Capítulo 08.1
Na manhã seguinte, os dois jovens já estavam sentados no carro.
Fonuma também acordou cedo, para despertar a filha logo de manhã.
Depois do que aconteceu ontem, a jovem disse a ela, no quarto, que hoje Lalin chegaria a Bangkok mais cedo e voaria para Chiang Mai, para continuar o caminho até Lamphun, a fim de recolher a água sagrada do quarto templo.
Mas, além de Fonuma, mais alguém acordou e viu os preparativos para a viagem.
— Para onde vocês vão? — Intra desceu as escadas em um robe de seda por cima de mais uma camada de pijama, e deu um sonoro “bom dia” a todos.
Fonuma, Thapakorn e Savin trocaram olhares constrangidos diante da saudação de Intra.
— Vamos para Bangkok — respondeu Thapakorn, apenas por educação, porque sabia que, se pedisse a Savin para responder, isso se transformaria em uma interminável “onda bondosa de rádio”.
— Vão para Bangkok? O que vocês vão fazer lá? — perguntou Intra, aproximando-se, movida pela curiosidade.
— Tia Inn, será que a senhora não poderia não se intrometer? — Savin perdeu a paciência e se irritou.
— Ué! Que pergunta estranha. Como eu poderia não me preocupar? Você está indo pela segunda vez a Bangkok, sozinha com um rapaz. Imagine se, nesse meio tempo, o sobrinho Win acorda e pergunta de você. O que eu vou responder a ele?
— Como se fosse tão difícil! Deixe a mamãe dizer a ele! Além disso, Pi Win não vai perguntar nada para você! Porque...
— Mas Lin se parece demais com Win, Nonn. Eu nunca pensei que Lin fosse parecer tanto com o irmão, e especialmente quando discute com Intra. Ela é exatamente como Win. Não é? — repetiu Fonuma, preocupada.
— Win provavelmente queria deixar algum recado para Lin, para a tia Fon e para mais alguém. Agora Lin precisa cuidar do rancho no lugar de Win. Mesmo que Tha não tivesse vindo ajudar, e Lin tivesse que fazer tudo no lugar de Win, ela teria que repetir alguns gestos dele. Caso contrário, como a jovem poderia administrar centenas de trabalhadores? Não é verdade? — as palavras de Chanon foram muito convincentes, e ele era médico, um homem que havia lidado com ciência por toda a vida. Isso foi suficiente para que Fonuma se sentisse mais tranquila.
— Deve ser como você diz, Nonn...
— O que eu disse é, com certeza, a verdade. Essas coisas podem ser explicadas pela ciência, tia Fon. Sobrenatural, como nos romances... ooooh... impossível! — disse Chanon, muito aflito, porque sabia muito bem o que Tha e Savin estavam passando. Nenhuma ciência poderia explicar. Isso era, sem dúvida, obra do destino.
— E Win... hum... você quer dizer que Lin já encontrou Tha? — perguntou Chanon, levando a mãe do amigo para a enfermaria de Savin.
— Sim. Certifique-se de que desta vez eles sigam para o norte, para Lamphun e Lampang.
— Já é o quarto templo, impressionante — murmurou Chanon, no último comentário. O que ele disse realmente era incrível. Savin, que odiava Thapakorn há tantos anos, conseguiu aceitar a ajuda dele para encontrar a água sagrada. Os dois já haviam passado por três templos, e o próximo já era o quarto.
— Impressionante?
— Eu não consigo acreditar que... hum... que tudo aconteceu tão rápido. Tha é o tipo de pessoa que sabe planejar viagens, o que ajuda a passar por...
— Sente-se aqui e espere. Quer comer alguma coisa? — Thapakorn se voltou para a jovem com a pergunta. O rosto dela vacilou. Thapakorn saiu, deixando Savin sozinho à mesa, de olhos arregalados. O lugar era bastante espaçoso, cada mesa tinha uma divisória que garantia privacidade, então não havia desconforto. Mas, mesmo assim, já era suficiente saber que os colegas de Thapakorn pareciam ter interesse especial nele.
Ele provavelmente nunca trouxe ninguém aqui, então todos estão olhando para mim!
Enquanto isso, Savin observava a mesa de Thapakorn. Apesar de coberta de documentos, estava organizada. Não havia fotos de mulheres, nem fotos de família, nem dele mesmo. Era a mesa simples de um homem. Não havia sequer uma foto de Lalin, a moça com quem ele deveria se casar.
Ou será que ela estava escondida em uma gaveta?
A mão trêmula puxou bruscamente a gaveta, que felizmente não estava trancada. Abrindo-a, Savin começou a remexer entre alguns papéis, na esperança de encontrar algo “de valor”.
— Procurando alguma coisa? — O som forte e entrecortado fez com que quem mexia em segredo na gaveta se sobressaltasse e erguesse os olhos, mas quem falava não estava à vista. Era Thapakorn, o dono daquela mesa.
— E-eu... bem... eu...
— É uma mesa de trabalho. Não tem nada de valor, então não adianta pensar em roubo — disse a alta figura, colocando uma xícara de cacau quente diante de Savin, antes de estender a mão, recolher os papéis espalhados na mesa e se dirigir ao chefe. Os grandes olhos de Vin acompanharam o homem, antes de baixar o olhar para a xícara de cacau quente. Ele olhou para a gaveta aberta, que só continha documentos. Não havia outros valores que ele pudesse procurar em Tha. Por fim, decidiu fechá-la.
— Pi Pat? Essa é a irmã do meu amigo, eu já te falei sobre ela — disse Thapakorn. A jovem prestou continência ao chefe dele. Parecia um encaixe perfeito de quebra-cabeça, completando a cena.
— É? Veio a Bangkok? Há muitos lugares para visitar aqui, não é? E sobre o seu parente em Chonburi, que foi atropelado? Você deveria ter ido ajudá-lo, não? Como ele está agora?
— Hm... bem... ainda está estável — respondeu Thapakorn, concordando apenas por concordar.
— Vamos deixá-lo se recuperar primeiro. Ainda há tempo de licença. Enquanto isso, ajudamos assim. Não é nada demais.
— Sim, obrigado, Pi. Primeiro vou pedir desculpas — Thapakorn, com medo da resposta, apressou-se em procurar uma saída, encontrando refúgio no gesto de cumprimento. Savin, repetindo o movimento, ergueu as mãos em reverência e depois seguiu para o elevador. E foi nesse momento que Lin, andando atrás dele, fez a pergunta:
— Você disse a ele que somos parentes?
— O que queria que eu dissesse? Que meu amigo sofreu um acidente e eu precisei pedir folga no trabalho para voltar e ajudá-lo no rancho? Outras pessoas perguntariam: “Mas o amigo não tem parentes? Por que você tem que ir ajudá-lo?” — o raciocínio de Thapakorn soava bastante plausível. Chamar Savin de parente e dizer que precisou voltar para ajudá-lo a cuidar do rancho depois do acidente era uma boa explicação.
— E quando foi visitar Lin no hospital? Por que tirou licença do trabalho? — insistiu Savin, deixando as pessoas atônitas, já que ninguém do escritório sabia que Thapakorn iria se casar com Lalin. Todos pensavam que ele era solteiro. Quando o irmão e a irmã sofreram o acidente, assim que Fonuma ligou, o homem imediatamente telefonou para o chefe pedindo dispensa, dizendo que havia uma urgência e que precisava voltar a Chonburi. Pat provavelmente ficou chocado com o telefonema repentino de Thapakorn com um pedido daqueles, e por isso não fez mais perguntas. Tha também não explicou nada, porque estava em choque e preocupado... com Savin... e Lalin.
— Bem... se fosse um dia de folga comum, Pi Pat não teria perguntado nada — respondeu Thapakorn justamente quando a porta do elevador se abriu. Savin entrou em silêncio, mas a mente estava cheia de perguntas. Assim que voltaram para o carro, ele perguntou em tormento:
— Tenho mais uma pergunta... Por que justamente agora, quando você apresentou “Lin”? Você não disse que ela era sua namorada. Por que disse que era apenas irmã do seu amigo? — a mão de Thapakorn, que segurava o volante para dar partida no carro, parou no ar.
— Você nunca pensou em se casar com Lin. Nem você, nem ela realmente se amam. Você nunca a trouxe aqui, nunca a apresentou a ninguém como sua noiva...
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