Meu fã foi repreendido pelo gerente e mandado de volta, dizendo para “arrumar a cara” mais uma vez. Era uma forma de advertência, para que nada acontecesse de novo e o clima fosse mantido.
Enquanto isso, a banda ainda tocava no palco, e não havia cadeiras suficientes para sentar. Podíamos ver tudo aquilo claramente do lado de fora do bar, ou mesmo rir discretamente com as fofocas que surgiam a cada novo acontecimento.
— Já deu para mim. Vou embora — disse uma voz grave e séria. Olhei para o rosto da pessoa em pé diante de mim, o cenho franzido de insatisfação.
Era o P’Wu? Tinha toda a aparência de ser.
— De qualquer forma, eu preciso ir. Não é você quem precisa me dizer isso.
— Fazer essa cara não combina nada com você.
— O jeito que eu faço a minha cara é problema meu.
— Então… vamos embora logo?
— Espera, vou primeiro ao banheiro. Quanto ficou a cerveja? Eu pago pelas duas pessoas que vieram comigo. — Ele já estendia a mão, chamando o garçom para resolver a conta.
— Três garrafas, certo?
— Isso. — Bank respondeu, exausto, com um meio sorriso.
No fim, tudo não passava de uma situação desconfortável que todos tentavam esquecer. Mas, sinceramente, até eu tive dificuldade em apagar aquilo da memória.
Droga. Que raiva. Por que justo hoje?
Quando virei, vi o colega já desabado sobre a mesa, totalmente apagado. A cena explicava tudo: ele não aguentava a bebida comum, só quando era cerveja fraca. Qualquer outra coisa, e acabava sempre assim.
Complicado.
— Hm… se continuar desse jeito, quando a banda voltar a tocar vai acabar dando confusão aqui na frente. — O funcionário rapidamente limpava o chão, tentando manter o ambiente em ordem, como se fosse parte de sua rotina.
— Não se preocupe, eu pago.
— Não precisa bancar o herói. De qualquer forma, não me importo com o que você faz com os meus fãs.
— Eu só quis ajudar. Você acha que eu queria ser chamado às pressas?
— Quem iria querer? Sempre que dá problema, sobra para mim.
— Chega. Vamos encerrar isso.
Mãe~~~~~~~~~
Não importa o quanto eu gritasse, Ela não voltaria mais. O vazio dentro de casa era tão doloroso que eu mal conseguia respirar. Mãe não estava ali para me abraçar ou me consolar como sempre fazia.
“Você está chorando de novo, não está? Vai continuar chorando até quando, hein?” – a voz irritada do meu pai ecoou, junto com o som de passos pesados, aproximando-se de mim.
“Eu só queria um pouco de dinheiro para a escola…”
“Já não dei dinheiro suficiente?!”
Aquele tom agressivo me fez tremer.
Eu me encolhi, tentando engolir as lágrimas, mas ainda assim não conseguia parar de soluçar. O coração parecia querer sair do peito, de tanto medo que sentia.
Naquele dia, a casa que deveria ser um refúgio se transformou em um lugar sufocante. O pai nunca mudava. Dia após dia, eu tinha de me esconder, tentando sobreviver, sem ninguém a quem recorrer.
Era um inferno. Um verdadeiro inferno!
Não importava quanto tempo passasse, eu nunca tinha paz. Mesmo quando tentava estudar, era interrompido por gritos, insultos, agressões. Eu só queria fugir dali.
“Posso ir com você?” – ouvi alguém perguntar.
“Claro, venha comigo.”
Essas palavras foram como um raio de luz em meio à escuridão. Um convite, uma chance de escapar, de não estar sozinho.
“Então, vamos juntos…”
“Sim. Vamos juntos, sempre.”
O aperto no peito diminuiu um pouco. Eu me agarrei a essa promessa como se fosse minha única salvação.
“Obrigado por ficar ao meu lado.”
“Não precisa agradecer.”
O silêncio voltou, mas era um silêncio diferente, um silêncio que aquecia em vez de machucar.
“Então, para onde você vai agora?”
“Quero ir dar uma volta fora do quarto, não quero ficar trancado lá dentro.” — ele respondeu.
“Mas você não disse que queria descansar um pouco? Por que mudou de ideia tão rápido?” — perguntei sem entender.
“Eu não quero mais descansar.”
“…”
“Vamos, acompanhe-me.”
Ele se levantou e puxou meu braço para fora. O corredor do prédio estava silencioso, apenas o som de passos ecoava pelo espaço até que saímos para fora. O vento frio da noite soprou suavemente.
“Você não vai mesmo à escola amanhã?”
“Não. Não vou.”
“Mas a escola é o lugar onde você sempre deveria estar.” — ele comentou, a voz carregada de um certo pesar.
Fiquei em silêncio, pois já sabia que, para mim, a escola nunca tinha sido um lugar que pudesse chamar de refúgio. Não importava quantos professores me aconselhassem, nada mudava. Eu só acabava isolado de novo, sem conseguir me misturar com ninguém.
“Mesmo assim… acho que você deveria ir.” — disse ele, baixinho, como quem tenta me convencer com cuidado.
“Deixa.”
“Sim.”
Caminhamos lado a lado. A diferença de altura entre nós era de quase 32 centímetros, sua presença imponente me fazia sentir ainda menor do que meus próprios 21 anos. Mas, apesar disso, não me senti sufocado, e sim… protegido.
“Quer beber alguma coisa? Tem uma loja de conveniência logo ali.” — ele sugeriu.
“Se você quiser.”
“Então vamos juntos.”
Descemos alguns degraus até a pequena loja de esquina. As luzes fortes iluminavam o ambiente silencioso da rua. Pegamos bebidas simples da geladeira e, sem falar muito, seguimos andando pela calçada. O vento fresco batia no rosto, trazendo uma sensação estranha de calma.
“Você já pensou no que quer fazer no futuro?” — ele perguntou, quebrando o silêncio.
“… Ainda não sei. E você?”
“Também não tenho certeza.”
Seguimos assim, caminhando lado a lado pela rua deserta, com passos tranquilos. Não havia pressa, nem destino certo. Apenas aquela companhia silenciosa parecia suficiente para preencher o vazio.
"Mesmo que eu não possa escolher onde nasci, pelo menos eu posso escolher o caminho que vou seguir daqui em diante."
Eu pensei comigo mesmo, sentado naquele quarto estreito. O espaço era tão pequeno que mal cabia meu corpo, mas, de alguma forma, consegui encontrar ali um pouco de tranquilidade. O silêncio era um contraste gritante com a confusão e o barulho de antes.
A rua lá fora estava lotada, cheia de pessoas caminhando sem parar. As barracas de comida alinhadas ao longo da calçada enfeitavam o ambiente com aromas diversos. A fumaça subia das grelhas, misturando-se ao vento. Pessoas se esbarravam umas nas outras, cada uma carregando suas próprias preocupações e destinos. Eu observava tudo, mas ao mesmo tempo me sentia completamente isolado, como se houvesse uma barreira invisível me separando do resto do mundo.
— Vai comer alguma coisa? — alguém perguntou.
— Não.
— Mas aqui tem muitos pratos diferentes, você nunca experimentou? — a voz insistiu, suave, mas firme.
— Eu disse que não.
— Esse é o seu jeito de ser, não é? Sempre respondendo de forma fria. — Ele riu baixo.
— De onde você veio? — perguntei, tentando mudar de assunto.
— De muito longe.
— E por que veio até aqui?
— Nem eu sei direito. Talvez tenha sido apenas o destino.
Ficamos em silêncio por um tempo, apenas observando as luzes brilhantes da cidade. Era como se o barulho lá fora não tivesse importância. No fundo, eu sabia que estava tentando fugir de mim mesmo, mas ainda assim não conseguia escapar daquela sensação de vazio que me acompanhava.
— Você não precisa fingir que está bem o tempo todo. — Ele falou de repente.
— ...
— Eu também já passei por isso. Sei como é tentar esconder a dor. —
Aquelas palavras atingiram fundo. Eu quis rir, mas acabei apenas desviando o olhar.
— Você fala como se soubesse de tudo.
— Eu sei o suficiente para reconhecer quando alguém está prestes a desmoronar.
— Você está me comparando consigo mesmo?
— Talvez. Quando eu tinha a sua idade, também tentava segurar tudo sozinho. Mas, no fim, só me machuquei ainda mais.
O silêncio retornou, pesado. Eu apertei os punhos com força, como se assim pudesse controlar a dor no peito.
— Para onde você vai daqui em diante? — perguntei, sem encará-lo.
— Não importa para onde eu vá, o importante é que você não precise mais caminhar sozinho.
Aquela frase… fez meu coração tremer.
A felicidade era estranha. Junghwa estava rindo, com os olhos semicerrados, como se estivesse embriagado, e o sorriso dele não desaparecia nem por um instante. Depois de se acalmar, ele disse algo que me deixou com o coração acelerado.
“Ei, você não está sendo muito fofo hoje?” — ele disse, inclinando-se perto de mim, a ponto de eu ter que desviar o olhar rapidamente.
“Não diga isso… eu não sou fofo de jeito nenhum. Você está apenas me provocando.”
“Eu não estou brincando. Você realmente é fofo.”
“P-pare de falar assim. Isso é constrangedor.”
Ele soltou uma risada baixa. “Eu só quero ser honesto. Não consigo evitar. Estar com você me faz querer sorrir… isso é estranho, não é? Mas é bom. É como se… tudo ao redor perdesse a importância.”
“E-eu também…”
As palavras saíram tão baixas que talvez ele nem tivesse ouvido. Mas era verdade — quando ele sorria daquele jeito, eu não precisava de mais nada.
“É como se você tivesse acendido algo dentro de mim. Mesmo em dias nublados, é como se o céu ficasse claro só porque você está ao meu lado.”
O coração batia rápido demais. Eu não conseguia mais olhar para ele diretamente, e minhas mãos tremiam levemente.
“…Você é incrível.”
“Eu? Incrível? Hah… Você realmente acha isso?” — ele arregalou os olhos, parecendo chocado e tímido ao mesmo tempo, e sua reação me fez sorrir sem querer.
Eu queria que esse momento nunca acabasse. Queria congelar o tempo ali. Tinha medo de que, se piscasse, tudo desaparecesse como um sonho passageiro.
“Obrigado.”
“Não precisa me agradecer…” — respondi, olhando para baixo, com vergonha.
No fundo, eu só queria dizer: não me deixe. Mesmo que o mundo fosse desmoronar, eu queria ficar ao lado dele.
Antes que pudesse reunir coragem suficiente, ele permaneceu em silêncio por um momento, encarando a outra pessoa com os olhos cheios de incerteza.
“Você... você já se apaixonou antes? Não um amor pequeno ou passageiro, mas algo profundo, um sentimento verdadeiro.”
“Pergunta difícil... acho que não sei a resposta.”
“Você pode não acreditar, mas eu realmente não sei. Não é como se eu nunca tivesse namorado, mas nunca senti que fosse amor de verdade.”
Enquanto falava, ele desviava o olhar, como se buscasse escapar do peso da pergunta.
“Na verdade, eu... nunca pensei seriamente nisso. Talvez eu nem saiba como é o amor de verdade.”
A voz, mesmo calma, carregava um certo tremor que revelava a hesitação escondida em seu coração.
O outro ficou em silêncio, fitando-o, antes de soltar um suspiro leve e desviar o olhar para a janela, onde a luz da tarde atravessava as cortinas e caía suavemente no chão.
“Eu não queria te deixar desconfortável.”
“Não é isso. Eu só... queria ser honesto.”
Mesmo que as palavras não fossem muito claras, a sinceridade nelas era impossível de negar. Um sentimento verdadeiro, talvez ainda indefinido, mas que definitivamente estava lá.
Ele não sabia se era certo ou errado expor tão abertamente o que estava em seu coração, mas sentia que precisava dizer.
“Eu não quero apenas ficar perto de você.”
“...”
“Eu sei que isso pode soar estranho, mas estar perto de você faz com que eu queira ser uma pessoa melhor. Não sei explicar direito. Outras pessoas podem até pensar que não faz sentido, mas para mim faz.”
“Você está... tentando dizer que gosta de mim?”
“Se quiser colocar nesses termos... talvez sim.”
“...”
Um silêncio incômodo pairou no ar, mas não era pesado — era carregado de expectativa.
“Eu nunca pensei em gostar de alguém desse jeito. Sempre achei que viveria minha vida sem me apegar a nada assim. Mas agora...”
Ele respirou fundo, os olhos encarando o outro com uma intensidade que revelava algo impossível de esconder.
“Agora é diferente.”
“Você está tentando dizer... que me ama?”
“Não sei se é amor ainda. Mas sei que não é algo passageiro.”
“...A verdade é que, quando estou com você, sinto como se tivesse algo a mais em mim.”
A pessoa que estava ao lado dele não conseguiu responder imediatamente. O silêncio pairou, pesado, como se as palavras precisassem de tempo para encontrar um caminho até o coração.
Os olhos daquele que falava revelavam algo difícil de decifrar, mas genuíno.
“Eu...”
“Sim?”
“Não sei explicar ao certo. Talvez seja porque, quando estou com você, sinto que consigo ser eu mesmo. Não preciso fingir nada. Não preciso me esconder atrás de máscaras. Eu só... me sinto bem estando ao seu lado.”
Enquanto dizia isso, seus lábios tremiam levemente, como se tivesse medo da reação do outro. No entanto, era impossível esconder o quanto cada palavra vinha de um lugar profundo e verdadeiro.
“Talvez seja por isso que eu queira estar com você. Não porque você me faça sentir pequeno, mas porque você me faz lembrar que posso crescer.”
As palavras saíram num sussurro, mas atingiram em cheio o coração de quem as ouvia.
“Então... você quer ser alguém melhor porque está comigo?”
“Não só isso. Quero ser alguém que possa ficar ao seu lado de verdade. Quero ser capaz de segurar sua mão sem hesitar. Quero ser digno de você. Quero estar com você não apenas como alguém que busca apoio, mas como alguém que pode caminhar junto.”
O silêncio se prolongou, e os dois se entreolharam. O peso das emoções era tanto que não havia mais necessidade de explicações.
“Você está rindo de mim agora?”
“Não...” A voz veio suave, quase trêmula. “Não estou rindo.”
“Então por que está sorrindo assim?”
“Porque... eu estou feliz.”
“Feliz?”
“Sim. É um sorriso de alívio. Um sorriso de alguém que, mesmo confuso, encontrou uma resposta aqui dentro.”
“...”
“Eu não quero te agradecer apenas por estar comigo. Eu quero agradecer por me fazer acreditar que posso ser mais do que eu era. Por me mostrar que ainda há caminhos que posso seguir, mesmo que eu tenha medo.”
“...”
“E, se você permitir, quero continuar caminhando ao seu lado, mesmo que seja devagar. Só isso já basta para mim.”
“Não, você entendeu errado.”
“Eu não quero fugir de você.”
“Então... o que você quer dizer?”
Ele respirou fundo antes de responder, como se precisasse organizar as emoções que transbordavam no peito.
“Quero dizer que eu... quero estar com você.”
Por que tinha que ser assim? O coração parecia lutar contra si mesmo. Cada batida era pesada, cada segundo parecia arrastar uma eternidade. E, mesmo assim, quanto mais tentava fugir, mais percebia que estava preso nesse sentimento.
“Então...”
“Sim?”
“Desde aquele dia em que você entrou na minha vida... eu...”
A voz falhou, mas ele encontrou forças para continuar:
“Eu só consigo agradecer por cada dia ao seu lado.”
Não havia necessidade de mais palavras. O mundo ao redor parecia ter desaparecido, restando apenas a presença de ambos. O barulho distante não importava, a escuridão da noite não assustava. Tudo o que existia era aquele momento, como se o tempo tivesse parado para eles.
Era como se os dias passados, que antes pareciam vazios e sem sentido, tivessem enfim encontrado um propósito.
Sim... talvez fosse esse o verdadeiro significado de “viver”.
Ele não sabia se conseguiria dizer isso em voz alta talvez fosse melhor guardar apenas no coração. Mas o sentimento estava ali, claro e indiscutível: estar junto dele era suficiente para transformar uma vida inteira.
Não era preciso flores, nem declarações grandiosas. Apenas o som tranquilo da respiração um do outro já bastava.
E naquele silêncio, cheio de significados, tudo estava dito.
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