pelo ar.

Ao mesmo tempo, Buxia esperava o ônibus, quase dormindo. O ar ficou subitamente frio. Ele espirrou e se encolheu.
Pegou o celular pra passar o tempo. Um ruído estranho, idêntico a interferência de frequência, surgiu mas ele ignorou.

No dormitório, Jiang Chi estava sozinho. O quarto, normalmente apertado, parecia agora grande demais. Enquanto limpava, decidiu juntar o lixo do colega.

Foi quando notou o espadim de madeira de pêssego pendurado ao lado da cama de Buxia. Aproximou-se, curioso, e tocou levemente.

Só então percebeu que o cabo tinha inscrições — símbolos desenhados à mão por Gu Buxia.

— Infantil — murmurou.

Mesmo assim, um leve sorriso escapou no canto dos lábios.

Quando percebeu que estava sorrindo, Jiang Chi se assustou. Afastou-se rápido e deixou o espadim balançando no ar.

Mais tarde, deitado, olhou para a cama vazia em frente. Sem o barulho habitual, o dormitório parecia estranho demais.
Buxia dissera que voltaria tarde. Jiang Chi virou pro lado, afastando o pensamento que lhe cruzou a mente por um segundo:

“Devo esperar por ele?”


The last Woods - Capítulo 03

Capítulo. 03 :: Serviço de Alimentação Pessoal

O cheiro de frango assado me atingiu em cheio assim que o carro do tio Hem estacionou na praça em frente ao mercado. Uau… tanta gente comprando e vendendo, e o sol nem tinha subido direito ainda! Eu quase pulei do carro de tanta empolgação, correndo direto para o carrinho de sorvete que balançava um sininho metálico encantador.
Caramba, devia estar uma delícia! Um grupo de crianças cercava o vendedor como se fosse um herói.

— Você não tem nenhuma calça comprida? — ouvi a voz grave do tio atrás de mim.

— Hã?

— Isso aí — ele apontou, e eu olhei pra baixo. — Ontem também estava de bermuda.

— É que é mais confortável! Dá pra correr, andar por aí sem problema. — Cruzei os braços. — Por que o senhor tá reparando nisso, hein?

Ele ficou em silêncio. Aposto que o tecido da minha bermuda chamou atenção é importado, sabia? Se quiser uma, vai ter que ir até Bali!

O tio suspirou e se aproximou, dando uma espiada no carrinho de sorvete.
— Quer um?

— Quero... — olhei para as crianças ao redor, todas sorrindo, felizes com seus picolés coloridos. — Só fico na dúvida se é limpo, sabe?

Pá!

— Ai! — esfreguei o ombro, surpreso. — Por que me bateu?!

— Mostre um pouco de respeito pelo senhor ali — ele sussurrou.
Olhei o vendedor de canto de olho. Ainda bem, parece que ele não ouviu nada. Ufa.

— Mas é verdade! — retruquei baixinho. — A mamãe sempre disse que comida de rua é suja.

— E o restaurante da sua avó é cinco estrelas, por acaso?

— Sei lá. Que eles se resolvam, então.

O tio apenas balançou a cabeça e tirou a carteira do bolso.
— Escolhe o que quiser.

— Ei, não precisa! Tenho dinheiro.

— Eu quero pagar. — O olhar dele endureceu, frio e autoritário. — E se discutir comigo, vou ficar irritado. Faça o que eu disse.

Típico. Um ditador! Poxa, tio, eu não sou nenhum elefante ou cavalo do parque nacional pra ser “controlado”.

Mas, pensando bem… alguém pagar por mim não é nada mau.
— Então… recomenda algum sabor?

Ele bufou, rindo pelo nariz, e pediu ao vendedor:
— Dois picolés, um de laranja e outro de… qual você quer?

— Uva.

— Beleza. Um de uva, por favor.

Os picolés pareciam bastões de luz de show de idol laranja e roxo, brilhando quase de forma agressiva. Peguei o meu e dei uma lambida curiosa.

Nossa! Que delícia! Sabor intenso de uva e bem geladinho. Refrescante demais!

De repente, senti algo frio encostar na minha bochecha.

— Ei! — recuei assustado. — Vai me congelar, é?

Ele olhou o picolé laranja e depois pra mim, comparando os tons.
— Combina com você. — murmurou, e deu três mordidas secas até acabar com o dele. Crac, crac, crac.

— Às vezes não entendo o senhor — falei, com as mãos na cintura. — Essa cara séria me deixa confuso. Nunca sei se tá brincando ou falando sério.

Ele me lançou um olhar de canto, atirou o plástico no lixo e respondeu:
— Você não gosta?

— Hm… — cocei o queixo, pensativo. — Na verdade, acho que é o seu charme. Eu que sou meio lerdo.

— Lerdo mesmo.

— Ei!

— Sou assim. Não sei ser de outro jeito.

— Posso perguntar uma coisa, então? Já teve namorada?

As sobrancelhas grossas dele se arquearam, visivelmente irritadas.
— Pra que quer saber?

— Curiosidade. Só fico pensando quem teria coragem de se apaixonar por alguém como o senhor.

— Garoto atrevido — rosnou, virando-se para sair.

— Ei, volta aqui! — Corri pra alcançá-lo, girando na frente dele e andando de costas. — Tá bravo? Desculpa, vai…

Nenhuma resposta. O silêncio me deixou aflito.

— Poxa, tio… eu tô arrependido, de verdade. — Suspirei, desistindo. — Fica bravo comigo não.

Ele parou e cruzou os braços.
— Eu é que devia estar bravo, não você.

— Não tô bravo, só chateado por ter te desagradado. É diferente.

Nada. Nenhuma reação.

— Já basta levar bronca da vovó o tempo todo. Agora até o senhor tá bravo comigo. Daqui a pouco fico sem amigos aqui. — murmurei, cabisbaixo.
Quer dizer… ainda tem a Padmé, filha da dona da mercearia, mas ela é menina. Eu queria um amigo homem, poxa. E justo com o tio Hem eu fui pisar na bola. Que azar.

Ele suspirou, finalmente cedendo.
— Eu…

Antes que completasse, o rádio preso ao cinto chiou alto:
[“Atenção, equipe! Suspeitos avistados a leste do parque. Ponto de encontro imediato.”]

O semblante dele mudou. Ficou sério, concentrado, e — droga — incrivelmente bonito assim.

— Consegue voltar pra casa sozinho?

— Hã? — pisquei, surpreso. — Então… não tá mais bravo?

— Tenho pena. Ficar com raiva seria perder tempo.

Não entendi, mas aceitei o perdão de bom grado. Ufa! E prometi mentalmente: nada de perguntar sobre namoradas de novo. Vai que ele resolve me sedar com um dardo de tranquilizante.

Ele me entregou uma cesta que eu nem percebi quando pegou.
— Vai trabalhar.

— O senhor também. — sorri, levantando o polegar. — Boa sorte!

O canto da boca dele se contraiu — um quase sorriso.
— Todos os jovens são agitados como você?

— Claro que não. — Falei orgulhoso. — Eu sou único!

Ele balançou a cabeça e foi embora, mas ainda olhou pra trás algumas vezes. Aposto que tava preocupado comigo. Os adultos sempre caem na minha lábia, no fim.

Mas, enfim, eu ainda tinha que fazer compras, e se demorasse, vovó ia brigar. Dei alguns passos e… ploc — algo grudou no meu pé.
Ai não! Lama. E no meu tênis Balenciaga! A mamãe vai me matar. Espero que tenha chinelo pra vender nesse mercado…


“Fifa!!”

— Hã? — acordei boquiaberto, ainda com a cabeça molhada. — Já estava dormindo no balde de lavar!?

— Hm… — murmurei, sonolento, lembrando que antes estava lavando a louça e, de repente, todo o rosto estava ensopado e cheio de espuma. Ainda bem que a vovó gritou a tempo ou teria me afogado no balde!

— Vamos, levanta! — disse ela, puxando-me gentilmente. — Lave o rosto e depois pode começar a entregar o almoço.

— Posso tirar um dia de folga? — reclamei.

— Não! Ou quer que eu vá entregar por você?

— Podemos contratar alguém? Eu pago! Tô cansado.

— Um dia e você já reclama como urso faminto… — resmungou a vovó.

Suspirei. Que mundo cheio de coisas pra descobrir, hein?

Preparei-me, lavei o rosto e peguei minha bicicleta para cumprir minha função. Hoje eram apenas duas entregas. A primeira: para a Padmé, minha primeira amiga (ela nem sabia ainda).

— Almoço chegando! — gritei em frente à loja dela. Mas ninguém atendia, só a TV ligada.
— Padmé! Trouxe seu almoço!

Ainda sem resposta. Estranho… cadê ela?

— Fifa, oi! — sussurrou alguém por trás. Virei e lá estava Padmé, aparecendo do nada.

Ela estava diferente: o cabelo ondulado, volumoso, e com um visual bem mais ousado que ontem.

— Chegou, né? — disse, soltando a alça do vestido vermelho.

— Hã… — gelei. — Uau… você tá linda hoje.

— Sempre me visto assim, só ontem estava preguiçosa — ela disse, balançando os cabelos na minha cara. — Gostou?

— Gostei… — disse, envergonhado, entregando o dinheiro. — São 170 baht.

Ela tirou o dinheiro do bolso com um gesto tão fofo que meu coração disparou.
Enquanto eu ainda tentava me organizar, um homem gritou:

— Padmé! — correu e a segurou pelo braço. Meu Deus, era o pai dela!

— Pai! — ela reclamou, tentando se soltar. — Não me bata, tem gente olhando!

— Ei, garoto, é você, não? — disse o pai, percebendo-me.

— Hã… — respondi nervoso.

— Sou do time que ajudou seu irmão hoje cedo. Lembra? — ele explicou, sorrindo agora.

— Ah, certo. Então o tio Hem também trabalha aqui… — falei, percebendo a conexão.

— Sim, ele é subordinado do seu tio. — explicou o pai. — Não leve a mal, ele só gosta de brincar com jovens assim.

— Haha, tranquilo, acho que era só uma brincadeira.

— Só uma brincadeira ou sério? — perguntou o pai, olhando a filha.

— Sério, pai! — ela retrucou. — Só queria conversar com alguém da minha idade!

— Isso se chama “ficar de flerte”! — o pai exclamou, divertido.

Resolvi não me intrometer mais. Entreguei os 170 baht ao pai dela.

A segunda entrega: Departamento de Parques Nacionais, picadinho de codorna com ovo frito, 90 baht.
— Parece que a reunião acabou agora, então só pediram uma refeição — explicou o pai.

Fui até lá, mas ninguém atendia. A sala de reuniões estava vazia, só papéis e equipamentos estranhos.
Vi um quadro de honra com o nome de Hem: dedicado à proteção da fauna e flora, com elogios formais.

Sorri sozinho. Que chefe incrível! Ainda jovem, mas já com grandes feitos.

De repente, percebi uma porta marrom. Havia outro cômodo.
Ao abrir, vi Hem dormindo, sem camisa, com um livro aberto na cama bagunçada.
— Uau… o chefe também tem quarto! — pensei, encantado.

Aproximando-me, notei o peito definido subindo e descendo conforme respirava.
— Impressionante… — murmurei, admirando a forma física. Um corpo assim exige treino sério.

Resolvi acordá-lo:
— Tio Hem…

Ele mexeu-se.
— Tio Hem! — tentei mais alto, mas ele só se assustou, ainda dormindo profundamente.

Antes que pudesse continuar, ele agarrou meu braço com força.
— Ei! — gritei, surpreso. — Não está dormindo de verdade, né!?

“O que você está fazendo?” A voz grave ressoou debaixo do livro. “Que falta de educação.”

“Ei, por que está me xingando?!”

“Por que entrou sem bater na porta?”

“Ah, mas eu bati até a mão doer, tá? Quem não ouviu foi você!”

“Hmph.” O oficial do departamento de parques jogou o livro em cima da mesa ao lado da cama. E foi então que pude ver seu rosto: jovem, mas ao mesmo tempo intenso e marcante. Ele parecia recém-acordado, ainda com os olhos semicerrados, tentando se ajustar à luz do sol que entrava no quarto.

De repente, sua mão grande, que segurava meu braço, deslizou lentamente até agarrar meus dedos.

E-eu… arrepiei da cabeça aos pés. Huhuhu.

“Que horas são?”

“…”

“Hmm?” Ele percebeu que eu olhava para algo e acompanhou meu olhar. Quando notou que estava segurando minha mão às escondidas, imediatamente afastou, como se fosse algo sujo.

Eita! Por que fez isso?!

“Foi sem querer, não queria mesmo segurar.” Ele se encostou no travesseiro, cruzando os braços e me encarando. “Mas é macia. Valeu.”

“Se o senhor tivesse minha idade, já teria levado um xingamento na lata.”

“Se tiver coragem de xingar alguém que te ajudou, tente.” Ele voltou a ter a expressão séria de sempre. “Não se esqueça de quem te levou ao mercado hoje cedo.”

“…”

“Então, por que veio aqui?”

Caramba! Perguntou como se eu estivesse atrapalhando! Queria puxar um susto nele.

“Você pediu comida na minha loja, esqueceu?” Mostrei a sacola na minha mão, orgulhoso.

“Não esqueci. Ainda não comi nada desde cedo.”

Uau… já era quase meio-dia, e ele ainda não tinha comido? Um robô?

“Então receba logo e me pague, que quero voltar pra casa.”

“Casa? Em Bangkok?”

“Casa da vovó!!” Como eu iria pedalar até Bangkok? Um caminhão teria me atropelado antes de chegar ao parque.

“Ah, pensei que não aguentava ficar aqui e queria fugir pra casa.”

“Eu fugiria de casa por causa de alguém como você!” Fitei-o com as mãos na cintura. “Agora pega a comida!”

“…”

“Está olhando pra quê? Pega logo e me paga também.”

“Não.”

Fiquei sem reação. “Como assim?”

“Se quiser o dinheiro, senta e espera. Só te pago quando eu terminar de comer.”

Caramba! Fiquei indignado. “Por que eu teria que esperar você comer?”

“Estou entediado.”

“Hã!?”

Ele deu de ombros, mas a expressão revelava claramente que estava zoando. “Pessoas mais velhas deveriam ter alguém cuidando delas.”

“Você acha que tem 170 anos ou quê? Me dá o dinheiro!!”

“Fica a seu critério: volta de mãos vazias ou espera e recebe o dinheiro da comida e…”

“…”

“…com gorjeta.”

O quê?! Ele vai dar gorjeta?! Meu Deus, com todo seu jeito mão de vaca herdado da mãe, mas ainda assim… sentar e esperar está valendo. Um bônus por preguiça.

Ele sorriu ao ver que eu me sentei calmamente na beira da cama.

“Por que sorri? Come logo, não quero esperar o dia todo.”

“Hmph.” O homem sem camisa pegou a caixa de comida, mas antes de dar a primeira mordida, o rádio sobre a mesa chiou. Era o mesmo de hoje cedo.

[Chefe! O “Ei Dam” deu à luz! Quer vir ver? Mudança!]

“Ei!!” Ele arregalou os olhos e pulou, deixando minha caixa de comida aberta. Parecia um cachorro bagunçado.

“Vamos! Pergunta quem vai comigo!” Ele disse, ainda comendo rapidamente o ovo frito.

Uau… tão apressado assim?

“Não seria melhor comer primeiro?” Perguntei, preocupado.

“Não posso! É muito importante!!!”

“Mas disse que estava com fome.”

“Estou, mas preciso ir agora.” Ele pulou desajeitadamente para o carro.

Tão importante assim? Quem é esse “Ei Dam”? Uma subordinada? Vale a pena largar a comida para ir até lá?

Respirei fundo. Sou bom menino, então vou ajudar a aliviar a situação do chefe.

“O que você está fazendo!?” Ele arregalou os olhos quando vi que eu segurava a colher cheia de comida.

“Vou te alimentar.”

“…”

“Abre a boca.”

“…”

“Rápido, senão não vai dar tempo de ir ao tal ‘Ei Dam’.” Mesmo sem saber quem ou o que era, eu segui firme.

“…” Ele hesitou, mas acabou mordendo a primeira porção. Finalmente!

Não perdi tempo e coloquei a segunda, terceira e quarta porções na colher.

“Estou cheio!”

“Só mais um pouco e termina.”

“Você é um maluco…” Ele balançou a cabeça, mastigando o que ainda estava na boca. “Chega!”

“Come tudo!!”

“Arghhh!”

[Chefe! Estamos na frente da casa!]

“Estou indo.” Ele olhou para mim com cara de mau humor. “Terminou?”

“Ah… sim, terminei.”

“Então vou.” Ele me largou, contornou a caçamba e pulou com agilidade. Único sem camisa, enquanto os outros estavam todos uniformizados.

Mas ei, não vai agradecer? Que egoísta!

Bum! Bateu na caçamba, parecia animado com o trabalho que ia fazer. “Vamos logo!!”

Suspiro. Parece coisa urgente. Melhor eu voltar rápido para ajudar a vovó antes de levar bronca.

“Fifa!”

Ainda nem toquei na bicicleta rosa, mas ele chamou para eu olhar para a caçamba.

“Valeu!!” Ele gritou, competindo com o motor.

“…”

“Não esqueci da gorjeta, vou te dar junto com o dinheiro da comida à noite!!”

Ri sozinho ao ver ele quase perder o equilíbrio quando o carro arrancou. Sorte que os subordinados seguraram.

Suspiro… olha só quem é o adulto aqui.

Mas enfim… bom trabalho, chefe.

Levantei a mão para responder antes que ele sumisse na curva.

“Vou esperar, hein!!”

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20 de out. de 2025

The Boy Next World - Capítulo 17

Capítulo 17: Divulgando a Notícia 

No segundo dia, a primeira coisa que Pookan fez ao sair do elevador foi examinar todo o primeiro andar.

Ele segurou o braço superior de P'Cir com força com as duas mãos, não por medo de ser machucado, mas por receio de que a pessoa que tentou comprá-lo voltasse à casa do sênior.

Quando teve certeza de que o homem não estava ali, o garoto sorriu como se tivesse vencido.
“Você não tem medo de jeito nenhum?” perguntou o homem alto, divertido.

“Por que eu deveria ter medo?” Pookan olhou para quem perguntou e acrescentou com confiança: “Com certeza eu daria uma surra nesse cara, P'Cir!”

Ele pode ser um pouco infantil e teimoso, e seu corpo é menor que o de Jin e Achi, mas não é do tipo que simplesmente fica parado e deixa os outros baterem nele!

P'Cir colocou a mão sobre a cabeça de Poo e disse: “Eu ficaria preocupado”.
“Não vou procurar problemas, P'Cir, mas só se ele não vier me incomodar primeiro.”

Pookan não ia procurar briga; ele apenas não gosta de ser intimidado, porque não é do tipo que intimida os outros.

“Se algo acontecer com você, primeiro me avise.”

O garoto assentiu, seguiu o sênior de perto e entrou no carro com um sorriso no rosto fofo, parecendo estar de melhor humor que ontem.

Tudo isso por causa da pessoa que estava ao seu lado.

Exceto quando seu amigo o acordava por estar atrasado, ninguém havia despertado Pookan em muito tempo.

O serviço de despertador de P'Cir não chamava alto nem sacudia os braços, nem usava métodos intensos.

P'Cir apenas sentava ao lado da cama, acariciava a cabeça e as bochechas de Pookan até ele acordar. Quando abriu os olhos, caiu nos olhos sorridentes do outro, ouvindo a voz baixa que dizia:
“Você deveria acordar agora, dorminhoco.”

O sorriso de P'Cir dizia a Pookan que aquele seria um dia lindo.

Sobre a música que alguém cantou ontem para convencê-lo a dormir, quanto mais ele pensava, melhor estava seu humor, especialmente quando P'Cir cantou a parte “não duvide”.

Pookan espera que essa música tenha sido cantada especialmente por P'Cir para ele, independentemente da verdade real.

Considerando o horário das aulas, talvez não houvesse tempo para comer algo.

Então, P'Cir simplesmente estacionou o carro na porta da loja, entrou rapidamente e comprou algumas sacolas de pão e uma garrafa de chá verde gelado para ele.

“Sim~ estou tão feliz hoje! Hoje P'Cir me trouxe para a universidade~”

“Oh, bem~ hoje P'Cir vai te levar de volta para casa novamente. Algumas pessoas nem levam seus parceiros para casa todos os dias. Mas P'Cir veio buscar Poo por várias semanas, né? Para ser sincero, vocês realmente estão namorando, né?” Nalin disse brincando.

Pookan virou para olhar para o mais velho, seus olhos semicerrados com um sorriso, a mão loira segurando a mão de P'Cir, feliz ao ver os olhos confusos do mais velho, e quis estender a mão para tocar a testa franzida, mas o garoto travesso (diferente do habitual) se virou para olhar para suas amigas, sorriu e respondeu:
“Sim, estamos namorando.”

“!!!”

Por um instante, debaixo do prédio da universidade... ficou em silêncio.

Não apenas seus amigos, até as pessoas ao redor da mesa se viraram para olhar Pookan.

A cena o assustou e Pookan olhou para P'Cir em busca de ajuda, mas o outro parecia ainda mais surpreso que antes.

Todo o corpo de P'Cir estava paralisado.

“Poo...”

PA!

Nesse momento, a caneta de alguém caiu no chão, fazendo um som, e todos começaram a voltar à realidade.

risadas
“Fui o único que ouvi isso?”
“Louco! Vocês realmente estão namorando?!”
“Não é possível! Não acredito!”

O lugar ficou tão barulhento quanto pardais que tiveram seus ninhos virados!

Pookan exclamou e olhou ao redor, vendo que todos estavam olhando para ele, então olhou para Nalin e Tree em busca de ajuda, mas os dois ainda estavam boquiabertos.

Nalin foi a primeira a voltar à realidade, engoliu em seco e...

De repente!

“Ei!”

Pookan juraria que a cena à sua frente era terrível.

Nalin pulou e o agarrou pelo ombro, seus olhos estavam tão loucos quanto alguém fora de controle. Ele arfava como se seu corpo inteiro fosse explodir, e então... gritou:
“Poo e P'Cir estão namorando!!!”

Nalin o sacudiu por um momento, e a cabeça também balançava.
“Eu disse! Como Poo e P'Cir começaram a namorar? Contem agora!”
“Nalin, espera um minuto... minha cabeça está doendo!”
“Poo, Poo, rápido, conte tudo!”

Sentiu que estava prestes a vomitar.

De repente!

Um braço forte o abraçou pela cintura, rapidamente o afastou da garotinha e, ainda mais rápido, o levantou nos braços.

Os dez dedos finos se cravaram nas costas do garoto, como uma fortaleza invencível protegendo Pookan.

Seus olhos até olharam ferozmente para as duas garotas muito animadas.

“Eu acho que Poo já falou o suficiente”, disse P'Cir a Nalin com voz fria, e então olhou para baixo.

“Está tudo bem?”

O tom da pessoa era tão diferente.

O quanto ele era rígido antes e agora tão suave.

“Eh, estou apenas um pouco surpreso.” O garoto que não estava mais tonto sorriu e segurou o braço do mais velho com ambas as mãos.

Ser abraçado na frente de mais de dez pessoas foi suficiente para acalmar sua mente fervente.

Eles já estavam se acostumando a estar juntos e se beijar.

Mas, bom, quantos pares de olhos estavam ali? Todos estavam tão surpresos que pareciam fora do enquadramento.

É tão estranho ele namorar P'Cir?

Hm, sim, é estranho.

Pookan perguntou e respondeu a si mesmo no coração. Se tivesse perguntado há um mês, ele teria respondido que era impossível.

“Poo, venha aqui e fale comigo.”

Parece que não apenas Pookan achava impossível, até o mais velho ainda estava em choque. Ele abraçou o garoto e subiram as escadas até um canto, deixando uma dúzia de testemunhas no local.

Assim que saíram da vista dessas pessoas, ouviram gritos atrás deles.

O homem alto os enfrentou e perguntou:
“Agora vocês estão namorando, Poo?”

A voz baixa estava muito confusa. Pookan assentiu imediatamente.

“Sim, desde ontem.”

Bem, como disse P'Wim, agora que chegaram a este ponto, devem deixar que ele e P'Cir tenham um encontro real para mostrar à mãe de P'Cir que é impossível obrigar seu filho a fazer outra coisa.

Também concorda com essa abordagem. Se eles têm que viver juntos, então esse encontro não se compara a isso.

Parece que P'Cir finalmente seguiu os pensamentos de Pookan, olhou para ele sem piscar.

Ah... Estou sendo repreendido de novo?

Pookan sentiu que entendia o que significava a expressão do mais velho, então o garoto sorriu para tentar explicar.

“Não sabemos quando os subordinados da mãe de Phi virão, então temos que mostrar que estamos namorando, mesmo a mãe de P'Cir acreditará se vir com seus próprios olhos! Não estou procurando problemas! Eu disse que só fiz isso porque estou muito bravo com a mãe de Phi.”

Hm... agora me lembro vagamente que há uma hora disse que não estava procurando problemas.

Pookan sorriu secamente; apesar de P'Cir ter decidido iniciar uma guerra com a mãe dele, como seu próprio campo, definitivamente ajudará até o fim, e também...

Bem, sim! É bom namorar P'Cir.

“Ou Phi acha que não está certo namorar comigo?”

O garoto perguntou honestamente, pensando que talvez P'Cir sentisse que isso o deixaria mal pelo outro Pookan.

Viu a expressão do sênior, Pookan, que estava emocionado, se acalmou.

“Na verdade, você deveria perguntar a Phi primeiro.”

O garoto baixou a cabeça e murmurou.

“Suspiro” Ao ouvir o suspiro do mais velho, Pookan imediatamente encolheu o pescoço, era uma frustração indescritível, mas durou apenas alguns segundos, porque...

“Como pode não estar certo?”

P'Cir simplesmente o abraçou livremente, todo aquele estado de impotência desapareceu instantaneamente.

Pookan sorriu alegremente, mas ficou surpreso ao levantar a cabeça.

O sorriso de P'Cir era muito malicioso.

“Muito bem, agora posso fazer algo que os casais fazem.”

Uh, espera, coisas que os casais fazem?

P'Cir finalmente estava disposto a deixá-lo ir desta vez, olhou até para o relógio e depois para os olhos de Pookan.

“Vou esperar e ver se Poo chora ou não.” Após falar, os cantos da sua boca se levantaram.

O coração do garoto se estremeceu um pouco, mas a pessoa que lançou a bomba não olhou para ele. O homem alto caminhou rapidamente para sua faculdade.

Observado pelo sorriso óbvio no rosto do mais velho, Pookan não pôde evitar esfregar o braço.

Sentiu que seria devorado naquele instante!

P'Cir sorriu como se fosse devorá-lo imediatamente.

“Acabei de cavar meu próprio buraco?”

Não tinha certeza se havia se metido na boca de um tigre.

Mas tinha a sensação de que logo seria devorado.

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Deja Vu - Capítulo 21

Capítulo 21 :: Baleia encalhada

"Ai'Tong, Ai'Tong, acorde, já estamos atrasados. Não poderemos tomar café da manhã no refeitório na hora certa.” 

Sacudi seu corpo porque ele estava deitado imóvel como um cadáver. Ai'Tong também não acordou, então dei um tapinha na bunda dela e gritei para acordá-la novamente.

Ontem à noite eu estava bêbado e, embora o mundo tivesse me jogado uma bola curva, ainda consegui deitar de costas e adormecer um pouco.

Então ele acordou novamente ao som do despertador. Normalmente, se eu ficar no quarto de Tong, prefiro acordar antes de Tong.
Tomei banho rapidamente, me vesti e assisti TV enquanto esperava ele acordar.

Depois de tomar banho e me vestir, vi Ai'Tong ainda dormindo como uma pessoa morta. Eu me pergunto se ele usou muita energia ontem à noite para parecer exausto daquele jeito, pensando assim, sinto vergonha de mim mesmo.

“Ai Shia Pad Thai, isso dói. O que você está fazendo?" Ele franziu a testa e imediatamente levantou o corpo para me amaldiçoar.

"Você não está acordado de qualquer maneira."

Ah, ele está bem? Eu apenas dei um tapinha em sua bunda levemente, não com muita força. Ele não jogou mais do que isso?

"Dói, nossa, eu eu eu, vou tomar banho." Ele me xingou e cambaleou em direção ao banheiro.
Pelo que vi, ele parecia estar com muita dor. Só de pensar nisso me dá dor.

Embora eu tenha sonhado em fazer muitas coisas assim, mas foi só um sonho, quando acordei não senti nada. mas se eu realmente fizer isso, acho que será muito doloroso, não sei se posso ser tão forte quanto Ai'Tong ou não.

Eu queria ajudar a orientá-lo, mas descobri que era tarde demais para pegá-lo, Ai'Tong já havia entrado gaguejando no banheiro. Eu realmente quero repreendê-lo, por que você está se divertindo assim? Mas temo que isso o envergonhe. Ele deve ter me pedido para ficar bêbado para que eu adormecesse e não pudesse incomodá-lo. Droga, uau!! Seu amigo está com o coração partido.

Hoje passaremos por aqui para comer sanduíches e café fresco no café da manhã. É bom que Ai'Tong tenha me tratado, então não quero ridicularizá-la muito. Ao vê-lo forçado a andar como se não sentisse nenhuma dor, senti muita pena. Não sei se foi por ele ter jogado tanto ontem à noite ou não. Suspirar. Vendo isso, fiquei com pena do meu amigo, então disse a ele que não iria mais ficar no condomínio dele.

"Ah, por quê? Você está com raiva porque estou atrasado? Já comprei café para você!" Ai'Tong perguntou preocupado. Honestamente, ele e eu somos mais irmãos do que amigos. Nós dois nos amamos verdadeiramente e nos preocupamos um com o outro.

“Não, eu tenho que trabalhar hoje de qualquer maneira, você não precisa esperar por mim até meia-noite, eu vou dormir na loja.”

"Ah, você ainda pode morar comigo, meung. Pare de trabalhar, eu vou te apoiar. Então, vou dirigir meu carro para levá-lo para pegar suas coisas por um tempo." 

Ai'Tong não queria desistir tão facilmente, o comportamento dela me deixou ainda mais desconfortável.

"Não precisa, eu vou ficar aí."

“Que diabos, ontem você agiu como uma alma deixando seu corpo. A tal ponto que eu não ousei deixá-la sozinha."

Ai'Tong ainda não para de se preocupar comigo.

Pensei também, ele me deu arroz, peixe e agora tem namorada, mas ainda está disposto a fazer sacrifícios e me convidar para ficar no condomínio dele. E eu também ainda aprecio aquele meu amigo, eh, vamos esquecer isso agora. Também não quero ser sempre um parasita.

“Ei, não pense muito. Ontem tive um probleminha.

Mas agora não penso mais nisso hehe." Repeti novamente. Ele ainda me olhava fixamente nos olhos, como se quisesse ver se eu estava falando a verdade ou não.

"Benarkah?"

Benar."

"Você?"

Ah, claro!"

Então nós dois caminhamos imediatamente para a aula. Também é uma boa ideia chegar atrasado hoje, pois isso também pode reduzir a chance de encontrar P'Kin. Ontem à noite, lembrei-me que ele estava me ameaçando. P'Kin "Não está provocando?"

Não provocando!"

"Pessoas arrogantes."

"Pessoas arrogantes."

Então vamos."

"Para onde estamos indo?"

"Para a aula, não precisamos faltar?"

"Ah, bem, então."

Que bastardo, quando ele ameaça, com certeza vai bater em qualquer coisa com força.

Portanto, esta é a melhor maneira de escapar disso.

Bem, por uma noite consegui evitá-lo. E felizmente ontem à noite não sonhei com isso novamente. Mas o que aconteceu foi um sonho maluco, porque eu estava segurando a urina. E o mais engraçado é que havia P'Kin no meu sonho ontem à noite, mesmo ele tendo aparecido no final do sonho, isso me surpreendeu. E ainda direi, que ele não é o homem que sempre entra nos meus sonhos.

Quanto à questão da premonição, não penso mais nisso. O que deve acontecer, com certeza acontecerá. Tenho estado estressado e confuso com a cabeça, porque não importa o que aconteça, não consigo mudar isso. Acho que quero viver uma vida normal, não focar em sonhos. Uma coisa feliz é que nunca vi a pessoa do meu sonho. Tento pensar com otimismo, que se ele for a pessoa que amo, poderemos nos encontrar um dia e nos apaixonarmos de todo o coração. então poderemos viver juntos e ser felizes como em um sonho. Sim, sou eu apenas pensando positivamente.

Eu sei que meu futuro nunca mudará, se pensar bem, por que deixei minha vida atual sofrer por causa desse sonho? Na minha vida há coisas mais importantes que o romance, principalmente assuntos familiares, etc. Então decidi deixar pra lá primeiro, deixar pra lá ou ignorar aquele maldito sonho.

Vou viver bem minha vida agora, ser feliz o tempo todo é mais que suficiente para mim.

*** 

Hoje vim praticar para me preparar para o concurso de amanhã. E felizmente o evento será realizado no salão da faculdade de engenharia. E durante o concurso, a comissão nos disse para usarmos os uniformes de nossos respectivos departamentos, e se precisássemos trocar por outras roupas para as necessidades do concurso, poderíamos trocar em outro momento. Enquanto isso, eu estava com preguiça de trocar de roupa, mas trouxe a jaqueta que P'Kin me deu na última vez que nos encontramos.

O talento especial que mostro é cantar, vou convidar todo o público para cantar junto. Escolhi a canção da baleia encalhada cuja letra havia memorizado. Mas esta noite vou praticar e lembrar da letra novamente, tenho medo de quando subir no palco esquecer a letra e isso me envergonhar de morte.

Hoje todos os competidores praticam dança e preparam todas as suas apresentações para o concurso de amanhã. Fiquei realmente impressionado com a seriedade dos organizadores deste concurso e ouvi dizer que seria transmitido ao vivo também fora da faculdade. No começo eu não estava tão animado, mas quando ensaiamos no palco foi muito divertido. O mais importante é como os competidores sempre torcem alegremente, principalmente quando chega o grupo do P'Kin, tem P'Liz e P,Phu também. Não sei por que eles vieram ao nosso consultório.

“Luta não tailandesa!!!” P'Tee me encorajou.

Enquanto isso, tive que olhar para ele e fazer um wai em sinal de respeito, depois sorrir e desviar o olhar o mais rápido possível.

Procuro não prestar atenção na galera, apenas focar em praticar porque preciso de dinheiro. Sim, se alguém perguntar agora o que é mais importante, responderei que não é o amor que dói, mas sim o dinheiro que ganhei com muito trabalho.

Treinei bem hoje sem olhar para P'Kin, mesmo sabendo que seu olhar estava em mim o tempo todo.

Eu sabia disso, mas não queria olhar para ele. Hoje pratiquei muito, me movendo aqui e ali e me revezando como centro dos demais competidores. Eu estava confuso o suficiente para lembrar dos movimentos, então me concentrei mais profundamente. E depois do treino de dança, é hora de praticar o show de talentos. Depois disso vou me esconder atrás do palco para descansar. Mas antes que eu pudesse me esconder, o grupo de idosos veio em minha direção. Todos os competidores que os viram chegando deram um wai em sinal de respeito, pois descobriu-se que P'Phu era o líder sênior do segundo ano junto com P'Kin que era membro, mesmo raramente participando desta atividade .

"N'Thai deve estar cansado, aqui Phi traz água mineral para você." P'Phu se aproximou e me entregou uma garrafa de água mineral em seu tom gentil de sempre, além de gritar com os outros competidores que estavam perto de nós. Mas tudo que pude fazer foi aceitar a garrafa com vergonha, bem, muitos dos meus amigos sabiam que éramos PDKT já que P'Phu nos deu lancheiras naquela época.

"Muito obrigado Phi, sim, estou muito cansado..." Peguei a garrafa de água cuja tampa P'Phu havia aberto e imediatamente a bebi com avidez.

Ah... estou tão aliviada, quando estou com sede alguém me dá de beber, é isso que chama atenção?

“N'Thai dança muito bem. Parece rígido, mas muito fofo. P'Tee, que estava perto de mim, imediatamente me provocou, até que engasguei com minha própria bebida.

Fico ainda mais envergonhado quando as pessoas me veem dançando, é tão engraçado assim?

“Não é assim, Phi, o que há de tão engraçado?” Eu imediatamente disfarcei meu constrangimento.

“Você é muito fofo, eu realmente concordo.” 

P'Phu acrescentou enquanto acariciava meu cabelo que estava quente por causa das queimaduras de sol, e isso me deixou mais envergonhado do que antes. Então tomei outro gole da minha bebida para esconder meu constrangimento novamente.

“O rosto de N'Thai está tão vermelho, Phu, olha… ele não é tão fofo.”

P'Liz se aproximou e imediatamente me provocou com P'Phu.

Enquanto P'Phu apenas olhou para mim gentilmente, mas P'Kin... Ele está com dor de estômago? seu rosto não era nada agradável, e eu sabia que ele ainda estava de muito mau humor, mas nunca mais me importaria com ele.

“N'Thai venha aqui rápido e prepare-se para treinar novamente.”

Felizmente P'Cheer gritou e me disse para voltar rapidamente, para que eu pudesse sair dali.

"Phi... então vou praticar primeiro, ok?" Despedi-me sem mencionar especificamente os nomes dos idosos que estavam ali, depois me virei imediatamente, mas quando estava prestes a sair alguém agarrou minha mão.

“Ah… P'Phu, o que há de errado?” Virei-me para alguém que havia agarrado minha mão, não sabia por que ele estava me puxando. O que sei é que muitos pares de olhos estão nos olhando, com sentimentos diversos. Principalmente com os olhos frios de P'Kin, embora eu não tenha me virado para olhar para ele, eu sabia que ele estava me olhando tão atentamente que senti como se seu olhar fosse como uma espada que perfuraria meu coração, eu não' Não sei por que estou com medo agora.

“Traga a garrafa, não deixe aqui.”

Ah…. Então esse é o motivo, porque a campanha é ecologicamente correta. Eu apenas olhei para ele em silêncio e, antes que percebesse meu silêncio, ele me entregou a garrafa vazia.

"Ok, khrab, obrigado Phi." Recebi a garrafa e imediatamente me virei, mas antes de sair minha mão foi puxada para trás. Fiquei frustrado e voltei para P'Phu, o que mais dessa vez?

“Khab Phi?” Virei-me rigidamente e tentei parecer envergonhado, na verdade não me atrevi a ser indelicado com os mais velhos, mas como muitas pessoas estavam nos observando, não pude deixar de agir da forma mais natural possível.

“Só quero dizer: treine bastante, dê o seu melhor sem se estressar.”

Ah... O motivo dessa vez de puxar minha mão não foi o que eu esperava, P'Phu me incentivou com um tom sincero, me senti lisonjeado.

P'Phu ainda é P'Phu que sempre deseja o melhor para mim.

Procuro não pensar nisso e manter o foco no meu treino. Hoje é o dia de decidir para que amanhã possamos parecer perfeitos. Porém, quem diria que por problemas técnicos eu não conseguiria atuar de acordo com o que desejava. Quase chorei, mas tive que encontrar outro jeito de evitar meu aparecimento Machine Translated by Google Sorri então emocionado, queria agradecer antes que alguém interrompesse minhas palavras.

“Você pode soltar a mão dele? Deixe-o treinar e competir.”

Essa é a voz do P'Kin!!! Ele me interrompeu sem qualquer educação, mas eu podia sentir sua energia raivosa...

P'Phu se virou para olhar para P'Kin, os dois se entreolharam até quase emitirem uma luz de guerra. Quanto a mim, que ainda sentia minha mão sendo segurada por P'Phu, rapidamente a soltei.

"N'Thai, você pode vir aqui rapidamente?" A voz de P'Cheer voltou para me salvar novamente.

P'Kin desviou o olhar e P'Phu imediatamente soltou meu pulso, naquele momento eu imediatamente saí correndo sem me importar com mais nada. Meu coração batia acelerado, eu não sabia por que P'Phu parecia expressar deliberadamente sua possessividade comigo, mesmo tendo prometido não se aproximar de mim novamente.

E com P'KIn, não sei se ele está com ciúmes ou não. O que não entendo é por que os dois estão agindo assim? É como se houvesse algo que ambos estivessem escondendo de mim.
monótono.

Na próxima apresentação, cantarei enquanto mostro uma foto fofa de uma baleia ao fundo e intercalada com fotos minhas tiradas em uma plantação de chá na semana passada.

Sinceramente, não sei como serão os resultados, mas isso é o suficiente. para mim.
Machine Translated by Google E para ser sincero, minha aparência é um pouco comum comparada às outras. Todos mostrarão seus talentos dançando, tocando bateria, etc.

Você tem que lembrar que se você ama alguém, não quebre seu coração E lembre-se por que você está triste, porque você está fazendo isso por si mesmo Amor é amor, loucura é loucura Porque sou uma baleia encalhada na maré alta Havia uma baleia nadando cujo peito estava mais dolorido do que antes.

Ele tentou seguir o amor de alguém, mas no final ficou preso durante a maré alta E agora estou parado no meio do palco esperando os veteranos ligarem a música que vou cantar. 

E quando eu quis praticar canto, infelizmente o grupo do P'Kin estava na lateral do palco, tentei respirar fundo, tentei não prestar atenção nos arredores, principalmente no P'Kin que sempre olhava para mim e começava a cantar.

Se você perguntar aos pescadores, eles também não entenderão.

Enquanto cantava, fiquei olhando para o palco. Mas tive que levantar o rosto quando vi P’Liz sussurrando algo para P’Kin. Ele balançou a cabeça e empurrou a cabeça dela, e ela revidou, empurrando-o de volta, como se estivessem provocando um ao outro. Ver aquilo me fez sentir vontade de chorar, mesmo que a música que eu cantava não fosse particularmente triste. Não sei por que me senti tão triste.

No final, você não se importou e apenas me deixou perdido. Tive que desistir e deixá-lo ir, engolindo em seco enquanto ouvia suas palavras cruéis: “Amor é amor, loucura é loucura, e se você perguntar aos pescadores, eles também não vão entender…” Meu coração estava partido, como se tivesse afundado no fundo do mar.

Achei melhor não contar a verdade, então Yong apenas me aconselhou a beber bastante água morna e descansar. Lamento por não ter sido honesto com ele, mas sou muito grato por sua preocupação.

Minha voz estava um pouco trêmula; caramba, eu não deveria ter escolhido uma música tão emocionante. Quando a escolhi, achei que seria um hit fácil de cantar. Mas cantá-la diante da pessoa que partiu meu coração enquanto conversava com sua namorada foi extremamente doloroso. Tentei me forçar a cantar até o fim, sem prestar atenção nos dois, com medo de que minhas lágrimas escorressem. Quando terminei, corri imediatamente para os bastidores para que os outros pudessem continuar praticando.

“Está tudo bem, tailandês?” Yong perguntou, preocupado porque saí antes do final da música.
“Tudo bem, minha garganta está um pouco dolorida, então vou guardar a voz para a apresentação de amanhã.” Forcei um sorriso ao responder.

Felizmente, quando subi ao palco novamente, o grupo de P’Kin havia sumido, e pude respirar aliviado. Tentei me controlar e prometi praticar até o fim.

Quando o treino finalmente terminou, era hora de voltar para casa. Ai’Tong provavelmente já teria chegado ao condomínio, então fui direto para a loja de bicicletas para pegar minha bicicleta. Desde que comecei a treinar, só havia comido um pouco de pão; estava com fome e exausto, física e mentalmente. Esperava que meu pai ligasse e dissesse que tinha encontrado um poço de petróleo ou uma mina de ouro em frente à casa para eu não ter que me esforçar tanto.

Antes de devolver minha bicicleta, fui ao banheiro próximo ao estacionamento para resolver assuntos pessoais e lavar o rosto. Talvez porque fosse tarde da noite, o banheiro estava silencioso. Estranhamente silencioso, mas não senti medo, mesmo que alguém dissesse que o banheiro era assombrado.

Depois de lavar as mãos e o rosto, ouvi a porta se abrir. No começo, não me importei com quem entraria, afinal, era um banheiro público. Mas ao olhar no espelho, fiquei chocado. Uma sombra estava me observando com raiva através do vidro.

P’Kin!!!

Imediatamente me virei para encará-lo, sua expressão era tão assustadora que meu corpo tremeu.

“O que… o que você está fazendo… ei, Phi, solte!!!” Antes que eu terminasse de falar, ele me arrastou para um dos cubículos e trancou a porta.

“P’Kin!!! O que você está fazendo??” perguntei, ainda tentando recuperar o fôlego.
“E você, o que está fazendo? Por que me ignora? Vai se arrepender se me enfrentar assim.”
“Estes são meus olhos, verei quem eu quiser.”
“Ah… você está olhando para Ai, Phu? Com um rosto fofinho e corado, é isso que gosta?”
“Sim!! Eu… opa…” Antes que eu pudesse terminar, ele me silenciou com um beijo.

Foi áspero, com língua, e me deixou sem fôlego. Fiquei confuso, magoado e sem saber como reagir. Mas, no fundo, eu deliberadamente correspondi, expressando meu desejo. Mesmo sabendo que não estava certo, pois ele já tinha namorada. Isso me fez chorar amargamente.

“Sssst… bom menino, não chore.” P’Kin deve ter sentido minhas lágrimas, pois ao tocar meu rosto me acalmou, enxugou minhas lágrimas e me beijou novamente, desta vez suavemente. O beijo foi doce, e eu não resisti.

Ele me puxou para seus braços, mesmo sabendo que já tinha P’Liz. Eu queria bater nele, mas só consegui socar seu peito, desabafando minha frustração.
“Bata o quanto quiser, se isso te faz sentir melhor. Mas não vou parar, não posso parar.” P’Kin continuou me abraçando, deixando que eu descontasse minha raiva.

Quando parei, ele perguntou baixinho:
“Você não vai bater de novo?”
“Minhas mãos doem, você é feito de pedra?”
Ele pegou minhas mãos e beijou-as suavemente.

“Phi, não fique com cara zangada assim novamente, eu não quero mais brigar.” Tentei puxar minhas mãos, mas ele manteve o abraço.
“E P’Liz?”
“Por que, o que tem?”
“Ela está esperando, certo?”
“Não há nada para conversar, pare de brincar comigo.”

Ele finalmente cedeu, e afrouxou o abraço.
“Ok, mas hoje à noite precisamos conversar.”

Não disse nada; fiquei em silêncio. Quando ele me soltou, saí e tranquei o outro banheiro para não vê-lo novamente.

Ouvi os passos dele pararem do lado de fora, sem dizer uma palavra, e depois se afastarem. Agora estou sozinho, mas na porta do banheiro havia um saco de arroz, carne de porco grelhada e uma caixa de leite fresco.

Não preciso de bilhete para saber quem deixou aquilo. Ver a atenção dele me fez tremer.

Como posso parar de gostar dele? Ele continua o mesmo: sempre sério, sempre ranzinza, mas se importa comigo desde o primeiro dia. Olha… eu quero chorar de novo…