23 de set. de 2025

The Last Woods - Capítulo 02

Capítulo 02 :: Me ajuda, vovó.

CRASH!

Eu deslizei a última mochila até o canto do quarto junto com as dos meus amigos. Finalmente terminei de arrumar minhas coisas! Ufa! Mas, caramba, que suor eu suei até conseguir terminar. Normalmente, essas tarefas seriam da tia Sa, a governanta de casa, mas aqui, no meio da floresta, no alto da montanha, quem é que eu poderia mandar fazer isso? Ou… pedir à vovó? Ai, não! Se eu fizesse isso, provavelmente ela me acertaria com a espátula na cabeça sem dó nem piedade.

Ok, vamos lá. Vamos chorar juntos sobre a minha vida miserável. Olhem meu quarto: sem ar-condicionado, sem cama, e menor que meu banheiro em casa! Mas pelo menos está limpo e arrumado. Isso graças ao antigo empregado que cuidava daqui, imagino. Na verdade, eu poderia dormir em qualquer lugar, desde que fosse limpo.

Ufa! Arrumar o quarto já é cansativo, mas estou orgulhoso de mim mesmo. Agora é hora de preparar a rede de dormir. Vamos ver como vou lidar com isso.

Peguei a rede de malha macia que estava dobrada… eita… qual é o lado certo mesmo? Peguei um canto, o outro fica torto; tento outro canto e as cordas se embaraçam. Argh! Cansei! Que vida difícil… Raiva!!

“Fifa!”

Eh? A vovó me chamava.

“Sim!”

Quase tropecei saindo de casa e caindo de cara no chão quando a encontrei de mãos na cintura, com cara séria, me esperando.

“O que foi?”

“Um homem deve responder com ‘sim, vovó!’ Não com ‘O que foi’ desse jeito.”

“Mas, vovó, em casa eu falo assim com meu pai.”

“E ele acha certo?”

“Pai e mãe acham normal, dizem que é fofo.” Disse, sorrindo para a vovó com um sorriso largo.

“Hum… não acredito.” Ela balançou a cabeça, exasperada. Bom, só diz ‘Senhora’! “E então, vai comer o que?”

“Hã?”

“Faz cara de bobo aí, não vai jantar não?”

Ah, é verdade. Desde que saí de Bangkok, ainda não comi nada. Agora fiquei com fome só de pensar nisso.

Hehe, acho que vou usar esse momento para fazer a vovó se derreter por mim.

“Vovó, tem algum prato que recomenda?”

“Escolher um? É difícil escolher?”

“Não, não posso escolher sozinho! Vovó cozinha tudo tão bem, então tenho que escolher algo especial para minha primeira refeição aqui!”

Hehe, dei uma desviada com vergonha.

“Então pega o menu.” Ela trouxe uma folha grande laminada e deixou na minha frente. Hum… o que tem de bom aqui?



Menu Recomendado – Restaurante Florestal da Vovó Pad

Pratos salteados (Stir-Fry)

Carne de porco, javali**, galinha caipira, codorna*, crocodilo, rã, enguia, peixe-gato, bagre, peixe gigante, veado, cobra-cobra, coelho***


Pratos de tipo laab (salada de carne moída picante)

Cervo, cabra da montanha*, avestruz, bagre**


Sopas e ensopados

Tom yum de peixe-gato do campo**

Curry amarelo de galinha caipira

Ensopado de porco com folhas de chamuang***

Curry vermelho de enguia


Pratos à la carte variados



Meu rosto ficou branco feito pé de galinha de desenho animado quando olhei para o menu.
Caramba, que comidas estranhas! Parece que ela trouxe todos os animais da floresta. E o coelho… aquele coelhinho pulando e comendo sua cenourinha, agora está no menu com três estrelinhas? Quem tem coragem de comer isso?! Meu cérebro quase entrou em curto.

Mesmo assim, forcei um sorriso.

“Então, omelete com carne de porco moída, por favor.”

“Hmph! Não vai escolher algo mais especial?”

Vovó riu de mim. Ai, que engraçado… mas ok, vou deixar pra lá.

Pouco depois, eu finalmente provei a omelete de carne de porco feita pela vovó. Uau! Mesmo sendo um prato simples, era incrivelmente saboroso, um verdadeiro umami. Já ouviram aquela frase: “Quer ver se alguém cozinha bem, observe a omelete”? Pois é, a vovó é realmente uma mestre na cozinha.

“Fifa, vou tomar banho agora. Não se esqueça de fechar a porta ao entrar.”

“Sim, vovó!”

“Depois de comer, coloca o prato na bacia, a gente lava amanhã.”

“Certo!”

Peguei o prato para guardar, mas então notei uma caixa de comida no balcão.

“Hmm? De quem é essa?”

“Ah, quase esqueci! Alguém pediu comida. Você entrega pra ele, ok?”

Hum… quem será?

“Tudo bem, vovó, vá descansar. Boa noite.”

“E você também, lembra que amanhã cedo precisa ir ao mercado.”

Ai, é verdade! Amanhã tenho que acordar de madrugada. Melhor dormir cedo, então. Antes das 22h, banho e pronto.

O primeiro dia foi ótimo. Entreguei as encomendas, lavei pratos, servi clientes e cobrei dinheiro. Honestamente, é divertido! Parece um trabalho de meio período, como o dos meus amigos que postam fotos no Instagram. Da próxima vez, vou postar também. Aposto que vão rir ao ver a filha de família rica passando aperto assim.

De repente, um barulho de motor se aproximou. Olhei e vi um jipe verde empoeirado estacionar na frente da casa. Uau! Que legal! Deve ser o cliente que pediu a comida. Melhor sorrir enquanto entrego.

Hm… espera, conheço esse cara…

Ei, é tio Prod! Aquele que abriu a porta pra mim quando entreguei comida no Departamento de Parques!

“E aí, moleque cobrador de comida!” Tio Prod sorriu de longe. Estava vestindo uniforme militar meio do mesmo jeito que vi à tarde.

“Não é isso, não…”

Mas então percebi outro homem descendo do carro. Cara sério, sobrancelhas firmes… não tem como ser outro: é chefe Heme, meu “problema”!

Ele cruzou os braços e olhou pra mim, como sempre, sem expressão.

“Oi.”

“… Oi?”

“Eu estou te cumprimentando.”

“Eh…” Endireitei-me e fiz uma reverência respeitosa.

“Pode se ajoelhar na minha frente, crianças adoram isso.”

“Fala demais, né?” Chefe Heme repreendeu o amigo, depois voltou a olhar pra mim.

“Ainda não dormiu?”

“A vovó disse pra esperar o cliente… não esperava que fossem vocês dois.”

“Acabamos de voltar da ronda, estávamos morrendo de fome, então pedimos à vovó Pad. E ela já foi dormir?”

“Acabou de ir, sim.”

“Ah, que pena, queria conversar com ela um pouco.” O homem de camuflagem fez cara de desapontamento, mas o celular tocou e ele saiu para atender.

“Ela está ocupada. Vou esperar aqui, então.”

“Quer ficar?”

“Hã!?”

“Não sei onde ir… Tio Prod ainda está ocupado no telefone.”

“O que!? Sai agora ou vou me trocar!”

Ainda assim, ele não saiu. Que cara pesado, deve estar fazendo de propósito!



Eu estava prestes a pedir ajuda ao meu inimigo… Que humilhação.

“Tio… me ajuda a montar a rede?”

Ele olhou sério, fez movimentos precisos e em minutos estava tudo pronto. Eu fiquei impressionado!

“Você é incrível!” Sorri, fingindo, claro. Estratégia!

“Não exagere. Só ajudo dessa vez. Os outros três cantos você faz sozinho.”

“Ah, que sem coração…”

“Confia, você não vai gostar se eu ficar me deixando levar.”

Ele sorriu de canto, pegou a rede e terminou de montar sozinho. Ufa! Pontos pra mim!

“Mas só dessa vez. Próxima vez você faz sozinho.”

“Obrigado, tio!”

Ele suspirou e passou a mão na minha cabeça, deixando meu cabelo todo bagunçado. Se fosse outra pessoa, eu chutaria. Mas respeito e gratidão vêm antes da birra.

“Até que você é fofo.”

O quê!?

Antes que eu pudesse processar, ele terminou de montar a rede e voltou pra mim.

“Precisa de mais alguma coisa?”

“Não, mas tenho algo pra te dar, espera.”

Fui até a caixa enorme que trouxe de Bangkok, cheia de doces e guloseimas. Peguei KitKat de chá verde e grandes pacotes de nori, entregando sem hesitar.

“É um presente!”

Ele aceitou e disse: “obrigado.”

“Não é nada, sem problema. Prazer em conhecê-lo também!”

“Claro…”

“Mas agora, vá embora, vou tomar banho.”

“Quero ficar…”

“Hã!?”

“Não sei pra onde ir… Tio Prod ainda está ocupado.”

“Não! Sai agora, estou me trocando!”

Ele finalmente saiu, e eu pude suspirar aliviado.

Ah? Não era um fantasma, então?

Então, o que era aquela coisa longa que apareceu e tentou cutucar minha rede agora há pouco?

“Abra os olhos!”

Ok, já entendi, vovó… me deixa me preparar primeiro, tá? Eu não sou do tipo hardcore como você, vovó!

Prendendo a respiração, abri os olhos lentamente, e quando a imagem à minha frente ficou totalmente visível, percebi que não era um braço fantasmagórico de forma alguma. O que eu via era muito mais incrível… era uma tromba!

“Pláaaahhh!”

Q-que… tromba de elefante!?

Sério mesmooo?!


“Yaaawwwn…” Abri a boca bocejando por causa do sono, mas não conseguia voltar a dormir depois daquela surpresa do lado de fora da janela.

Me encostei na coluna, observando o elefante vivo, usando a tromba para beber repetidamente da lagoa de nenúfares da vovó. Mal podia acreditar que aquilo era real. Isso superava qualquer expectativa que eu tinha sobre ficar na casa da vovó.

O barulho de motores vindo da estrada de terra ficou cada vez mais alto. Vários veículos entraram em fila na propriedade como se fosse cena de filme policial. Vi um jipe igual ao da noite anterior, mas desta vez o não-mais-misterioso chegava sozinho e, mais importante, usando o uniforme completo do departamento de parques. Uau, nunca tinha visto isso antes.

“Bom dia, chefe!” Minha avó correu para cumprimentá-lo. “Desculpe incomodar tão cedo.”

“Não tem problema, faz parte do meu trabalho.” Nã Chefe se aproximou da área onde o elefante estava e pegou uma lanterna para iluminar o animal, que continuava a beber indiferente à multidão.

O chefe acariciou o animal com carinho e disse:

“E aí, Bieow, não gosta de se alimentar na floresta, é?”

Uau… ele realmente fala com os animais, que demais.

“De repente, Fifa gritou que tinha um fantasma, e quando corri para ver, percebi que o Bieow estava esticando a tromba para dentro da janela. Então liguei para o chefe para ajudar.” Minha avó explicou.

Vovó, não precisava contar que fui eu quem gritou… Agora o chefe está rindo de mim.

Espere… ele está mesmo rindo…?

Haha, ele realmente riu! Acabei de ver isso, depois de tanto tempo de cara séria.

Parece que ele percebeu que eu estava olhando e tentou segurar o riso, mas eu vi tudo.

“Antes, Waew provavelmente dava bananas e cana-de-açúcar demais, então ele se acostumou. Ele não percebeu que a pessoa que dava comida não estava mais no quarto.” Vovó continuou.

Então a minha desgraça caiu sobre mim… pensei que era um fantasma!

“Vou mandar minha equipe buscar o elefante e soltá-lo na floresta.”

“Obrigada, chefe.”

“De nada.” Ele sorriu para vovó, mas ao olhar para mim, o sorriso desapareceu, voltando à expressão séria de sempre.

Ué, que coisa é essa agora?

“Quer chegar mais perto?”

Meus olhos se arregalaram. “Hã? Posso mesmo?”

O jovem chefe assentiu. “Pode vir.”

“Mas… tenho medo.” E se ele chutar minha cabeça de traseira? Ai, não quero morrer logo no meu primeiro dia!

“Venha, comigo você não precisa ter medo.”

Ao ouvir isso, de repente fiquei corajoso e me aproximei do enorme animal, mas fiquei na defensiva, me escondendo atrás do chefe. Estou com medo!

“O que foi com você?”

“Será que não vai me machucar?” Perguntei, sem saber nada sobre ele.

“Com outros animais talvez precise ter cuidado, mas este é seguro, eu garanto.” Ele disse. “Bieow trabalhou em um circo. Eu o resgatei com minhas próprias mãos. Ele deve estar mais acostumado com pessoas do que com outros animais.”

“Uau… ele era de circo? Que pena.”

Mas me senti bem sabendo que o chefe o resgatou pessoalmente. Combina com o trabalho dele mesmo.

“Sim, por isso ele é tão dócil, fique tranquilo. Mas o problema é que ele não sabe se virar sozinho.”

“Então você vai ter que alimentá-lo.” Disse, e resolvi tocar sua barriga.

Macia, mas firme ao mesmo tempo… uau, nunca tinha tocado um elefante de verdade antes. Que demais!

“Tenho centenas de animais para cuidar, não posso me prender a Bieow.” Ele sussurrou ao meu ouvido. Hã… ele está muito perto de mim, mas ok, ele é homem, não preciso pensar demais.

Se Bieow vier aqui de novo, não vou gritar. Ele é amigável! Vou até arrumar comida pra ele.

“Fifa!”

Ai! Eu pulei assustado quando ouvi minha avó chamar, e o chefe também se assustou, recuando quase um metro. Ué, não é pra se assustar, ninguém te chamou.

“O que foi, vovó?”

A senhora entrou com uma cesta de vime. “Prepare-se para ir ao mercado.”

“Hã?!?” Gritei. Quase tinha esquecido! Ainda estou com sono.

“….” Ela fez cara de brava novamente.

“Ok… já vou, já vou!” Sorri de forma estranha e peguei a cesta com entusiasmo.

O Bieow me acordou, e eu ainda nem estava totalmente desperto. Se eu cair da bicicleta da vovó dormindo, não venha chorar depois!

“Vai ao mercado?” De repente, o chefe apareceu bloqueando meu caminho.

“É… até logo então.”

“Espere.” Ele segurou meu braço, mas, ao ver minha cara de confuso, soltou imediatamente.

“O que foi, chefe?”

“Sabe onde fica o mercado?”

Verdade… “Não… não sei, mas posso perguntar como ontem, quando fui entregar a comida.”

“Eu vou te levar.”

Fiquei boquiaberto. “O quê?”

“Sim, vou levar. Assim da próxima vez você vai saber o caminho.”

“….”

“Vamos de jipe. Preciso conversar com meus subordinados rapidinho.”

“Ah, tá.”

Mesmo sem entender direito, aceitei. Que oportunidade boa! Melhor que pedalar até lá e cansar as pernas.

Logo me sentei confortável no carro, mas percebi que provavelmente não tinha ar-condicionado, então a janela e o teto precisavam ficar abertos. Mas tudo bem, ar natural também é tolerável. Ainda está escuro e o clima é fresco.

Yaaawwwn… ainda estou com sono. Enquanto o chefe conversava com os subordinados, decidi fechar os olhos por alguns minutos. Espero que ele não esqueça de me acordar quando chegarmos, senão vou ter que dirigir sozinho até o mercado. Haha.

“Vou pedir para o assistente cuidar de Bieow por mim.”

“Entendido. E sobre a reunião com o chefe às seis, qual o plano?”

“Hum… acho que consigo voltar a tempo, sem problemas.”

“Certo. É um assunto urgente, chefe?”

“Não muito urgente. Melhor dizer que é algo que eu quero fazer mesmo.”



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